KARL MARX NA PANDEMIA
Se os ombros suportam o mundo, como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, os trabalhadores sustentam o capitalismo, aí incluídas as elites econômicas e as estruturas de governo. Até mesmo o cassetete que é usado quando apanham da polícia vem de recursos gerados pelos segmentos que produzem os bens de valor na sociedade.
Eu tenho visto muita gente desinformada ou mal-intencionada transformar teorias em alegorias, em prosopopeias, como se elas estivessem em gôndolas nas quais as pessoas lançam mão de acordo com sua índole e caráter. É muita simplificação, é desconhecer a complexidade das projeções internas e externas das relações humanas. Isso ocorre com o marxismo, que, seguidamente, é descaracterizado como práxis por representar o interesse da classe trabalhadora, a que tem o encargo de produzir a riqueza na coletividade. Claro que isso é contestado como premissa, mas é uma realidade de interesses, não de realidade fática.
Seguidamente, ouvimos dizer que o empresário é que gera o emprego, como se isso fosse um favor para aqueles que só têm sua força de trabalho a oferecer no mercado. Todavia, a pandemia veio mostrar que sem a mão de obra, a economia para. As lamúrias dos donos de negócios deixaram isso muito evidente. Bem que eles conseguem posar de benfeitores perante o senso comum quando recrutam trabalhadores dentro de um grande contingente de desempregados. Na verdade, esse contingente existe para rebaixar o valor dos salários, dentro daquela máxima de que o valor de alguma coisa depende da lei da oferta e da procura. Se um serviço está muito disponível em termos de quantidade, todos os que o oferecem precisarão cobrar menos. Assim, o montante de desesperados para trabalhar é fundamental para que os salários sejam aviltados, como o são no Brasil, que tem uma das piores distribuições de renda do mundo e onde seis pessoas ganham o equivalente à renda de cem milhões. Eu disse seis e cem milhões.
Mas se o segredo dos capitalistas é deixar milhões e milhões sem trabalho para pagar menos aos que empregam, eles não podem fazer isso com todo mundo, até porque eles, sozinhos, não geram nada. Foi o que se viu na pandemia. Os donos da bola implorando para os gandulas voltarem pro campo de jogo. A ideologia dominante não serviu de consolo.
Os bens, Marx já evidenciou isso, são produzidos a partir dos recursos da natureza, da força de trabalho humana e da técnica disponível em cada época. Isso implica um valor final, que seria aquele a ser cobrado no mercado. Todavia, se todos esses custos fossem fixos, o empreendedor não teria lucro. Desses itens, o único em que ele pode mexer é no salário, que remunera a atividade produtiva do assalariado. A diferença entre o valor final da mercadoria e o que ele deixa de pagar ao seu empregado constitui o seu lucro. Resumindo, se não se assenhorar desse trabalho, ele não ganha. Se houver distanciamento social e lockdown, seu produto perde seu componente principal e o único em que ele pode mexer a seu favor. Isso mostra que a divindade do capital de nada vale diante do paganismo da força de trabalho.
A obra de Karl Marx (1818-1883) continua a explicar muitas coisas para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. É o caso do "fim da história", um arranjo conceitual convenientemente posto para desfocar a ação de quem está no mundo comprometido em disseminar a centelha da rebeldia na revolução dos espezinhados.
Se os ombros suportam o mundo, como escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, os trabalhadores sustentam o capitalismo, aí incluídas as elites econômicas e as estruturas de governo. Até mesmo o cassetete que é usado quando apanham da polícia vem de recursos gerados pelos segmentos que produzem os bens de valor na sociedade.
Eu tenho visto muita gente desinformada ou mal-intencionada transformar teorias em alegorias, em prosopopeias, como se elas estivessem em gôndolas nas quais as pessoas lançam mão de acordo com sua índole e caráter. É muita simplificação, é desconhecer a complexidade das projeções internas e externas das relações humanas. Isso ocorre com o marxismo, que, seguidamente, é descaracterizado como práxis por representar o interesse da classe trabalhadora, a que tem o encargo de produzir a riqueza na coletividade. Claro que isso é contestado como premissa, mas é uma realidade de interesses, não de realidade fática.
Seguidamente, ouvimos dizer que o empresário é que gera o emprego, como se isso fosse um favor para aqueles que só têm sua força de trabalho a oferecer no mercado. Todavia, a pandemia veio mostrar que sem a mão de obra, a economia para. As lamúrias dos donos de negócios deixaram isso muito evidente. Bem que eles conseguem posar de benfeitores perante o senso comum quando recrutam trabalhadores dentro de um grande contingente de desempregados. Na verdade, esse contingente existe para rebaixar o valor dos salários, dentro daquela máxima de que o valor de alguma coisa depende da lei da oferta e da procura. Se um serviço está muito disponível em termos de quantidade, todos os que o oferecem precisarão cobrar menos. Assim, o montante de desesperados para trabalhar é fundamental para que os salários sejam aviltados, como o são no Brasil, que tem uma das piores distribuições de renda do mundo e onde seis pessoas ganham o equivalente à renda de cem milhões. Eu disse seis e cem milhões.
Mas se o segredo dos capitalistas é deixar milhões e milhões sem trabalho para pagar menos aos que empregam, eles não podem fazer isso com todo mundo, até porque eles, sozinhos, não geram nada. Foi o que se viu na pandemia. Os donos da bola implorando para os gandulas voltarem pro campo de jogo. A ideologia dominante não serviu de consolo.
Os bens, Marx já evidenciou isso, são produzidos a partir dos recursos da natureza, da força de trabalho humana e da técnica disponível em cada época. Isso implica um valor final, que seria aquele a ser cobrado no mercado. Todavia, se todos esses custos fossem fixos, o empreendedor não teria lucro. Desses itens, o único em que ele pode mexer é no salário, que remunera a atividade produtiva do assalariado. A diferença entre o valor final da mercadoria e o que ele deixa de pagar ao seu empregado constitui o seu lucro. Resumindo, se não se assenhorar desse trabalho, ele não ganha. Se houver distanciamento social e lockdown, seu produto perde seu componente principal e o único em que ele pode mexer a seu favor. Isso mostra que a divindade do capital de nada vale diante do paganismo da força de trabalho.
A obra de Karl Marx (1818-1883) continua a explicar muitas coisas para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. É o caso do "fim da história", um arranjo conceitual convenientemente posto para desfocar a ação de quem está no mundo comprometido em disseminar a centelha da rebeldia na revolução dos espezinhados.