CLOROQUINA OU COLÍRIO?
Os bolsonaristas radicais estão aplicando bem a lição que os filmes policiais americanos ensinam: tudo que você disser poderá ser usado contra você no tribunal. Tornaram-se peritos na arte de inverter fatos e argumentos para atribuir aos adversários suas próprias intenções subversivas. Eles estão agora martelando nas redes sociais que o Congresso e o Supremo Tribunal Federal estão conspirando para tirar Bolsonaro do poder e implantar uma ditadura. Falta dizer como, se nenhuma dessas instituições tem armas para dar um golpe. Só caneta não é suficiente para isso.
O pessoal do Bolsonaro omite o fato de quem vive elogiando o regime militar de 1964 é o presidente e não os ministros do Supremo ou os parlamentares que o contradizem e criticam. E quem vem falando em fechar Congresso e Supremo e pedindo intervenção militar são pessoas da sua família. Isso desde os primeiros dias de governo do presidente. Tentar atribuir aos adversários a culpa por uma possível ruptura institucional é, no mínimo, um exercício irresponsável e canhestro de maquiavelismo, que só mesmo quem está com o escotoma do radicalismo nos olhos pode ignorar.
Mas o pior de tudo isso é que a oposição esquerdista ignorante também sofre do mesmo tipo de cegueira que a direita reacionária. Ela fornece munição para os bolsonaristas e faz exatamente o que eles querem, ou seja, ações para justificar reações em sentido contrário, com igual força e intensidade. Pedir a apreensão do celular do presidente, por exemplo, é uma medida que só podia caber na cabeça de pessoas muito ignorantes e desprovidas de qualquer sensibilidade política. Num momento desses, em que as tensões se acumulam por conta de uma pandemia que está desorganizando todas as estruturas sociais e econômicas do país, propor uma medida dessas é chamar para a briga quem só está esperando o convite para começar a dar porrada. E dar porrada é com a família Bolsonaro mesmo.
Mais grave ainda é que alguns ministros do Supremo ainda não perceberam o que está acontecendo e entraram na dança, fornecendo mais lenha para a fogueira. A mosca azul do protagonismo picou uma boa parte dos magistrados da Suprema Corte. Já faz tempo em que eles andam metendo o bedelho onde não lhes cabe, judicializando questões que deveriam ser resolvidas administrativamente. Isso não acontece somente com o atual governo. Já proibiram o Lula de ser Ministro, já revogaram leis votadas pelo Congresso, decidem uma coisa hoje e amanhã voltam atrás, provocando insegurança jurídica e confusão. O comportamento de alguns de seus membros justifica muitas das críticas que lhe são feitas. O atual quadro de magistrados da Suprema Corte é um dos piores da história republicana, mas não merece a pecha que os bolsonaristas estão lhe atribuindo, de conspirar contra o Presidente. Se Bolsonaro cair será por conta dos seus próprios erros e do radicalismo virulento dos grupos que o apóiam. Cloroquina pode ser bom para combater o corona vírus, mas um pouco de colírio seria bem mais útil para curar a cegueira política que tomou conta do país.
Os bolsonaristas radicais estão aplicando bem a lição que os filmes policiais americanos ensinam: tudo que você disser poderá ser usado contra você no tribunal. Tornaram-se peritos na arte de inverter fatos e argumentos para atribuir aos adversários suas próprias intenções subversivas. Eles estão agora martelando nas redes sociais que o Congresso e o Supremo Tribunal Federal estão conspirando para tirar Bolsonaro do poder e implantar uma ditadura. Falta dizer como, se nenhuma dessas instituições tem armas para dar um golpe. Só caneta não é suficiente para isso.
O pessoal do Bolsonaro omite o fato de quem vive elogiando o regime militar de 1964 é o presidente e não os ministros do Supremo ou os parlamentares que o contradizem e criticam. E quem vem falando em fechar Congresso e Supremo e pedindo intervenção militar são pessoas da sua família. Isso desde os primeiros dias de governo do presidente. Tentar atribuir aos adversários a culpa por uma possível ruptura institucional é, no mínimo, um exercício irresponsável e canhestro de maquiavelismo, que só mesmo quem está com o escotoma do radicalismo nos olhos pode ignorar.
Mas o pior de tudo isso é que a oposição esquerdista ignorante também sofre do mesmo tipo de cegueira que a direita reacionária. Ela fornece munição para os bolsonaristas e faz exatamente o que eles querem, ou seja, ações para justificar reações em sentido contrário, com igual força e intensidade. Pedir a apreensão do celular do presidente, por exemplo, é uma medida que só podia caber na cabeça de pessoas muito ignorantes e desprovidas de qualquer sensibilidade política. Num momento desses, em que as tensões se acumulam por conta de uma pandemia que está desorganizando todas as estruturas sociais e econômicas do país, propor uma medida dessas é chamar para a briga quem só está esperando o convite para começar a dar porrada. E dar porrada é com a família Bolsonaro mesmo.
Mais grave ainda é que alguns ministros do Supremo ainda não perceberam o que está acontecendo e entraram na dança, fornecendo mais lenha para a fogueira. A mosca azul do protagonismo picou uma boa parte dos magistrados da Suprema Corte. Já faz tempo em que eles andam metendo o bedelho onde não lhes cabe, judicializando questões que deveriam ser resolvidas administrativamente. Isso não acontece somente com o atual governo. Já proibiram o Lula de ser Ministro, já revogaram leis votadas pelo Congresso, decidem uma coisa hoje e amanhã voltam atrás, provocando insegurança jurídica e confusão. O comportamento de alguns de seus membros justifica muitas das críticas que lhe são feitas. O atual quadro de magistrados da Suprema Corte é um dos piores da história republicana, mas não merece a pecha que os bolsonaristas estão lhe atribuindo, de conspirar contra o Presidente. Se Bolsonaro cair será por conta dos seus próprios erros e do radicalismo virulento dos grupos que o apóiam. Cloroquina pode ser bom para combater o corona vírus, mas um pouco de colírio seria bem mais útil para curar a cegueira política que tomou conta do país.