REGIME MILITAR: A OPRESSÃO TRAVESTIDA DE ORDEM- I PARTE

O Brasil atravessou um dos piores momentos entre os anos de 1964 e 1985 através do governo imposto através do golpe militar. Foram tempos difíceis para quem ousava pensar, questionar, criticar. O governo cerceava toda e qualquer atitude ou possibilidade de ações que viessem a mostrar a verdade escondida sobre o movimento que gerou a vergonhosa ditadura militar no Brasil.

Cada etapa do fatídico processo que se estabeleceu sobre a política e a sociedade brasileira nos anos aqui citados, trouxe consigo pontos significativos sobre opressão, força, dominação, manipulação, imposição, cultura do ódio, medo. Da imposição do bipartidarismo, passando pelo AI-5 com sua ignomínia, e chegando ao momento das Salvaguardas, passamos pelo terror de percebermos o valor que uma vida verdadeiramente tem. Muitos foram perseguidos, torturados, mortos, silenciados; outros, infelizmente se renderam ao poder aqui instituído e preferiram fingir que estava tudo bem.

Quando a vergonhosa ditadura tomou posse do governo brasileiro, as elites comemoraram e os que seguiam uma linha do “ Deus, Pátria e Família” acreditaram que o nosso país estava livre do grande mal: O Comunismo. Como se ser comunista fosse o grande perigo... O Brasil aniquilado pela inflação crescente, o pequeno agricultor perdendo suas terras para grileiros e grandes latifundiários, madeireiras sendo constituídas onde deveriam ser terras indígenas, as favelas mostrando que a fome não tinha hora e lugar..., mas, o grande inimigo era o Comunismo...

O primeiro presidente do Regime Militar no Brasil, Humberto Castelo Branco não era da ala mais radical; conservador, entendia que somente através de um poder militar, o Brasil poderia crescer e se desenvolver (um pensamento pautado em um ideal Positivista). Pensamento este, que fomentou a trajetória do processo republicano aqui no Brasil. Através desse governante, foi implantado o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) que só trouxe mais problemas ao cidadão: Achatamento de salários, corte de subsídios do trigo e do petróleo, aumento de impostos. Começava o início das dores!

O governo militar trazia arrochos ainda maiores que o salarial ao criar a Lei de Greve em 1964. Através desta lei, ficava inviável os trabalhadores paralisarem suas atividades e constituírem as GREVES. Nesse mesmo período, o CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) foi extinto (CALOU-SE A VOZ DO OPERÁRIO), houve intervenções em sindicatos e prisão de líderes. Os estudantes não ficaram de fora da fúria que, de forma avassaladora, dominava a nossa nação: A sede da UNE no Rio de Janeiro foi incendiada e no dia 9 de abril de 1964 a UNB foi tomada pela Polícia Militar, estudantes e professores foram presos. Através do Ministro da Educação Flávio Suplicy de Lacerda, a UNE foi extinta e passou a atuar na clandestinidade.

A promessa feita por Castelo Branco de que em 1965 haveriam eleições foi abandonada. A situação complicou em 27 de outubro de 1965, o governo determinou que a escolha para presidente seria feita de modo indireto e o número de partidos políticos diminuiria para apenas dois (era o AI-2). O Brasil estava agora dividido entre ARENA e MDB (esse último era um partido de oposição ao governo que possuía o consentimento dos militares).

Pensar que somente a “ala civil” estava dividida é um grave erro! Os militares também estavam divididos:

• Os Linha Dura: Composto por oficiais mais jovens e coronéis, vindos do alto escalão do Exército. Estes, defendiam fervorosamente os princípios do novo governo estabelecido pelos militares e costumava chamar o golpe de REVOLUÇÃO. Não concordavam em entregar o poder aos civis, e defendia veementemente a ideia de expurgar qualquer traço do governo de João Goulart e da ideologia comunista.

• Grupo da Sorbonne: Composto por oficiais da Escola Superior de Guerra, eram mais moderados e considerados como tecnocratas. Esses, eram liderados pelo próprio Humberto Castelo Branco.

A divisão entre os militares provou um grande mal-estar até na esfera governamental. Em 1967 ao fazer uma viagem a sua terra natal (O Ceará), Castelo Branco termina perdendo a vida em um acidente aéreo que até hoje traz grande mistério. A aeronave, um bimotor, se chocou no ar com outro avião em um dia ensolarado, sem ventos. O que teria ocorrido? QUEM SOUBER, MORRE! O que podemos entender e perceber é que no lugar de Castelo Branco, sobe ao poder um dos grandes representantes do grupo da Linha Dura, o general Arthur da Costa e Silva.

O governo Costa e Silva foi moldado pelo temor. Em seus dois anos e meio de trabalho, ele assinou oito atos institucionais; entre eles, o AI-5 que trouxe muita dor, perseguições, e muita revolta.

No plano econômico, o governo elaborou o PED (Programa Estratégico de Desenvolvimento). O grande objetivo desse programa era combater a inflação e a retomada do crescimento econômico. Desta forma, Costa e Silva referendava o plano de ação da gestão anterior. Após um período de recessão, Castelo Branco havia conseguido que o país alcançasse um crescimento econômico. É nesta linha, que a presidência coloca no Ministério da Fazenda o economista Delfim Neto. Os resultados foram excelentes: A construção civil se expandiu, o setor industrial apresentou uma enorme recuperação, assim como o setor agrícola. Parecia que tudo ficaria bem.

Era o mês de setembro de 1967 quando setores da oposição ao governo constituíram a FRENTE AMPLA, liderada por Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, João Goulart. O grande objetivo era trazer de volta a tão aclamada DEMOCRACIA.

Chegou o ano de 1968, e com ele vários manifestos pelo mundo. Foi um ano agitado em muitos lugares do mundo: França, Itália, Alemanha, Polônia, Bélgica, Estados Unidos, Argentina, Venezuela, Chile, México, Japão. Era a Guerra Fria e muitos estudantes, trabalhadores, e intelectuais questionavam as corridas armamentista e espacial, o poder das multinacionais e o processo de globalização, Direitos Civis, Reformas educacionais. Em maio desse mesmo ano houve um violento protesto na França contra a Reforma Educacional proposta por Charles De Gaulle. No país do “Tio Sam” a questão era a Guerra Fria e a luta pelos Direitos Civis (sobre a luta por Direitos Civis, Luther King será morto em abril de 1968). Com cabelos ao vento, jovens eram embalados pelo Rock psicodélico de Janis Joplin e Jimi Hendrix, e pela contracultura do movimento Hippie.

A insatisfação com o governo ditatorial do Regime Militar levou muitos cidadãos brasileiros a protestarem em 1968. Era 28 de Março do ano aqui determinado, quando a Polícia Militar do Rio de Janeiro entrou em um confronto com estudantes na porta do Restaurante Calabouço que servia almoço para estudantes carentes. Havia uma relação entre o espaço e o MEC. O governo militar retirou grande parte da ajuda concedida ao restaurante e as reformas necessárias para que o espaço atendesse um maior número de estudantes não foi adiante. Insatisfeitos, os alunos de várias instituições públicas que eram atendidos pelo restaurante, decidiram se manifestar. A polícia confronta os estudantes e termina matando Edson Luís. Foi a gota d’água que faltava para que o povo carioca se levantasse contra os desmandos dos militares. O corpo de Edson foi velado na Igreja da Candelária e depois enterrado. Eram inicialmente 50.000 pessoas acompanhando o caixão…muito rápido, subiu para 100.000 pessoas. O brasileiro estava acordando!

Lizze
Enviado por Lizze em 20/08/2020
Reeditado em 23/08/2020
Código do texto: T7041477
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