O EFEITO DO RACISMO NO JOVEM BRASILEIRO: a necessidade da afirmação da identidade e de atitudes.
Prof.: David Bandian
No Brasil e em outros lugares do mundo, (em especial na América espanhola e portuguesa), o Movimento Negro se inicia ainda no Brasil colonial, quando cidadãos africanos: comerciantes, advogados, sacerdotes, mulçumanos, professores, camponeses e outros foram capturados dentro de suas cidades, aldeias e vilas ou por europeus (geralmente espanhóis e portugueses) ou por traficantes negros (reis e comerciantes de escravos africanos), depois trazidos contra a sua vontade para as Américas por traficantes negreiros pelo atlântico para o trabalho forçado por décadas e as vezes pela vida toda.
Mas é somente no século XX, que o Movimento Negro ganha maior visibilidade e se espalha pelo mundo onda a injustiça social do racismo se manifesta.
Nos EUA esse movimento começa com o pastor batista, Martin Luther King Jr e o rapper americano Malcom - X, que organizam e lideram um grande movimento de contestação da política de segregação racial nos EUA nas décadas de 1950 e 1960.
Onde negros e brancos não podiam frequentar os mesmos espaços sociais e serviços públicos pois havia: escola para brancos, escolas para negros, ônibus para brancos e ônibus para pretos e assim sucessivamente. Além da proibição, do acesso a certos espaços por parte da população negra, como por exemplo o acesso às universidades por mulheres pretas.
A mesma política de segregação racial também ocorreu na África do Sul, onde o ativismo negro foi liderado pelo advogado Nelson Mandela. Luta que durou até os anos de 1990 quando foi eleito presidente.
De maneira que, não podemos negar que os efeitos da discriminação racial e do preconceito, como política de Estado nessas nações, atingem até hoje essas populações, e no Brasil não é diferente.
Diferentemente de outros lugares, a abolição aqui no Brasil, não reparou social e economicamente os libertos. Enquanto nos EUA, os libertos receberam como indenização, o que na época era considerado o mínimo necessário para uma família ou um cidadão recomeçar e sobreviver, (pequeno lote de terra e algumas cabeças de gado), aqui no Brasil foram lançados a própria sorte.
Ou seja, alguns até permaneceram trabalhando na fazenda onde viviam por não ter uma política de assistência social para atendê-los, nesse primeiro momento de sua nova condição política, econômica e social.
Assim, a desigualdade socioeconômica e cultural das populações negras na América Latina se reproduziu no curso do tempo, de avô para o pai e deste para os filhos e netos, nos últimos 130 anos da abolição. Pois pobre, não deixa herança cumulativa para herdeiros além do analfabetismo e da miséria.
Resultado: favelas, analfabetismo em massa, subemprego e desemprego, pobreza e miséria, conduzindo grande parte da juventude preta e parda para atividades ilícitas e por consequência acabam engrossando a população carcerária do país. As senzalas modernas. (segundo o IBGE, de cada 3 assassinatos de jovens entre 15 e 24 anos, 2 são de negros).
De maneira que há no Brasil e em outros lugares, um racismo que é estrutural, está enraizado na base da sociedade que insiste em manter a população negra em espaços sociais secundários, sejam espaços de estudo, trabalho, lazer e vivência. Seja por temor de sua miséria se reverter em assalto ou roubo, seja por desconforto em conviver com grupos na sua maioria proveniente das camadas mais baixas da população.
Tudo isso tem efeitos negativos na formação de nossos jovens de etnia africana no Brasil. Pois o histórico de seus ancestrais é de opressão, exploração e miséria. É comum, vermos jovens negando sua origem, sua cultura e se adaptando a cultura branca para evitar o racismo e o preconceito.
Seja, modificando esteticamente o cabelo ou raspando-o, seja pela negação de sua cultura em termos de vestuário, adornos e atitudes, seja frequentando religiões de outras matizes, consumindo música, arte e símbolos diferentes, negando-se a ser reconhecido como negro, e em alguns casos, até mesmo negando a existência do racismo, como uma forma de tentar escapar de tal situação ou amenizar o desconforto. Mesmo depois de inúmeros atos praticados contra seu semelhante e da constatação de inúmeros atos de resistência de seus irmãos de sangue.
Não podemos culpá-los. São vítimas tanto quanto, os que enfrentam e encaram o preconceito e a discriminação com coragem, sensatez e firmeza jurídica, política e humanitária.
Todos os movimentos negros organizados pelo mundo tem entre outras bases 2 que são importantes para ajudar a comunidade negra internacional a superar esse estado de coisas: - a primeira é a da conscientização dos jovens negros da importância de se auto afirmaram com negros, reconhecendo a complexidade, dignidade e importância de sua cultura, no sentido de ajuda-los a entender que os negros tem sua estética, sua beleza própria, sua arte, sua literatura, sua técnica, sua ciência, seus símbolos, suas habilidades e capacidades múltiplas para contribuir com a sociedade em todos os setores da produção e organização social, elevando assim, sua elevando sua autoestima; - a segunda, se dá a partir da aquisição da consciência de sua significância para o desenvolvimento do país participar das discussões, das lutas, da militância social e política de grupos organizados ou não para a conscientização do restantes da sociedade que insiste em segregar e discriminar não só pretos e pardos, mas também outras minorias como pobres, gays, deficientes físicos, estrangeiros, agnósticos, ateus e outras minorias.
Portanto, aceitar a si, reconhecer sua identidade histórica e lutar por si é uma atitude política, coerente com seu existir no mundo, além de digna e necessária a todos que sofrerem por qualquer tipo de preconceito e discriminação, até que a sociedade a prenda que o preconceito não é algo natural é algo aprendido na convivência social e que podemos sim reaprender a conviver com a diversidade étnica, religiosa e cultura de um país multicultural e diverso em geografia e cultura.
Assim, desejo a todos que se identificam com a causa: força, coragem e sensatez para a abertura do diálogo político e jurídico com grupos e indivíduos ainda intolerantes, para a convivência plural, tendo em vista a manifesta necessidades deste de nossa ajuda conceitual, política e espiritual para alcançarem níveis superiores de sua própria consciência.