A explosão de uma nação

A explosão de uma nação

Publicado no jornal Zero Hora de 10 de dezembro

O Brasil pode “explodir”, paralisando parcela da economia, tumultuando o ambiente social e político, com a eclosão de confrontações violentas, inviabilizando a nação, suas Instituições e o processo democrático. Tal situação é o fruto da conjunção de vários problemas num mesmo momento:

- as contas públicas desequilibradas, (a dívida do país pode superar, em 2021, 100% do PIB), apontam para atrasos no pagamento de salários dos servidores públicos, de contratos e a ausência de investimentos;

- o desemprego de 14 milhões de pessoas, sem contar com os desalentados e os empregos precários, cerca de outros 14 milhões - não haverá ocupação para todos, por falta de investimentos e uso de tecnologias que substituem a mão de obra;

- a pandemia do Covid 19 continuará a afetar a sociedade, dificultando a atividade econômica, exigindo grande esforço modernizador dos serviços de saúde pública e intensa operação de vacinação;

A sociedade deve estar consciente de que será necessário aumentar os impostos federais, estaduais e municipais, de tal forma que se possa aliviar as contas desses entes federativos. Não há outra solução rápida, como o problema requer, apesar da carga tributária já ser muito alta.

O Estado brasileiro precisa conter seus gastos, principalmente os altos salários de alguns setores dos três poderes, as renuncias fiscais e vários benefícios que, na atual situação, são imorais. Repensar o consagrado princípio jurídico do direito adquirido é uma necessidade urgente, pois, como atualmente é interpretado, inviabilizará, por exemplo, o equilíbrio do sistema previdenciário nos próximos anos, com a continuidade de altas aposentadorias e pensões, ainda por décadas.

A sociedade deverá se adequar a novos padrões de organização e comportamento em padrões muito mais austeros.

Estamos vivendo os instantes de um ponto de inflexão histórico: ou enfrentamos os problemas citados com urgência, competência e justiça, ou enfrentaremos o caos.

É inaceitável a omissão das elites nacionais.

Eurico de Andrade Neves Borba, 80, ex-professor da PUC RIO e ex- Presidente do IBGE, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, RS. eanbrs@uol.com.br