POLITICA E RELIGIÃO CONTEMPORÂNEAS
Introdução
1. Se vivêssemos numa sociedade mulçumana, não teríamos dificuldade em perceber a estreita relação entre política e religião. Em alguns casos, o fundamentalismo islâmico chega ao ponto de usar o Estado como agente repressor de qualquer contestação.
2. Se estivéssemos em outro período da história ocidental também não teríamos essa dificuldade, porque o catolicismo se servia do Estado para estender seus braços e impor suas doutrinas, crenças e práticas.
2. Estando no Brasil, onde atualmente se faz o discurso da democracia laica, essa relação entre religião e política é negada e até constitucionalmente rejeitada. Por isso, para entender o que realmente acontece entre nós, faz-se necessário um levantamento de nossa história.
Desenvolvimento
1. No passado distante, a relação entre política e religião chegava a ser constitucional. Isto significa que no caso brasileiro, como o catolicismo era a religião predominante, os políticos católicos que governavam promoviam a relação deles com o clero, objetivando manter o poder e manter o povo no catolicismo. Com a mudança posterior, na constituição, houve uma separação que está em vigor até hoje. O Estado laico foi estabelecido e simultaneamente houve aumento dos fiéis evangélicos. A separação tornou-se ainda mais clara entre catolicismo e governo, chegando ao ponto em que se encontra atualmente.
2. Nesse longo período histórico, observando também a ótica ideológica, em um certo momento, o modelo marxista começou a ser buscado para ser aplicado no Brasil, principalmente em benefício da maioria do povo pobre, em razão da desigualdade social. Essa proposta, todavia, foi abortada pela revolução militar de 1964, liderada principalmente pela classe média e rica. O golpe militar deixou os comunistas e socialistas frustrados em seus objetivos ideológicos, econômicos e sociais.
3. Uma vez que política e ideologicamente não foi possível, alguns religiosos católicos e protestantes entenderam que tal sonho poderia se tornar possível através da Teologia da Libertação. Esta iria trazer o marxismo pela via religiosa. Todavia, com o fim da União Soviética, a queda do muro de Berlim e o enfraquecimento de Cuba – modelo latino americano de marxismo – a Teologia da Libertação também perdeu sua força e não tem mais nenhuma influência relevante. A Teologia da Libertação seria a alternativa para que finalmente o modelo religioso cristão em parceria com o modelo marxista pudesse promover o desenvolvimento do país e a distribuição da riqueza nacional entre o povo pobre. Uma vez que o Brasil foi colonizado sob a influência do catolicismo, o país ao longo dos séculos não experimentou progresso econômico e nem desenvolvimento social. Diferentemente, na Europa e nos Estados Unidos, por causa da reforma protestante e da colonização evangélica, as nações tornaram-se desenvolvidas com povos prósperos. O que o catolicismo não havia promovido no continente latino-americano finalmente seria implementado pela parceria com o marxismo através da Teologia da Libertação. No entanto, tal sonho não ocorreu.
4. Se o marxismo não foi adotado pelo víeis político e nem religioso, o que teria existindo no Brasil em favor da grande população pobre, quer em termos políticos, quer em termos religiosos?
4.1. Politicamente, o Partido dos Trabalhadores, representante da classe operária, assumiu o poder político para proporcionar a essa parte da população a redistribuição da renda, o que procurou fazer principalmente através das “bolsas”. Não seguiu o modelo capitalista e nem marxista. Queria ser aparentemente democrático. O resultado dessa estratégia foi que o PT se manteve no poder pelo voto da maioria pobre e a maioria pobre se beneficiava das ações de caridade do PT, num círculo vicioso, até que os intestinos do partido revelaran uma incomparável corrupção e o mesmo perdeu seu espaço e poder, sendo seus líderes processados e presos.
4.2. Religiosamente, a produção teológica que desejava dar sugestões de rumos através da Teologia da Libertação não tem mais força. A Teologia Evangélica importada da Europa e dos Estados Unidos ficou restrita aos seminários, não ocupando seu lugar perante a sociedade.
4.3. O saldo foi o surgimento de uma liderança religiosa nacional, sem teologia acadêmica, que atrai multidões e promete benefícios através da cura de enfermidades e da libertação de demônios. A cura religiosa se tornou alternativa para as multidões desassistidas pelo Estado em seu ineficiente programa de saúde pública. O demônio se tornou o grande responsável pela miséria financeira, razão porque sendo libertos, os pobres poderiam se tornar prósperos, o que tem sido retroalimentado pelos testemunhos veiculados pela mídia religiosa.
4.4. Líderes políticos chegaram ao poder através do voto dessa multidão de religiosos carismáticos, dos militares e dos antipetistas e em nome da fé cristã propõe uma nação conservadora, moralista e temente a Deus.
Conclusão
Todo este cenário nos leva a indagar: Qual será no futuro próximo e distante o destino de nosso país e do nosso povo? Acredito que se fizermos uma oração semelhante à de Daniel, certamente Deus nos abençoará, em nome de Jesus Cristo. Daniel disse: “Ó Senhor grande e tremendo que guardas o pacto e a misericórdia para com os que têm amam e guardam os teus mandamentos. Pecamos e cometemos iniquidade, procedemos impiamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus preceitos e tuas ordenanças... A Ti, Senhor, pertence a justiça, as a nós a confusão de rosto, como hoje se vê aos homens de Jerusalém e aos moradores de Judá e em todos Israel, aos de perto e aos de longe, em todas as terras para onde os tens lançado por causa das suas transgressões que cometeram contra ti. Ao Senhor nosso Deus pertencem a misericórdia e o perdão, pois nos rebelamos contra ele... Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. Ó Senhor, ouve ó Senhor, perdoa ó Senhor, atende-nos e põe mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome” (Daniel