UM AVISO DA HISTÓRIA SOBRE JAIR BOLSONARO (Ensaio sobre o "Sequestro da Ciência")

(Milton Pires)

Recentemente, um fato gravíssimo, uma declaração de um Deputado Federal Bolsonarista do Rio Grande do Sul, entrou para a história política como marco fundamental da relação do Governo com a classe médica brasileira, com a ciência e com a própria realidade.

Disse o parlamentar, indignado com as consequências econômicas do isolamento social durante a epidemia de COVID19, que o novo coronavírus “mata pessoas que já estão sendo encaminhadas para a morte”.

Não cabe neste pequeno ensaio contraditar o deputado nem oferecer provas capazes de demonstrar o absurdo da declaração feita. O objetivo aqui é outro: lembrar que no passado recente da História Política Ocidental, os principais líderes que se apropriaram ideologicamente do discurso científico da mesma maneira que Jair Bolsonaro está tentando foram Adolf Hitler e Josef Stálin.

Lembrem-se, leitor: não se trata de afirmar, como fazem os criminosos do PT, PSOL e PC do B na frente de crianças brasileiras em quem colocaram camisas pretas, que “Bolsonaro é fascista”, que “eleitores de Bolsonaro são fascistas”, “nazistas” ou qualquer outro “ista” do Século XX.

Jair Bolsonaro, isto todo brasileiro com um mínimo de bom senso já percebeu, é uma mistura de Edir Macedo com Major Rocha, o personagem do filme “Tropa de Elite 2”, e não adianta tentar misturar isso com o pensamento ou o mundo de Hitler, Mussolini, ou Stálin.

Não, senhores, a “história NÃO se repete primeiro como tragédia e depois como farsa” não pelo fato de não existirem farsas ou tragédias durante a história da humanidade; mas porque ela NÃO se repete – só isso.

Não se repetir não significa, todavia, que ela não nos mande recados. Isso ela faz, sim, e “quem não conhece o passado”, já o disse José Ortega y Gasset, “está condenado a repeti-lo”.

Se é verdade que a História (seja lá o que isso signifique do ponto de vista conceitual) não se repete, que ela não tem “sentido”nem um “porta-voz”, se é realmente verdade que a história NÃO é uma “luta de classes”, ela tampouco é uma “fábrica de pizzas”. Deus Nosso Senhor não é Ministro do STF nem Deputado Federal do MDB!

Mas aí faz-se necessário perguntar: se eu disse antes que “a História não se repete”, como é que eu posso dizer depois, citando Ortega y Gasset, que é possível “repetir o passado” quando nós o desconhecemos?

Vejam a diferença: Ortega y Gasset usou o termo “passado”; Karl Marx, autor da frase em que se mencionam os termos “farsa” e “tragédia”, usou o termo “História”.

O passado existe na consciência de cada indivíduo capaz de ordenar, de dar um sentido à sua vida NO tempo. A História (se existe) só existe na consciência coletiva de uma população capaz de dar forma simbólica à experiência da realidade de uma determinada época.

A construção de um discurso histórico, além de ser coletiva, é retrospectiva. Meu passado é imanente à minha consciência – eu o carrego comigo agora. Basta evocá-lo e ele estará aqui instantaneamente.

A unidade conceitual, a ponte que deve ser feita entre a ideia de “passado” e de “História” (que nos interessa) pode ser acentuada no conceito de Ideologia.

Ideologia, ou Ideológica, e aqui eu recorro à definição de Eric Voegelin, é a vida “num Mundo em revolta contra Deus e contra o Homem”.

Antes de Bolsonaro, Dilma Rousseff e o PT trouxeram, todos nós sabemos, falsos médicos cubanos ao Brasil. Isto foi feito com ajuda de uma parcela não desprezível da classe médica (inclusive do então Ministro da Saúde, Alexandre Padilha) brasileira e com o objetivo (hoje explícito) de financiar uma ditadura comunista assassina na “ilha de Fidel Castro”.

Embora parte da classe médica formada por comunistas fanáticos tenha apoiado o golpe do PT contra a saúde dos pacientes do SUS, há que se ressaltar a diferença gritante, o contraste evidente, que existe entre trazer, com objetivos políticos, falsos médicos a um país e apresentar-se como arauto, como expressão máxima de um pensamento falsamente científico.

Depois da declaração do Deputado Federal gaúcho, o país assiste, estarrecido, à saída (demissão) de mais um Ministro da Saúde na semana em que atingimos a marca de 15.633 pessoas mortas (lembremos: no período que vai do final de fevereiro até ontem) em virtude da COVID19.

Nelson Teich exonerou-se, e isso foi noticiado até mesmo no segundo jornal em língua inglesa mais lido na Índia, o “Hindustan Times”, em virtude de desavenças com Jair Bolsonaro no que diz respeito à prescrição de cloroquina para pacientes portadores de Sars-Cov2 que apresentam sintomas leves.

Teich deixou o Governo, ele mesmo o teria dito, porque não quis “manchar sua biografia” apoiando aquilo que comprovadamente não funciona e traz risco de morte aos pacientes. Bolsonaro não tem “biografia” nenhuma como médico. É muito fácil, para ele, dizer o que funciona e o que não funciona quando se trata de medicações para controlar a epidemia que vem matando, nos últimos dias, 800 brasileiros a cada 24 horas.

O que unifica, o que torna comum a “tragédia” e a “farsa” contra pacientes e médicos brasileiros na epidemia que devasta o Brasil e que já existia durante o Regime Petista é a experiência da realidade num mundo em “revolta contra Deus e contra o Homem”.

Em revolta contra Deus e contra o ser humano toda consciência possível deve se dirigir a um mundo perfeito que supostamente existia no passado ou que só pode ser construído no futuro. Para ideologia não existe presente; apenas passado e futuro.

O dinheiro público precisou ser roubado para Cuba durante o Regime Petista para “ajudar a CONSTRUIR o paraíso” (a tônica está no futuro). Brasileiros precisam VOLTAR a trabalhar mesmo que morram para que tudo VOLTE aos “velhos tempos” (tônica do “Mito” está no passado). Todo “Mito” é muito, muito antigo. Os primeiros grandes mitos formadores da civilização ocidental foram criados na Grécia cerca de 2000 anos A.C.

Quem defeca em igrejas, quem vandaliza templos e símbolos religiosos, quem traz falsos médicos cubanos ao país não tem NENHUMA diferença de quem oferece cura da COVID19 com um remédio para malária que pode provocar parada cardíaca, mas que pode fazer as pessoas saírem da “hibernação”, como disse o “Mito”.

Falsos médicos cubanos tinham como objetivo real o financiamento de Cuba; não o atendimento de pacientes pobres no SUS. O uso da cloroquina tem, como sua razão final, a saída do isolamento social e o retorno ao trabalho; não a cura dos pacientes vítimas do novo coronavírus.

Se nem a História nem o “passado” se repetem, é inegável que eles deixam lembranças, que formam nossas memórias e que promovem lições. Mais do que isso: eles deixam resquícios, traços, símbolos, achados arqueológicos do tempo presente e, acima de tudo, linguagens, discursos de ideologias assassinas que, se não são suficientes para compor um sistema de governo e uma percepção da realidade que recriem, que “repitam” o fascismo, o nazismo ou stalinismo, podem ser, aí sim, usados, podem ser “reciclados” pela ralé que um dia formou o Regime Petista e agora pela ralé que forma o Governo do “Mito”.

A Nação está sendo governada por um homem francamente doente, por alguém profundamente desumano, paranoico, portador de um discurso genocida e (também) suicida que vê a si mesmo como portador de uma “missão religiosa” em direção ao passado mas que (em nome desta mesma missão) perdeu todo respeito pela vida humana e por qualquer fundamento divino (e agora científico) dela.

No “mundo de Bolsonaro” a Terra é plana, rock n’ roll é coisa de Satanás, cigarro não faz mal nenhum, o infectologista americano Anthony Fauci quer enriquecer com o antirretroviral Remdesivir e a cloroquina - também um remédio muito antigo - é capaz de curar a COVID19 (doença muito nova).

Não sei se o Governo Bolsonaro chega até fim do mandato, mas acredito, cada vez mais, que o Brasil, que a sociedade brasileira, não chega até o fim do Governo Bolsonaro.

Porto Alegre, 17 de maio de 2020.

Primeira Antinomia no Ensaio do “Sequestro da Ciência”

- Se é verdade que ninguém, desde Hitler e Stálin, até Jair Bolsonaro se “apropriou” do discurso científico por razões ideológicas como agora, o que se deve dizer do discurso ecológico, da mudança de sexo, do aborto e da liberação das drogas feitos pela Esquerda? Não são eles discursos científicos?

Solução da primeira antinomia:

- São, sem dúvida nenhuma, são sim, mas há que se fazer, nestes casos, a seguinte diferenciação: no discurso ecológico a razão final é intervenção econômica, na mudança de sexo é destruição da capacidade de reprodução do indivíduo e da perpetuação da família como unidade fundamental da sociedade, no aborto é o assassinato puro do indivíduo, do homem não político feito pelo animal político (como dizia Aristóteles) que mata.

Na "mudança de sexo", usa-se de falsa ciência mas NÃO se mata quem é animal político. No aborto usa-se do discurso e da tecnologia para MATAR, mas não se consegue matar quem JÁ é cidadão. Dentro do útero TODOS somos seres humanos, mas nem com a maior boa vontade do mundo podemos ser considerados "cidadãos".

Resta ainda a questão da liberação das drogas. Nem mesmo esta questão tem tônica da condenação à morte de quem “já está na fila para morrer” ou o uso de remédios que não funcionam para tratar uma doença mortal como a COVID19.

O canabidiol FUNCIONA em ALGUNS casos de epilepsia refratária – aí NÃO é mentira, é a utilização da verdade científica com objetivo político da Esquerda associada ao interesse econômico do Tráfico de Maconha para criar dependentes da droga que possam ser controlados politicamente. Não se trata de NEGAR a ciência, trata-se de usar de uma verdade científica com objetivo criminoso. É outra coisa.

O abandono à morte de "quem já está na fila para morrer mesmo" e uso do remédio que não funciona para que a população volte ao trabalho é a morte do animal político feita por outro animal político e, aí sim, só em Hitler e Stálin se pode encontrar o paralelismo adequado para o uso da ciência com este objetivo em primeiro lugar.

cardiopires
Enviado por cardiopires em 17/05/2020
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