TERRIVELMENTE EVANGÉLICO
A Bíblia é o livro mais completo que já foi escrito até hoje. Justifica-se que seja considerado inspirado, não como uma indiscutível mensagem divina comunicada a uns poucos escolhidos, mas como um verdadeiro glossário de bons valores postos á disposição do ser humano para que ele possa fazer a melhor escolha para sua vida.
Dela se pode extrair uma imensa variedade de leituras. Pobre daquele que quiser lê-la a partir de uma única visão. Seu resultado será sempre uma imagem unilateral que o conduzirá, inevitavelmente, a um fundamentalismo pernicioso que fará dele um fanático intolerante e perigoso.
O fanatismo geralmente é fruto da falta de perspectiva que algumas pessoas impõem a si mesmas pelo fato de olharem o mundo por um único ângulo de vista. A interpretação da vontade de Deus não está escrita em livro algum, mas sim, na cabeça de quem os lê.
Por isso é inquietante essa fixação do presidente Bolsonaro em relação aos valores cristãos, professados pelos evangélicos da sua linha de pensamento. Essa preocupação se torna mais patente em face da necessidade de indicação do próximo ocupante da cadeira de Ministro do STF, no lugar do decano Celso de Melo, que se aposenta compulsoriamente este ano.
Bolsonaro já disse, em mais de uma oportunidade, que o indicado será alguém “terrivelmente evangélico”. O que significa essa expressão? Na estrutura jurídica do Estado brasileiro, os magistrados do STF têm, como função, a guarda da Constituição. Isso significa que são juízes que devem julgar os casos que são apresentados nesse tribunal de acordo com os postulados eleitos pelos constituintes que elaboraram a nossa Carta Magna. Esses constituintes foram eleitos pela população do país, o que pressupõe que a Constituição espelha a vontade do povo do país. A pergunta que se faz, nesse caso, é a seguinte: Pretende o presidente da República renegar a Carta Magna do país e passar a balizar os julgados da Corte Excelsa pela Bíblia? Ou por outra, já que ele parece eleger os evangélicos do seu grupo sectário como os únicos detentores da virtude e verdadeiros praticantes dos valores cristãos, estará o presidente pensando em substituir as cláusulas pétreas da Constituição, ou seja, os seus fundamentos basilares, pelos princípios desenvolvidos por Martinho Lutero nos seus manifestos, os quais se tornaram o fundamento da Reforma Protestante? Nesse caso a liberdade de pensamento seria substituída pela sola fide (somente a fé), o ordenamento jurídico pela sola scriptura (só a escritura), a liberdade de culto pelo solus Christus (só Cristo), a liberdade de escolha pela sola gratia (somente a graça) e a liberdade de amar pelo soli Deo Glória (só a glória de Deus). Bolsonaro precisa ser mais explícito em suas proposituras. Há quinhentos anos atrás Lutero jogou a Europa na sua primeira guerra global com as suas propostas. A História está ai para ensinar-nos. Quem a esquece está condenado a revivê-la.
A Bíblia é o livro mais completo que já foi escrito até hoje. Justifica-se que seja considerado inspirado, não como uma indiscutível mensagem divina comunicada a uns poucos escolhidos, mas como um verdadeiro glossário de bons valores postos á disposição do ser humano para que ele possa fazer a melhor escolha para sua vida.
Dela se pode extrair uma imensa variedade de leituras. Pobre daquele que quiser lê-la a partir de uma única visão. Seu resultado será sempre uma imagem unilateral que o conduzirá, inevitavelmente, a um fundamentalismo pernicioso que fará dele um fanático intolerante e perigoso.
O fanatismo geralmente é fruto da falta de perspectiva que algumas pessoas impõem a si mesmas pelo fato de olharem o mundo por um único ângulo de vista. A interpretação da vontade de Deus não está escrita em livro algum, mas sim, na cabeça de quem os lê.
Por isso é inquietante essa fixação do presidente Bolsonaro em relação aos valores cristãos, professados pelos evangélicos da sua linha de pensamento. Essa preocupação se torna mais patente em face da necessidade de indicação do próximo ocupante da cadeira de Ministro do STF, no lugar do decano Celso de Melo, que se aposenta compulsoriamente este ano.
Bolsonaro já disse, em mais de uma oportunidade, que o indicado será alguém “terrivelmente evangélico”. O que significa essa expressão? Na estrutura jurídica do Estado brasileiro, os magistrados do STF têm, como função, a guarda da Constituição. Isso significa que são juízes que devem julgar os casos que são apresentados nesse tribunal de acordo com os postulados eleitos pelos constituintes que elaboraram a nossa Carta Magna. Esses constituintes foram eleitos pela população do país, o que pressupõe que a Constituição espelha a vontade do povo do país. A pergunta que se faz, nesse caso, é a seguinte: Pretende o presidente da República renegar a Carta Magna do país e passar a balizar os julgados da Corte Excelsa pela Bíblia? Ou por outra, já que ele parece eleger os evangélicos do seu grupo sectário como os únicos detentores da virtude e verdadeiros praticantes dos valores cristãos, estará o presidente pensando em substituir as cláusulas pétreas da Constituição, ou seja, os seus fundamentos basilares, pelos princípios desenvolvidos por Martinho Lutero nos seus manifestos, os quais se tornaram o fundamento da Reforma Protestante? Nesse caso a liberdade de pensamento seria substituída pela sola fide (somente a fé), o ordenamento jurídico pela sola scriptura (só a escritura), a liberdade de culto pelo solus Christus (só Cristo), a liberdade de escolha pela sola gratia (somente a graça) e a liberdade de amar pelo soli Deo Glória (só a glória de Deus). Bolsonaro precisa ser mais explícito em suas proposituras. Há quinhentos anos atrás Lutero jogou a Europa na sua primeira guerra global com as suas propostas. A História está ai para ensinar-nos. Quem a esquece está condenado a revivê-la.