A extinção do Homo sapiens criativus

A Extinção do Homo sapiens criativus.

VALÉRIA GUERRA REITER

Os paradigmas tecnológicos com seu viés empresarial vem subjugando a mentalidade criativa do ser humano. Torno a reiterar, o quanto é desconfortável (para determinada parcela de discentes) espectar e expectar aulas de jornalismo que vendem o modelo tecnológico como salvador do mundo. Usando frases como: "hello meu pessoal chic, estou fazendo uma obra na minha casa, e as fechaduras que vou usar são incríveis e inteligentes, mas são caras", ou "como é massa "gente" ter sua capacidade de produzir sendo medida pela tecnologia em favor da meritocracia, gente é tudo de bom, não acham"

Dormir nas cavernas, foi uma conquista tecnológica, e sem dúvida, a busca por conforto, nada mais é que a "velha e boa" adaptação do sujeito ao Meio; e isso já demonstra o quanto a cognição humana evolui. O fragmento abaixo, que integra uma das Antologias da Perse demonstra o quanto há dilema na sobrevivência da ética.

SER HUMANO

"Surgimos dentro de um mar tão primitivo, através de uma grandiosa explosão, que gerou todo o universo, que ainda tão mal conhecemos... Depois, de alguma forma evoluímos; a partir de um coacervado tão simples...

Após tantas mudanças mutantes, chegamos a andar sobre os dois pés; quebrando o convencional, que por tantos milhões de anos fora o trivial entre as outras espécies do mundo animal.

Um dia levantamos nossos pés da terra africana berço de nosso surgimento, e caminhamos eretos e resolutos rumo ao inexplorado, e já levávamos conosco: as ferramentas que já havíamos confeccionado para nos auxiliar nas mais variadas necessidades e apetites.

Depois que o nosso pelo caíra, o nosso funcionamento cerebral: levou-nos a criar o elemento fogo para nos aquecer... Já fazíamos a diferença no mundo.

No entanto, ao nos depararmos com outra tribo, menos eficiente, e mais forte, nos sentimos intimidados e superiores, e então surgia: a volúpia, o ego, e a sede de poder... Foi então que exercitamos pela primeira vez a luta corporal interespecífica e passamos a ser a única espécie humana da Terra.

Nossos mortos, já não eram abandonados, jazendo sem um funeral, nós o adornávamos e chorávamos por eles - nosso sentimento surgia... E nosso egoísmo crescia e permanecia ao lado dele, especialmente quando matamos o Deus, que se fez carne para nos salvar...

E hoje perguntamos: seríamos o mal resultado de uma experiência, a luta do bem contra o mal, ou apenas uma espécie prestes a desaparecer?

Ninguém na face deste planeta ainda consegue responder, mas eu pergunto a todos: será que somos melhores que os dinossauros; que viveram felizes aqui, o maior tempo descrito, aproximadamente Sessenta e cinco milhões de anos... sem ferir o ecossistema; e sem matar por poder."

E após esta degustação poética, voltamos a falar da nossa "criatividade", que atualmente vem sendo cancelada através da massiva publicidade do lema: FORA DO CAPITALISMO DE VIGIL NCIA NÃO HÁ SALVAÇÃO. Através do submundo das IOTS: deveremos "ter" e não "ser". Será que estamos forjando uma existência onde possuir coisas nos faz mais inteligentes?

O mercado de professores que se tornam mestres, doutores ou pós-doutores; "copiando e colando" de seus pares (que também exercem tal prática) cresce vertiginosamente, e é esta espécie que prega que ser reflexivo é um ato de vandalismo frente às maravilhas que a "internet das coisas" pode nos proporcionar.

E realizam suas videoaulas ostentando suas salas bem montadas, com belos sofás e outros mobiliários luxuosos. As universidades estão utilizando o paradigma vigoroso da "unanimidade dos conceitos": que escolhe a dedo quem poderá ingressar em um mercado que fecha às portas na cara do Homo sapiens criativus. O texto "Ser Humano" acima citado foi escolhido para integrar Coletânea de editora comprometida com a práxis da reflexão. No entanto, ouvi de outro mercado, onde ele fora publicado também, o seguinte: "O texto irá ser publicado aqui na agência, pelo fato de ser muito bom, mas nosso viés agora é dar voz a temática das IOTS; e tomando como base as nossas explanações nas lives de quintas-feiras". E pasmem a referida agência é de cunho ambientalista. Pois é, meus amigos leitores, estamos caminhando para o precipício da falta de liberdade e criatividade de expressão. O poço de piche aguarda os intelectuais.

Será que a Internet das Coisas poderá salvar o intelecto humano, ou realmente seremos reduzidos a simples autômatos degenerados?

"Definir é limitar"

Oscar Wilde.

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Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 10/10/2020
Reeditado em 17/12/2020
Código do texto: T7084288
Classificação de conteúdo: seguro
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