MUDANÇA DE HISTÓRIA
Não é preciso ser fã de telenovelas para se ter idéia do porque os autores costumam fazer os mocinhos sofrerem durante a trama toda e só no final se dar bem. É que todo bom autor sabe que a nossa estrutura sentimental está fundamentada na esperança de que, no fim, tudo dê certo.
Mas como nas novelas tudo sempre acaba bem, dois dias depois já nos esquecemos como foi que ela terminou. Já a história de Romeu e Julieta continua a dar IBOPE até hoje. Ela faz sucesso porque acabou mal. Se Shakespeare tivesse bolado um final diferente para ela, fazendo os jovens terminarem juntos e felizes para sempre, ninguém se lembraria mai deles. Mas como tudo deu errado, o nosso inconsciente, a cada vez que assistimos ao drama dos jovens amantes de Verona, vive esperando que, um dia, o final possa ser diferente.
Talvez tenha sido por isso que Jesus escolheu terminar sua missão daquele modo. O que teria acontecido se Pilatos fosse um juiz corajoso e justo, defensor dos direitos humanos, e enfrentasse o Sinédrio judeu? Se ele libertasse Jesus e permitisse que ele continuasse a pregar suas idéias até a velhice, morrendo de morte natural, rodeado de filhos e netos, como naquele romance do Níkos Kazantzákis, que quase matou os cristãos ortodoxos de raiva? Quem já ouviu falar de um cara chamado Simão Cananeu, o Mago da Galiléia? Pois esse cara viveu na mesma época de Jesus e foi, em vida, mais famoso que ele. Ninguém fala dele hoje, mas Jesus se tornou super star. O que queremos dizer é que a nossa mente tem o estranho costume de arquivar rapidamente o que deu certo e a mania de querer “consertar” o que deu errado. Por isso fica a remoer mágoas passadas, a lamentar pelas coisas que não fez, pelas decisões que não tomou, pelas palavras que não disse, como que a querer encontrar um novo final para as coisas erradas que acontecem no nosso dia a dia.
Mas a vida não é uma novela e nós não precisamos de experiências fracassadas para serem recordadas para sempre. Por isso seria bom ensinar nossa mente a não cultivar essa mania de querer construir “finais felizes” para histórias que terminaram mal. Enterremos nossos erros e nossos mortos para podermos escrever mais histórias com finais felizes. Não temos que andar pela vida como se estivéssemos acompanhando nosso próprio funeral, como o personagem de Vida e Morte Severina. Isso vale também para a nossa vida política. Muitos políticos tiveram a oportunidade de fazer a diferença e se não fizeram não vão fazer agora. Quem faz as coisas sempre do mesmo jeito só pode obter sempre o mesmo resultado. A hora é de mudar. Aproveitemos a oportunidade para não termos que ficar lamentando depois.
Não é preciso ser fã de telenovelas para se ter idéia do porque os autores costumam fazer os mocinhos sofrerem durante a trama toda e só no final se dar bem. É que todo bom autor sabe que a nossa estrutura sentimental está fundamentada na esperança de que, no fim, tudo dê certo.
Mas como nas novelas tudo sempre acaba bem, dois dias depois já nos esquecemos como foi que ela terminou. Já a história de Romeu e Julieta continua a dar IBOPE até hoje. Ela faz sucesso porque acabou mal. Se Shakespeare tivesse bolado um final diferente para ela, fazendo os jovens terminarem juntos e felizes para sempre, ninguém se lembraria mai deles. Mas como tudo deu errado, o nosso inconsciente, a cada vez que assistimos ao drama dos jovens amantes de Verona, vive esperando que, um dia, o final possa ser diferente.
Talvez tenha sido por isso que Jesus escolheu terminar sua missão daquele modo. O que teria acontecido se Pilatos fosse um juiz corajoso e justo, defensor dos direitos humanos, e enfrentasse o Sinédrio judeu? Se ele libertasse Jesus e permitisse que ele continuasse a pregar suas idéias até a velhice, morrendo de morte natural, rodeado de filhos e netos, como naquele romance do Níkos Kazantzákis, que quase matou os cristãos ortodoxos de raiva? Quem já ouviu falar de um cara chamado Simão Cananeu, o Mago da Galiléia? Pois esse cara viveu na mesma época de Jesus e foi, em vida, mais famoso que ele. Ninguém fala dele hoje, mas Jesus se tornou super star. O que queremos dizer é que a nossa mente tem o estranho costume de arquivar rapidamente o que deu certo e a mania de querer “consertar” o que deu errado. Por isso fica a remoer mágoas passadas, a lamentar pelas coisas que não fez, pelas decisões que não tomou, pelas palavras que não disse, como que a querer encontrar um novo final para as coisas erradas que acontecem no nosso dia a dia.
Mas a vida não é uma novela e nós não precisamos de experiências fracassadas para serem recordadas para sempre. Por isso seria bom ensinar nossa mente a não cultivar essa mania de querer construir “finais felizes” para histórias que terminaram mal. Enterremos nossos erros e nossos mortos para podermos escrever mais histórias com finais felizes. Não temos que andar pela vida como se estivéssemos acompanhando nosso próprio funeral, como o personagem de Vida e Morte Severina. Isso vale também para a nossa vida política. Muitos políticos tiveram a oportunidade de fazer a diferença e se não fizeram não vão fazer agora. Quem faz as coisas sempre do mesmo jeito só pode obter sempre o mesmo resultado. A hora é de mudar. Aproveitemos a oportunidade para não termos que ficar lamentando depois.