Protesto Aos Algozes do Povo (do Poeta Braga Costa)
A morte de George Floyd, que SERIA APENAS MAIS UM negro assassinado por um policial branco lá nos Estados Unidos, acabou se transformando no estopim que fez eclodir a maior e mais grave onda de protestos, coisa que não acontecia desde 1968 quando ocorreou o assassinato do líder de direitos civis Martin Luther King Jr...
E como essas manifestações acabaram se alastrando pelo mundo inteiro, infelizmente também já chegou no nosso País, tenho muitas muitas vezes implícitamente me perguntando: "Por que ê que as coisas chegaram a esse ponto? Que força é essa capaz de levar tanta gente em várias partes do mundo, mesmo em tempos de pandemia a sairem às ruas para protestar contra a morte de uma pessoa que eles jamais conheceram?"...
E foi hoje, depois de ter lido uma crônica aqui no Recanto que acredito ter obtido essas respostas... É uma crônica do Poeta Braga Costa, lembrando que poeta não é apenas aquele que cria poesia, mas é também e principalmente aquele que consegue expressar de maneira convincente, seja através das palavras ou pela escrita, as emoções e os sentimentos, e foi por julgar que ele fez isso muito bem que tomei a liberdade, mesmo à sua revelia, de transcrever na íntegra aqui em "Política" essa sua tão concisa obra, postada em "crônicas", ei-la:
--- PROTESTO AOS ALGOZES DO POVO ---
Buscando me ver sob a pele do lobo que busca nos devorar,
usamos a poética imaginação
para nos ver no cargo de mandatário da nossa Nação.
Adentramos na Terra do Nunca Pindorama,
onde o que existe é mera ilusão,
já que nunca foi e ainda não é ou até nunca será.
E é desse sonho de Pátria, que se desnuda o castigo,
como se o próprio fígado fossemos temperar,
pois a águia ainda clama, desde Prometeu,
de que as vísceras precisam vir melhor pro jantar.
Então olhamos para cima, onde está o cerrado,
e só vemos o cercado, onde o povo está.
Lá percebemos as máscaras, que todos desfrutam,
como porcos na vara, para um dia sangrar.
Muito embora,a toda hora, nos minutos que temos,
nota-se a morte levando a todos nós, os suínos,
um a um, todos os dias,
sem termos nostalgia do martelo que está
a todo momentoa nos crucificar, sem direito a nada,
mas seguindo a boiada para o abismo que há.
Entretanto, sabemos que um dia as nuvens,
que vieram com a tempestade, vão se dissipar.
E o povo, acordado, não mais será porco ou gado,
mas vai assumir seu lugar, expurgando os tiranos,
que se apropriaram dos sonhos dos humildes que há,
e também dos maldosos, que não entendem a vida,
nem percebem o diabo que lhes quer dominar.
Aí se vê que o bem não carece de deboches do povo,
nem chicote ou estorvo para que se possa andar
para o destino almejado, e não para o patíbulo adornado
em que vão nos ceifar das vidas,
sonhos e do direito ao ganho que nos faz trabalhar.
Até quando o capeta se vestirá de humano, de político,
militar ou engano, para nos trapacear?
Seja hoje ou no Sol do amanhã,
se espera é que o afã de ser livre virá,
como os raios do Sol, que se espalham gigantes,
transcendendo os instantes que nos querem a sangrar.
E se almeja também não mais ter deboches,
vindo da boca de quem elegemos para ser nosso Norte,
pois Deus ele ou ela não são,
mas apenas serão o fruto de uma escolha entre nós,
que não nos deixará a sós nas tormentas a enfrentar.
Então, basta! Chega de tiranias e algozes,
chega de donos de tudo, chega de tantos prepotentes,
pois aqui não somos nada, mas apenas uma água pelo rio a escoar,
sem direito a passar nas mesmas cascatas,
curvas e meandros duas vezes,
encarando o oceano para um dia podermos evaporar
e sermos a chuva que fertiliza a tudo.
Assim, faz-se necessário um protesto ao algozes do povo,
da poesia, dos sonhos e da vida,
que são direitos universais
e não um favor de um efêmero líder humano.
Enviado por Poeta Braga Costa (Crônicas) em 09/06/2020