NAZISTAS, SEGUNDO VASSILI GROSSMAN

OS NAZISTAS, SEGUNDO VASSILI GROSSMAN

Estes comentários foram feitos baseados em uma visão de um Estado de Partido do Sturmbannführer (representante da SS no campo de concentração alemão) Liss. Sturmbannführer era um cargo paramilitar equivalente a major que a SS criou para fiscalizar se as normas dos Partido Nazista eram fielmente cumpridas. Serve para todo o tipo de ideologia, esquerda, centro ou direita, pois estas só funcionam se impostas ao povo, nem que seja a força.

Após uma reunião com o carrasco Eichmann, na qual revelou a Liss o início do que chamamos Holocausto e que seriam eliminados milhões de judeus, Liss lembrou-se que classificava os líderes em quatro tipos.

Os primeiros tinham contato direto com a população e controlavam até a respiração das pessoas, relatando qualquer expressão ou movimento que sugerisse desobediência às orientações de Hitler. Não possuíam pensamento próprio nem capacidade de análise, simplesmente adotavam os slogans do Partido, repetiam trechos dos discursos de Adolf, ou artigos de Goebells. Manifestavam crueldade e intolerância sob qualquer pretexto. Levavam tudo que se referisse à ideologia do Partido como se fossem fanáticos religiosos.

O segundo tipo de líder nazista pertencia a classe que Liss chama de cínicos inteligentes. Riam-se das leis ordinárias, viviam à larga, bebiam e se divertiam muito. Caçoavam dos magistrados e só respeitavam o Guia (Hitler) e os ideais elevados do Partido. Era sua “varinha mágica”. Pertenciam aos altos escalões do Partido. Na base ficavam os personagens do primeiro tipo.

Nos escalões mais elevados ainda reinavam um terceiro tipo bem restrito, ao qual pertenciam uns oito ou nove pessoas e mais uns quinze ou vinte que tinham acesso a estes. Ali não haviam dogmas ou ideologia, era só a matemática. Era o reino dos líderes supremos, mestres impiedosos. dogmas, filosofias e também privados de capacidade de análise. Além de total insensibilidade com os fatos, sua grande preocupação era com as louças, os carros caros, os passeios, os ternos, as joias, as casas de campo e outras frivolidades. Não apegados ao dinheiro por não confiar e sua estabilidade. Dava a impressão que toda a Alemanha trabalhava em prol deles e de seu bem-estar.

Finalmente, no topo do topo estava, a uma imensa altura, acima dos dirigentes supremos, na estratosfera, havia um mundo ininteligível, nebuloso e sem lógica habitado por só um ser supremo: O Guia Adolf Hitler. Ele era o criador da “varinha mágica”, de todos os dogmas do Partido e possuía um frenesi dogmático, uma crueldade matemática mais elevada de que a de todos seus auxiliares próximos.

Resumo do capítulo 31 do Livro “Vida e Destino”, de Vassili Grossman.

Paulo Miorim 06/06/2020

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 06/06/2020
Reeditado em 26/01/2022
Código do texto: T6969595
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.