Quem procura acha
Rodrigo Janot cometeu “sincericídio”. O antigo procurador geral da República trocou o confortável pijama e a Sessão da Tarde da sua aposentadoria para voltar aos holofotes da política e à mira da Polícia Federal. Janot, que parece um vovô legal, disse à Imprensa, que pretendia matar Gilmar Mendes e se matar.
Esse ex-procurador foi flagrado na companhia do advogado de Joesley Batista, que estava sendo investigado. Nesse episódio, Janot estava com o advogado, tomando cerveja, num boteco de quinta categoria, escondido atrás de caixas de cerveja empilhadas e com óculos escuros. A tentativa de se esconder e disfarçar não foi eficaz. Ele foi surpreendido com uma bela fotografia, a qual revelou um atrapalhado agente secreto de pornochanchada.
A política do Brasil se tornou uma ópera-bufa, o que deve ser muito melhor que qualquer novela. Superou os roteiristas de House of Cards, deixou Alexandre Padilha (diretor) pra trás e me proporcionou uma transição segura e contínua, quando parei de assistir Chaves e Chapolin.
O antigo procurador geral da República, nomeado por Dilma Roussef, lançou um livro contando suas aventuras republicanas. Dizem que essa confissão é para promoção e, consequente, alavancagem das vendas do livro. Porém, o tiro -sim, um trocadilho- saiu pela culatra; foram autorizadas busca e apreensão e outras sanções contra ele. E o livro vendeu pouco.
O que encorajou Rodrigo Janot a cometer essa sinceridade suicida, talvez um dia saibamos. O fato é que, nesse episódio, ele aniquilou a sua reputação, que já não era grande coisa.
Augusto Aras, atual procurador geral da República, foi vítima da epidemia das lives. Numa mistureba de José Sarney e Rodrigo Janot ele, que estava passando batido, desceu a lenha na operação Lava Jato. Segundo Aras, o combate à corrupção deve voltar a ser o que era. Ou seja, sua ideia é que corrupção se combate com mais corrupção.
Ele também usa “lavajatismo” como um termo pejorativo, como uma doença, algo a ser extirpado antes que se espalhe.
A péssima repercussão foi imediata. É isso que dá falar para uma bolha, para seus pares, falar o que, presume-se, querem ouvir, tentando agradar a plateia. É muito difícil para a pessoa comum (que não é do meio jurídico) entender que julgamentos, que passam por várias instâncias e por vários juízes, possam conter ilegalidades.
Se Augusto Aras quiser tomar o protagonismo, com essas atitudes histriônicas, virará um Janot 2.0, mostrando que o problema na PGR é a cadeira.