O HOMEM QUE NÃO VENDEU SUA ALMA
O inglês Thomas More foi um dos maiores filósofos da chamada Renascença. Além da grande obra literária que deixou, especialmente no seu livro Utopia, na qual ele critica as desigualdades sociais e principalmente os regimes políticos que as perpetuam (na sua opinião, os regimes despóticos, conduzidos por uma elite indiferente e perdulária que usa a força do Estado somente para benefício próprio), ele foi também um jurista de alto conceito e inabaláveis convicções. Convidado pelo rei Henrique VIII (aquele que teve oito esposas) ocupou o cargo de Lorde Chanceler entre 1529 a 1532, equivalente hoje ao cargo de Primeiro Ministro. Católico convicto, acabou brigando com o rei porque se recusou a aprovar a separação da igreja da Inglaterra da Igreja de Roma. Mais tarde, em 1534, negou seu apoio à pretensão do rei de divorciar-se da sua esposa espanhola Catarina de Aragão, para casar-se com Ana Bolena. Em consequência foi preso e condenado à morte, naquele mesmo ano. Por conta disso ele virou santo em 1932. Essa história foi contada em um filme famoso chamado “O Homem que não vendeu sua alma.”
Longe de mim querer comparar o presidente Bolsonaro com o rei Henrique VIII e o ex-ministro Sérgio Moro com o Chanceler Thomás More. Mas que há paralelos, isso há. Senão vejamos. Bolsonaro é um milico aposentado que sonha com a volta da ditadura militar. Se alguém duvida que toda essa lambança que ele está fazendo, tem como objetivo encaminhar alguma coisa nesse sentido, então pode começar a desconfiar. Inclusive essa de se colocar na contra mão de todos os demais líderes mundiais que recomendam o isolamento social para combater o covit 19. Aqueles que, de início, refutaram essa medida, tiveram depois que decretar estado de calamidade pública, restringindo inclusive o sagrado direito de ir e vir das pessoas. E do estado de calamidade pública ao estado de sítio, o passo é bem curto.
Por seu lado, o ex-juiz e ministro Sérgio Moro (até o nome lembra o filósofo More), embora não seja exatamente um humanista como o grande escritor inglês, mostrou que tem os seus princípios. Pode ser que suas motivações não sejam lá muito santas, já que parece ter um ego maior que as suas próprias ambições. Ele, de fato, nunca negou que seu sonho era ser Ministro do STF. E até renunciou à uma invejada carreira na magistratura para se tornar Ministro da Justiça. Trocou o certo pelo duvidoso, porque, na avaliação dele, isso encurtaria o caminho para a realização desse sonho. Deu com os burros nágua.
Deus foi tão sábio que nunca colocou duas estrelas no mesmo sistema para que uma não ofusque a outra. Ainda bem que, cá no nosso caso, Bolsonaro nunca vai conseguir ser o ditador que gostaria de ser. E nem Sérgio Moro vai virar santo. Shakespeare não escreveu isso, mas que essa história mostra que tem muita coisa podre no reino do Planalto, isso tem.
O inglês Thomas More foi um dos maiores filósofos da chamada Renascença. Além da grande obra literária que deixou, especialmente no seu livro Utopia, na qual ele critica as desigualdades sociais e principalmente os regimes políticos que as perpetuam (na sua opinião, os regimes despóticos, conduzidos por uma elite indiferente e perdulária que usa a força do Estado somente para benefício próprio), ele foi também um jurista de alto conceito e inabaláveis convicções. Convidado pelo rei Henrique VIII (aquele que teve oito esposas) ocupou o cargo de Lorde Chanceler entre 1529 a 1532, equivalente hoje ao cargo de Primeiro Ministro. Católico convicto, acabou brigando com o rei porque se recusou a aprovar a separação da igreja da Inglaterra da Igreja de Roma. Mais tarde, em 1534, negou seu apoio à pretensão do rei de divorciar-se da sua esposa espanhola Catarina de Aragão, para casar-se com Ana Bolena. Em consequência foi preso e condenado à morte, naquele mesmo ano. Por conta disso ele virou santo em 1932. Essa história foi contada em um filme famoso chamado “O Homem que não vendeu sua alma.”
Longe de mim querer comparar o presidente Bolsonaro com o rei Henrique VIII e o ex-ministro Sérgio Moro com o Chanceler Thomás More. Mas que há paralelos, isso há. Senão vejamos. Bolsonaro é um milico aposentado que sonha com a volta da ditadura militar. Se alguém duvida que toda essa lambança que ele está fazendo, tem como objetivo encaminhar alguma coisa nesse sentido, então pode começar a desconfiar. Inclusive essa de se colocar na contra mão de todos os demais líderes mundiais que recomendam o isolamento social para combater o covit 19. Aqueles que, de início, refutaram essa medida, tiveram depois que decretar estado de calamidade pública, restringindo inclusive o sagrado direito de ir e vir das pessoas. E do estado de calamidade pública ao estado de sítio, o passo é bem curto.
Por seu lado, o ex-juiz e ministro Sérgio Moro (até o nome lembra o filósofo More), embora não seja exatamente um humanista como o grande escritor inglês, mostrou que tem os seus princípios. Pode ser que suas motivações não sejam lá muito santas, já que parece ter um ego maior que as suas próprias ambições. Ele, de fato, nunca negou que seu sonho era ser Ministro do STF. E até renunciou à uma invejada carreira na magistratura para se tornar Ministro da Justiça. Trocou o certo pelo duvidoso, porque, na avaliação dele, isso encurtaria o caminho para a realização desse sonho. Deu com os burros nágua.
Deus foi tão sábio que nunca colocou duas estrelas no mesmo sistema para que uma não ofusque a outra. Ainda bem que, cá no nosso caso, Bolsonaro nunca vai conseguir ser o ditador que gostaria de ser. E nem Sérgio Moro vai virar santo. Shakespeare não escreveu isso, mas que essa história mostra que tem muita coisa podre no reino do Planalto, isso tem.