O fascismo não acaba fácil
Donald Trump, nos seus último dias de poder – e já nem tanto poder assim – naufraga como um cruzador, exibindo suas armas, embora a couraça esteja irremediavelmente rompida.
Mas esta Stultifera Navis, capitânia de uma frota que perambula pelo mundo inteiro e que se estabeleceu no “mar” do Planalto Central sob os auspícios da mídia, do dinheiro e do Exército, ainda fará brotar muitas borbulhas fétidas até que volte às profundezas abissais de onde saiu.
Ontem, em Washington, está aí na foto, um grupo de Proud Boys – aquele grupo racista elogiado por Trump no primeiro debate com Joe Biden – provocou conflitos de rua que resultarem em quatro pessoas esfaqueadas, por conta do inconformismo com a derrota eleitoral.
Derrota que não os fará deixar de existir, de urrar, de sabotar, de agredir, de permanecerem como sementes do ódio prontas a brotar regadas por qualquer crise.
Tal como lá, ainda as haverá aqui, quando tiver passado o pesadelo que nos assombra.
Mas como iremos recusar o fascismo se, não tem ainda dois anos, o tal “centro democrático”, a grande mídia e o dinheiro grosso se uniram para levá-lo ao poder?
Embora a ação prática não deva recusar arrependidos, as ideias de “frente ampla” que simplesmente ignorem o que se fez há dois verões passados não nos defenderão destes grupos incompatíveis com a democracia e com a civilização.
Não pode ser uma negação apenas circunstancial, mas um compromisso permanente em não deixar que isto volte.
Quem admitir o “talvez” não pode estar junto de quem diz não.
Fernando Brito-Tijolaço