Depenando Moro

Não é um confronto entre direita e extrema-direita o embate que todos estão percebendo entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro.

É o conflito entre dois personagens que viveram em simbiose e agora lutam pelo controle da idiotia nacional, da qual Moro é pai e Bolsonaro, filho.

É evidente que Moro é rei morto, ainda que insepulto, e com núcleos fiéis nos principados do Ministério Público, tribunais, na Polícia Federal e na mídia, mas sem nenhuma defesa além do que resta da aura que sobre a Lava Jato se criou.

Estas forças, porém, se esvaem visivelmente e isso pode ser medido pela dureza das palavras escritas nos votos de Gilmar Mendes e Ricardo Levandowski na decisão que invalidou a juntada intempestiva e oportunista de uma “delação-xepa” de Antônio Palocci num processo contra Lula. Ambos os votos não podiam ser mais expressos em apontar interesses político-eleitorais na decisão e, portanto, deixam claro o que a decisão pela declaração de suspeição de Moro virá, inevitavelmente.

Será, aliás, o gran finale da longa permanência de Celso de Mello no Supremo, ao qual deve anteceder uma punição a Deltan Dallagnol no Conselho do Ministério Público, onde situação do escudeiro de Moro já era frágil mesmo antes do embate aberto com Augusto Aras.

Estamos entrando no período final desta batalha e Sérgio Moro sabe que, derrotado nela, não será mais que um quisto desimportante no processo eleitoral de 2022.

E seu bico, sem os poderes monumentais que lhe davam toga, ministério e Globo, ficou pequeno para defender-se.

Fernando Brito

via Tijolaço