Com quem andas?
Existe um ditado muito antigo que serve de alerta aos desavisados da vida: “Dize-me com quem andas que direi quem tu és...”. Principalmente em época de eleições nesse País, por conta da recorrente indiferença popular e por mais que os noticiários desvelem casos de desmandos e corrupção envolvendo detentores de cargos eletivos, ainda existem aqueles que insistem em cair na surrada cantilena verborrágica dos políticos profissionais, os que dificilmente largam o osso. Seja através do panfleto chamativo, colorido e bem elaborado, seja pela conversa meticulosamente ensaiada acompanhada por um sorriso franciscano, calibrada para as diferentes personalidades de cada eleitor, eis que os candidatos se desdobram para atrair a atenção e obviamente, o voto dos indecisos. Nesse pleito em especial, o trabalho de persuasão deverá ser um pouco mais incisivo por conta da pandemia do coronavírus, que certamente deixará o eleitor mais arredio.
O questionamento, portanto, é pertinente nesse momento. Com quem andaremos pelos próximos quatro anos? O que esperarmos dessa imensidão de candidatos, sabidamente a esmagadora maioria desprovida de objetivos definidos? Como escolher sabiamente nossos representantes, se escancaradamente são utilizados e manipulados apenas para atender a interesses outros que não os legítimos anseios e necessidades da coletividade? Como acreditar em um sistema eleitoral que permite 33 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma mescla completamente antagônica e totalmente desnecessária, mas absolutamente todos de olho no malfadado Fundo Partidário, custeado, obviamente, com recursos públicos? Por que então acreditar em promessas fantasiosas e inescrupulosas dos candidatos aos cargos municipais, se a falácia costumeira se revelará durante o exercício do mandato, e assim sucessivamente? Como avaliar se as intenções dos que se propõem a oferecer melhores condições de vida para a sociedade são realmente verdadeiras ou apenas mais um engodo sazonal? Como separar o joio do trigo se comprovadamente não existem limites quando o assunto é apoio político, no momento em que determinados candidatos saltam de galho em galho, ao sabor das conveniências, sem se preocuparem com qualquer tipo de coerência, reconhecidamente um pré-requisito mínimo necessário para o exercício de cargo público? Por que deveríamos confiar na palavra daqueles que, em outros carnavais e por interesses pontuais, disputaram abraçados jurando fidelidade e agora espalham notícias desabonadoras sobre seus atuais desafetos? Devemos creditar tudo isso às diferentes nuances da política brasileira ou seria mais um indicativo relevante no momento da destinação do voto?
Por mais desalentadora que a situação política atual possa parecer, o eleitor deve fazer o possível para comparecer à sua sessão eleitoral e concretizar seu compromisso cívico. A verdadeira democracia se estabelece e se consolida quando todos os envolvidos se empenham em atingir os mesmos objetivos. E no dia 15 de novembro, exercendo nossa plena cidadania, estaremos contribuindo para a construção de uma nação mais justa.