No conto “A Guerra dos Mundos”, o escritor inglês H.G. Wells descreve uma guerra interplanetária, na qual os marcianos invadem a terra e ameaçam destruir a raça humana com terríveis armas. Nem com bombas atômicas os terrestres conseguem confrontá-los, pois os invasores estão tecnicamente muito mais avançados do que nós. A humanidade parece estar em vias de extinção com toda a população dizimada e as cidades destruídas. Quando tudo parece perdido, os horríveis monstros de Marte começam a morrer. Em poucos dias, os belicosos invasores estavam todos mortos e suas temíveis armas e máquinas paralisadas. Analisadas as causas da morte, constatou-se que eles haviam sido contaminados por bactérias, que causaram infecções em seus organismos. Assim, as bactérias, às quais o próprio organismo humano já está imune, salvaram a humanidade da extinção.
A única coisa no mundo que merece a nossa fascinação de verdade é a vida. Deus já a construiu com suas próprias armas de defesa. Por mais que nossa insensatez invente armas cada vez mais poderosas para destruí-la, ela sempre se defenderá e sobreviverá, malgrado os ataques mais cruéis, mais devastadores que contra ela sejam dirigidos, seja por quem for, inclusive nós mesmos. A vida é fascinante. Ela é, ao mesmo tempo, a mais simples das estruturas que Deus pôs no mundo e também a mais complexa. É tão simples que todo o seu software cabe numa minúscula célula, o zigoto, e tão complexa que até hoje sua estrutura não foi mapeada a contento, malgrado todo o avanço da ciência humana.
Que os nossos governantes se lembrem disso ao decidir sobre questões que envolvem a vida das pessoas. O presidente Bolsonaro faz bem em pensar nos estragos que o isolamento social vai provocar na economia brasileira. Dada as condições que uma boa parte do povo brasileiro vive, é bem possível que a paralisação do país possa provocar algumas mortes pela fome ou pela falta de tratamento médico, já que a grande maioria dos recursos estará mobilizada para o combate da pandemia. É uma opção difícil de fazer. Mas toda decisão implica num risco e numa renúncia, pois ao optar por uma medida, nós, implicitamente estamos descartando outras. No caso, o mundo inteiro vem optando pelo cuidado com a saúde, porque, bem ou mal, a riqueza que se perde com crises como a que estamos enfrentando pode ser recuperada, mas as vidas que essa pandemia vai tirar, não. O importante é expurgar desse debate as questões ideológicas e as nossas simpatias políticas para evitar que a contaminação das nossas mentes acabe sendo um mal maior do que a doença que o corona vírus provoca. É bom lembrar que a vida não tem ideologia. Ela não é de direita, nem de esquerda. Ela só quer condições propícias para se manifestar e evoluir. Um pouco de razão e sensibilidade, neste caso, faz toda a diferença.