FORMIDÁVEIS CONTRADIÇÕES
Estamos vivendo tempos estranhos em que a contradição e a irracionalidade parecem imperar. Um presidente eleito democraticamente vive sonhando com a volta da ditadura militar. Temos uma oposição que se diz democrática, mas vive pedindo o impeachement do presidente eleito por uma grande maioria de votos. Há grupos radicais de direita que agem exatamente como os esquerdistas faziam quando estavam no governo, produzindo notícias falsas para mascarar a realidade dos fatos. Há também grupos de esquerda que chamam a si mesmos de antifacistas, mas agem exatamente como as SS de Hitler e os camisas pardas de Mussolini. Temos um líder negro no comando de uma entidade de defesa dos direitos dos afrobrasileiros que chama os membros do movimento negro de “escória maldita”. Temos um ministro da educação, que além de não ter educação nenhuma, ainda escreve e fala mal o português. Temos uma pandemia viral no país cuja estratégia comprovadamente eficaz de combate é o isolamento social, mas tanto o governo quanto a oposição promovem manifestações populares pró e contra um e outro, incentivando aglomerações. Na mesma semana em que o presidente promove uma reunião com governadores e outras lideranças tentando uma aproximação política necessária para a elaboração de planos para tentar recompor uma ruptura que compromete a unidade federativa e prejudica o combate à pandemia, um ministro do Supremo autoriza a publicação de um vídeo de reunião ministerial, na qual o presidente e alguns ministros descem o pau no STF e nos governadores. A política nacional virou um verdadeiro samba do crioulo doido. Teilhard de Chardin, um dos maiores filósofos do século XX disse que há ocasiões na história do pensamento humano em que ocorrem mudanças no espírito humano que causam grandes perplexidades. Essas mudanças, diz ele, precedem alterações qualitativas no gene da espécie. É como se Deus, ou a natureza, desarrumasse tudo para fazer um rearranjo nas coisas. Tomara que ele esteja certo. Eu não tenho certeza nenhuma e para dizer a verdade, não creio muito nisso. William Shirer, historiador germano-americano que escreveu uma das mais completas histórias sobre a ascensão e queda do nazismo, também diz que há momentos na história em que as tensões acumuladas ao longo do processo de civilização acabam provocando febres coletivas que resultam em desarranjos no espirito das pessoas e na estruturas sociais das nações. Nos tempos de Roma, a Peste de Cipriano desorganizou o maior império que o mundo já conheceu; na Idade Média, a peste negra antecipou a chegada da Idade Moderna. Na Idade Contemporânea, a gripe espanhola precedeu a segunda guerra mundial. Se o corona vírus pode ser computado nesse esquema eu não sei, mas parece que ele não está comprometendo só as nossas vias respiratórias levando á morte. A impressão é a de que, pelo menos no Brasil, ele também está mexendo com os neurônios de todo mundo. Eu nunca vi tanta contradição
Estamos vivendo tempos estranhos em que a contradição e a irracionalidade parecem imperar. Um presidente eleito democraticamente vive sonhando com a volta da ditadura militar. Temos uma oposição que se diz democrática, mas vive pedindo o impeachement do presidente eleito por uma grande maioria de votos. Há grupos radicais de direita que agem exatamente como os esquerdistas faziam quando estavam no governo, produzindo notícias falsas para mascarar a realidade dos fatos. Há também grupos de esquerda que chamam a si mesmos de antifacistas, mas agem exatamente como as SS de Hitler e os camisas pardas de Mussolini. Temos um líder negro no comando de uma entidade de defesa dos direitos dos afrobrasileiros que chama os membros do movimento negro de “escória maldita”. Temos um ministro da educação, que além de não ter educação nenhuma, ainda escreve e fala mal o português. Temos uma pandemia viral no país cuja estratégia comprovadamente eficaz de combate é o isolamento social, mas tanto o governo quanto a oposição promovem manifestações populares pró e contra um e outro, incentivando aglomerações. Na mesma semana em que o presidente promove uma reunião com governadores e outras lideranças tentando uma aproximação política necessária para a elaboração de planos para tentar recompor uma ruptura que compromete a unidade federativa e prejudica o combate à pandemia, um ministro do Supremo autoriza a publicação de um vídeo de reunião ministerial, na qual o presidente e alguns ministros descem o pau no STF e nos governadores. A política nacional virou um verdadeiro samba do crioulo doido. Teilhard de Chardin, um dos maiores filósofos do século XX disse que há ocasiões na história do pensamento humano em que ocorrem mudanças no espírito humano que causam grandes perplexidades. Essas mudanças, diz ele, precedem alterações qualitativas no gene da espécie. É como se Deus, ou a natureza, desarrumasse tudo para fazer um rearranjo nas coisas. Tomara que ele esteja certo. Eu não tenho certeza nenhuma e para dizer a verdade, não creio muito nisso. William Shirer, historiador germano-americano que escreveu uma das mais completas histórias sobre a ascensão e queda do nazismo, também diz que há momentos na história em que as tensões acumuladas ao longo do processo de civilização acabam provocando febres coletivas que resultam em desarranjos no espirito das pessoas e na estruturas sociais das nações. Nos tempos de Roma, a Peste de Cipriano desorganizou o maior império que o mundo já conheceu; na Idade Média, a peste negra antecipou a chegada da Idade Moderna. Na Idade Contemporânea, a gripe espanhola precedeu a segunda guerra mundial. Se o corona vírus pode ser computado nesse esquema eu não sei, mas parece que ele não está comprometendo só as nossas vias respiratórias levando á morte. A impressão é a de que, pelo menos no Brasil, ele também está mexendo com os neurônios de todo mundo. Eu nunca vi tanta contradição