Vamos lá
Vamos lá
Depois de um tempo para refletir, analisar dados, conversar com alguns especialistas em determinadas áreas, vide 2 médicos infectologistas/imunologistas, um médico que está na linha de frente lá no Einstein, que não é da área específica, mas está lá, no campo de batalha, falei com alguns agentes do mercado econômico, de diversas áreas e falei, até, com um amigo meu de infância, que trabalha com matemática e estatística.
Além disso, acompanhei de perto a evolução dos números de infectados e mortos aqui no BR e no resto do mundo.
Analisei também a política que vem sendo adotada por alguns países, quanto à contenção. Estudei em particular, Brasil, Itália, Espanha, Alemanha, Israel, Peru, Colômbia, Reino Unido, Suécia e Dinamarca. Não foi fácil. Prefiro ir às fontes primárias e não me basear na mídia, ou seja, foi muito site aberto em línguas que não domino, como o dinamarquês, por exemplo. Mas, faz parte.
No mais, estudei as medidas tomadas pela equipe econômica da União nos últimos dias e acabei de finalizar a análise do Decreto-Legislativo que foi aprovado na Câmara e está sendo aprovado no Senado, que determina CALAMIDADE PÚBLICA.
Bom, quanto à contenção, BR, ontem, fechou fronteiras terrestres com 8 países. Falta, apenas o Uruguai, que será objeto de um decreto específico. Faltaria, ainda, fecharem pelos meios de transporte aéreos e marítimos.
Ai já vêm alguns pontos. Como se sabe, as cias aéreas vão quebrar. Ok, para muitos, economia em segundo lugar. Digo, para muitos, porque, para mim, economia mata mais do que qualquer coisa (o tal "vírus da fome" é o mais letal de todos – não seja estúpido e não me traga números sobre casos de mortes por inanição apenas, já que o buraco é muito mais embaixo - a má alimentação é uma das maiores causas para uma série de outras doenças).
De qualquer forma, acho, necessária, UMA FORTE TRIAGEM, nos aeroportos, inclusive, fazendo os testes (que saem em 1 ou 2 dias) em todos que chegarem. Alguns voos devem mesmo ser cancelados, o que não é um problema tão grande como parece porque os outros países, muitos deles, já o fizeram, ou seja, menos voos de fora estão vindo de qualquer forma.
Quanto às fronteiras marítimas, muitos insumos e produtos acabados vêm de fora, ou seja, impossível fechar, mas, certamente, triagens e inspeções são necessárias.
Quarentena forçada. É uma boa? Bom, aí, há diversas discussões.
Concordo com o maior distanciamento/isolamento social. Concordo em fechar comércio “não essencial” por um tempo. O “não essencial” está entre aspas, porque todo comércio é ESSENCIAL ao seu dono e aos empregados que ali trabalham, mas ok.
Incentivar e-commerce pode ser uma boa. Mas, lembre-se de duas coisas. Nem todo comércio tem um e-commerce estruturado. No mais, e pode parecer uma bobeira, mas já parou para pensar que o entregador do ifood ou o cara que vem te entregar a TV que você comprou nas Casas Bahia podem não ter lavado a mão com o álcool em gel, que está custando R$ 40,00? Ou seja, estimule esse tipo de comércio, mas redobre os cuidados de sua higiene.
Importante ressaltar que países como UK e Dinamarca (acho que ninguém vai falar que UK e Dinamarca são paisecos) estão adotando a política chamada “de rebanho”, ou seja, sem quarentena. Isola-se, apenas, os que estão com sintomas. Quem está certo? Não sei. Talvez, venhamos a saber em breve.
Ou seja, com alguns ajustes, o país está acertando nas medidas de contenção. Para os que falarem sobre o governo, supostamente, ter demorado demais para tomar certas medidas, lembro de duas coisas. 1. quando JB tentou em agosto de 2018 fechar a fronteira coma Venezuela, o STF barrou; e 2, onde estavam vocês durante o Carnaval, quando o surto já era enorme na China e já tinha se espalhado para Coréia, Tailândia e Itália? Alguém falava em medidas de contenção?
Pois bem. Vamos falar das medidas econômicas. O governo federal acertou em cheio. Óbvio que sempre podem ser aprimoradas e muito disso pode vir espontaneamente do setor privado (desde as mais simples, como a Claro/Net abrindo seus canais até renegociações de dívida, baixa de juros por parte de bancos, etc.)
Quanto às medidas tomadas por Guedes e cia:
1 – liberação de parte do que seria recebido com seguro-desemprego para quem tiver jornada reduzida com redução de salários;
2- antecipação do pagamento de abono salarial e 13º;
3 – antecipação do pagamento do BPC
4 – aumento no Bolsa-Família
5 – suspensão da visita de prova de vida e perícia oficial para o recebimento de aposentadorias, mesmo as por invalidez;
6 – saque de parte do FGTS;
7 – redução do limite dos juros a serem praticados nos empréstimos consignados (de 2,08% para 1,8%);
8 – INSS banca os 15 primeiros dias do afastamento do trabalho por auxílio-doença (isso era pago pelo empregador);
9- postergação do prazo, em 3 meses, para as empresas recolherem o FGTS de seus funcionários, bem como a parte da União, no Simples Nacional;
10 – redução do valor da contribuição do chamado “Sistema S”;
11 – redução/anulação de impostos federais em uma série de produtos, em especial os médicos e farmacológicos; e
12 – crédito barato para micro e pequenas empresas.
No mais, A CEF vai atuar liberando crédito barato para o setor imobiliário e para o setor agrícola, além de comprar carteira de consignado de bancos que venham a ter problemas, para que os bancos não quebrem e se crie uma crise sistêmica.
Eu, particularmente, tenho, também, algumas sugestões de medidas, mas não vêm ao caso e podem ser objeto de outro texto. Mas, fato é: O GOVERNO FEZ MUITO! E FEZ BEM!
Mas tem mais. O Decreto-Legislativo de Calamidade Pública foi aprovado. O que isso significa?
Significa que o governo pode gastar MAIS QUE O TETO constitucional.
Isso merece algumas observações. TODOS CONCORDAMOS QUE, EM PRIMEIRO LUGAR, ESTÃO AS VIDAS! Contudo, saibam que vamos pagar um preço por gastar demais. DE NOVO, VALEM MAIS AS VIDAS!
Já está cheio de governador com o pinico na mão pedindo grana extra para o governo federal. Aí pergunto: Essa grana vai ser usada, E BEM, apenas para o combate à epidemia? Já imaginaram o que não vai ter de desvio? Não se esqueçam que em tempos como esse, a compra de equipamentos, contratação de obras e compra de materiais e insumos hospitalares SERÃO FEITOS SEM LICITAÇÃO!!! Alguém aí duvida que terá caso de superfaturamento? Além disso, não se esqueçam que estamos em ano eleitoral. Ou seja, vai ser dureza e vai ter muito fdp se aproveitando. Mas, OK. O IMPORTANTE SÃO AS VIDAS.
Mas preciso terminar explicando uma coisa.
O Orçamento desse ano já previa um déficit primário de 120bi de Reais. Esse déficit vai ser MUITO MAIOR. Vai ser maior, porque as receitas serão menores (economia parada não só aqui como no mundo) e despesas imensamente maiores. Déficit maior significa mais contração de dívida. Maior contração de dívida, significa maior despesas com juros da dívida e, provavelmente, maiores taxas de juros também (a Selic deverá subir no meio do ano para equilibrar tudo isso). No mais, o Dólar sempre sobe durante crises e, nesse caso, com redução de produção, pode, sim, pressionar a inflação.
Deixe-me falar para vocês o que isso significa. Significa inflação mais alta, juros mais altos, menos investimentos, menor crescimento, menor criação de emprego e o resto vcs já sabem. Perceberam que é a trajetória contrária à que estávamos indo, né?
O único contraponto, que pode ajudar um pouco a não desacelerar tanto o crescimento é o agro. Vamos exportar muita comida pro mundo. Muita. E, pasmen, o Dólar nas alturas é o que vai nos salvar! Sinceramente, não há como falar agora pq não sabemos até onde vai, mas eu acredito em PIB positivo e superior ao que os “analistas” vêm falando, justamente por conta do agro e do Dólar alto. E que suba mais, para nos ajudar a sair da crise mais rápido.
Resumo da ópera: passaremos pela epidemia. Alguns morrerão, a grandessíssima maioria não. Mas ninguém vai poder falar que o Governo não atuou, cortando na própria carne.
Mas, anota aí: lá no fim do ano (talvez antes, por conta das eleições de outubro) você só vai ouvir de esquerdista, isentão e mídia, QUE HOJE RECLAMAM DA INÉRCIA DO GOVERNO, berros a plenos pulmões que o “PIBINHO”, que a alta da inflação, que a alta da Selic e do Dólar alto são culpa da política liberal do Guedes e do JB.
Hei de dizer que, nesse momento, permitir-me-ei sair às ruas com um bastão de baseball arrebentando cabeças desses bonecos falantes.
(Fernando Vaisman)