BRASIL, FILHO DE UM ESTUPRO, AINDA RESPIRA POR APARELHOS.

BRASIL, FILHO DE UM ESTUPRO, AINDA RESPIRA POR APARELHOS.


VALÉRIA GUERRA REITER

A invasão que ocorreu aqui há mais de cinco séculos, nada mais fora do que um ato libidinoso, que violou seus habitantes originais. No segmento abaixo, o relato extraído da grande obra antropológica “O povo brasileiro” nos conta um pouco do referido vilipêndio secular.

“Ao contrário dos povos que aqui encontraram todos eles estruturados em tribos autônomas, autárquicas e não estratificadas em classes, o enxame de invasores era a presença local avançada de uma vasta e vetusta civilização urbana e classista”.

Na luta da “selvageria” x “civilização” os termos exalam uma classificação completamente equivocada, quem é (na realidade) o selvagem? O habitante do solo paradisíaco que se tornou despojado e cativo ou os “semideuses” que vinham da parte de "Maíra", para trazer o sol, mas que ao saltar do mar cheiravam mal e traziam a infecção na alma e no sangue?

Aqui havia singeleza, ingenuidade e organização. Os indígenas, como foram denominados pelos europeu/invasores, possuíam uma hierarquia baseada na coletividade; e os curumins (crianças da tribo) aprendiam com seus pais a caçar, pescar, e a “rezar”, sem a preocupação da falaciosa meritocracia branca que exclui e modela. Violados de todas as formas este povo já tinha sua nação organizada, porém foram escravizados e idiotizados ao bel prazer de uma casta vil que se achava incólume e acima do bem e do mal.

Quanto ao estupro literal, historicamente sabemos que as mulheres ao longo de séculos foram sendo estupradas, pela sociedade e por seus maridos: quando encarceradas em matrimônios arranjados, que na realidade fazem parte do pano de fundo de sociedade machista que fez da mulher uma servente do homem. Um ser rebaixado à condição de reles instrumento para a procriação, durante uma vida longa de estupros que se situaram bem ao largo da fé e da lei. Numa época em que o romance estava longe de habitar entre quatro paredes.

Vivemos nos século XXI, mas o estupro está no ar: em lares desprovidos do pão. Brasileirinhos ganham como troféu dos seus “novos senhores” o totem eletrônico que mostra a melhor MEME, ou a pior novela... e comprovadamente já ouvi de diversos alunos ao longo do tempo, a constante afirmação: Professora me deixa sair meia hora mais cedo? Não posso perder “Malhação”.

E estes descendentes do grande estupro “falseado de descobrimento" trocam educação/informação de qualidade por programação/alienação/estupradora de sonhos; num círculo sem fim: trocando espelhos por trabalho servil. A Educação e a Literatura ditatorial dos Anos de chumbo venderam alhos por bugalhos: quando contou a estória do DESCOBRIMENTO em seus livros didáticos. E isto também é uma forma de estupro, já que o incauto aluno dos memoráveis anos 1960/70/80 fora engravidado de mentiras.

E a Igreja (católica, protestante, ou o que o valha) o que faz... quando uma vida infantil sofre abuso, descaso, e uma invasão/espoliação sem precedentes (por parte de um defloramento biológico) que detona sua infância preciosa em flagelo? Tal instituição que matou em nome de Jesus: Geme e chora, grita e acusa. Mas, a lei que preza a ética e a moral, vem tentando reparar o erro milenar da desumanidade arraigada no âmago da espécie humana; que em seus idos de barbárie faziam do ato criminoso do estupro, o aliado certo na conquista de povos e impérios. Espoliar e despojar se constitui no lema de cada bárbaro que (AINDA) habita o planeta.

O Brasil é filho de um estupro, e ainda respira por aparelhos. O que nos consola é saber que certas leis humanas: ainda funcionam religiosamente.

#DIGANÃOAHIPOCRISIARELIGIOSA
#LEIABRAZILEVIREBRASIL
#TV247RUMOAUMMILHÃO




 
Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 19/08/2020
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T7040092
Classificação de conteúdo: seguro
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