Confissões de um assassino econômico

Em 2016 o economista e consultor internacional estadunidense John Perkins publicou nos EUA o livro lançado no Brasil com o nome de “Novas confissões de um assassino econômico” (Cultrix, 2018). Ele dá continuidade a um primeiro livro sobre o tema, publicado em 2004.

O autor denuncia o que denomina corporatocracia e seu objetivo, o império global, ambos identificados com os EUA e sua ação no mundo. Ele mesmo teria atuado como assassino econômico na Indonésia, Equador, Colômbia, Panamá, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela e outros países. As vítimas do assassinato são as nações possuidoras de recursos naturais essenciais para os EUA, sobretudo o petróleo, ou as nações que têm importância geopolítica estratégica para a almejada conquista da total dominação.

A forma de operar dos assassinos econômicos é bem definida: aliciar líderes desses países para entrar numa rede mundial de apoio aos EUA, convencê-los a contrair vultosos empréstimos para obras de infraestrutura, realizadas por empresas estadunidenses, enredá-los em uma teia de dívidas que assegura sua submissão e obediência aos interesses da corporatocracia. Em contrapartida, sustentam a liderança dos aliciados nos países subjugados, ainda que seja na forma de tirânicas ditaduras.

Quando a ação dos assassinos econômicos não é bem sucedida, entram em ação os que o autor denomina chacais. Os assassinos de fato. Mas os crimes não são reconhecíveis como tal, são “acidentes”. Foi o caso dos presidentes Jaime Roldós, do Equador, e Omar Torrijos, do Panamá, ambos mortos em acidentes aéreos em 1981. Os dois presidentes eram nacionalistas e contrapunham-se a interesses de petrolíferas estadunidenses no Equador e à soberania dos EUA no Canal do Panamá.

No livro, John Perkins afirma que o anseio de império global estadunidense está alicerçado na doutrina do “Destino Manifesto”, crença comum entre os estadunidenses na primeira metade do Século XIX, que dizia serem os colonizadores eleitos de Deus, autorizados a exterminar os povos nativos e a subjugar a natureza na conquista do território. Hoje a doutrina expandiu-se, a conquista é global, bem expressa no lema “America First”.

Os livros de John Perkins não abordam o caso do Brasil. Mas sua leitura faz pensar que os acidentes aéreos que cá entre nós mataram Ulysses Guimarães em 1992, Eduardo Campos em 2014, Teori Zavascki em 2017, e mesmo o acidente rodoviário de Juscelino Kubitschek em 1976, possam não ter sido acidentes. Os quatro eram nacionalistas, sua ação contrapunha-se a interesses predatórios da corporatocracia no Brasil. Todos esses acidentes foram considerados suspeitos, foram investigados, mas não se logrou provar que fossem atentados. Da mesma forma que ocorreu com os “acidentes” de Jaime Roldós e Omar Torrijos em 1981.

Outra suposição que emerge da leitura dos livros de John Perkins: se Lula não tivesse sido preso e impedido de disputar as eleições de 2018, provavelmente hoje estaria morto, vítima de algum acidente.