ELE NÃO É COVEIRO. MAS PODE ENTERRAR O BRASIL

"Se um dia eu for Presidente, fecho o congresso no dia seguinte. Através do voto, você não consegue nada, você só vai mudar se partirmos para uma guerra civil, fazendo o trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil, começando por FHC. Se vai morrer algum inocente, tudo bem". Estas palavras foram ditas por um certo deputado federal chamado Jair Bolsonaro, em 1999. Passados 21 anos, parece que ele ainda tem as mesmas convicções. O problema é que, infelizmente, agora ele se tornou Presidente. E, levando em conta suas recentes atitudes, está convicto de que vai atingir seus objetivos. Bolsonaro não perde a oportunidade de apoiar manifestações antidemocráticas, que pedem rotineiramente o fechamento do congresso, do STF, bem como "intervenção militar com Bolsonaro", além da volta do famigerado AI-5. No último domingo, parecia especialmente empolgado com a manifestação defronte ao Palácio do Planalto. Nas declarações dadas ao vivo, misturou frases como "chegamos ao limite" e "as Forças Armadas estão com o povo e estão também ao nosso lado". Resta saber o que significa chegar ao limite. E a qual povo se refere. Será àquela horda de fanáticos que o cerca, pedindo a volta da ditadura? E qual o significado da presença das bandeiras dos Estados Unidos e de Israel, junto à bandeira nacional? E as agressões a jornalistas? Como se não bastasse, tudo isso acontece no meio de uma pandemia que já se arrasta por meses. Pandemia que também é desafiada sistematicamente pelo ocupante do Palácio do Planalto. Ao visitar padarias, farmácias e até postos de gasolina sem nenhuma proteção, provocando aglomerações sem necessidade, quer mostrar que não tem "medinho" da "gripezinha", levando seus seguidores a acharem que, se o "Messias" não é afetado, ninguém o será. Infelizmente, mais de sete mil brasileiros já não podem dizer o mesmo. Difícil entender tanta insensatez. Talvez um psiquiatra explique. E o país vai seguindo sua sina de ter que lidar com governantes medíocres. Para quem achava que, depois da néscia Dilma Rousseff, tínhamos chegado ao fundo do poço, Bolsonaro vem provar que nada é tão ruim que não possa ser piorado. Há pouco tempo, em uma de suas respostas cavalares aos jornalistas, disse que não era coveiro. Talvez não tenha tanta competência, mas suas atitudes intempestivas e seu pouco apreço pela democracia podem estar cavando uma sepultura. Tomara que seja a dele e não a do Brasil.