Acabando, ou acabou?

Sérgio Moro pediu demissão do Governo Federal. Um governo que sinceramente, nunca coloquei fé. Sim, pois qualquer pesquisa prévia na vida pública do senhor Jair Bolsonaro faria com que o leitor deduzisse que se tratava de mais um destes picaretas populistas de discurso inflamado que arrebanham os menos atentos.

Enquanto militar, Bolsonaro foi preso por alguns dias sob acusação de ameaçar explodir bombas em quartéis. Foi absolvido dois anos depois, num processo interno duvidoso. Tornou-se político, sendo deputado federal por 27 anos e com pouquíssima produtividade. Ganhou notoriedade dando entrevistas inflamadas, com conteúdo misógino, homofóbico e racista. Tais entrevistas seriam repugnantes num país politizado, mas em terra de baixo nível educacional, geraram projeção. Apropriou-se do discurso antipetista com mérito, e provavelmente isso tenha sido o principal fator que o conduzira ao Palácio do Planalto.

E aí, tornou-se Presidente da República. Nomeou quadros técnicos de impacto para alguns ministérios, bem como alguns imbecis para outros. Pois não é que ele está conseguindo se indispor justamente com os técnicos? Enquanto o ex-Ministro da Saúde trabalhava duro no combate à pandemia, o idiota do Ministro da Educação postava imbecilidades nas redes sociais. Adivinhem quem Bolsonaro mandou embora?

Pois agora, Sérgio Moro, Ministro da Justiça, pediu demissão. O motivo? O delegado Maurício Valeixo, homem de confiança do Ministro da Justiça estaria investigando um dos filhos do presidente. E o chefão do Planalto Central, simplesmente "não gostou": Demitiu Valeixo, e por efeito dominó, Moro pediu demissão.

Enfim, Bolsonaro perdeu mais um aliado no governo. Está isolado, sem apoio da imprensa, do Legislativo, dos governadores estaduais. E agora, perde, certamente, um pouco mais de apoio popular. É claro que ainda restará o eleitorado fiel, cuja denominação adotei no texto para não pegar pesado com o fanatismo. Afinal, democracia é democracia!

Mas é bem verdade que este governo está na UTI, entubado e respirando com ajuda de aparelhos. Não é preciso ser analista político para compreender que Bolsonaro aproximou-se mais do impeachment do que da reeleição. Não me surpreendo, pois já havia identificado, faz tempo, seu despreparo. Muitos o notaram somente agora: É uma pena que foi necessário uma pandemia para que, finalmente, alguns passassem a enxergar!

* O Eldoradense