CAPITÃO ADRIANO: O PRESENTE INSÓLITO DA POLÍCIA DO PT À FAMÍLIA BOLSONARO
Bem na região missioneira do RS, que tem São Luiz Gonzaga como um dos seus epicentros, existe um pajador e cantador que ficou famoso não apenas pelo seu talento, mas também pelos regalos que oferecia àqueles que considerava seus amigos verdadeiros. Isso era comum nos aniversários. Se algum desses parceiros completava o ciclo natalício, o vivente oferecia um presente inusitado:
— Meu amigo, tu sabes que eu ando cortado dos pilas e não posso te dar um presente merecido. Mas se tu tiveres alguém que seja teu desafeto, se quiseres dar uma surra nesse sujeito, me fala que eu dou uma paliça nele e te ofereço de presente.
Essa história me veio a propósito do ocorrido na Bahia, onde a polícia estadual fez um cerco e assassinou o ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega, aliado histórico e incômodo da família Bolsonaro. Ele era acusado de ser um chefes das milícias do Rio de Janeiro e já empregara como funcionárias fantasmas sua esposa e mãe no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente, o qual já fora assistir a um júri do miliciano em solidariedade a ele.
O ex-capitão era um arquivo vivo por demais inconveniente para a família Bolsonaro porque repassava parte das verbas recebidas por sua família para o assessor Fabrício Queiroz, o fazia-tudo de Flávio Bolsonaro, por meio de empresas que ele dirigia. Conhecia todas as falcatruas da família organizada, bem como todo o sistema para esquentar o dinheiro das rachadinhas, valores retomados dos destinatários inseridos na folha de pagamento. Diga-se de passagem que muitos partidos usavam esse sistema de “rachid”, inclusive o PT. Deve ser isso que inspirou uma solidariedade capaz de unir os oponentes, que têm mais em comum do que se imagina.
A corrupção não tem partido nem agremiação, mas tem um espírito corporativo muito forte. Essa coisa de ter gente processada, presa, obrigada a devolver o dinheiro arduamente amealhado por meio de ilicitudes, é um abuso de poder e fere as garantias individuais desses sacripantas. Esse elo pode unir petistas e bolsonaristas e é mais natural do que o discurso que ele gostam de disseminar para enganar os incautos.
Essa união está na base da operação feita pela polícia baiana para “prender” o capitão Adriano. Segundo se sabe até agora, com a presença de alguns agentes da Polícia Civil fluminense, mas com a condução dos policiais da terra primeva. Conforme a versão oficial, o “acuado” teria resistido a tiros e então foi morto pelos policiais em “legítima defesa”. Outro daqueles famigerados “autos de resistência”.
Interessante é que, até agora, não há detalhes convincentes sobre essa investida que era para cerca de 70 prender um. Com toda a tecnologia, não há vídeos. A perícia preliminar não corrobora a versão oficial. Os especialistas apontam que a tática que teria sido utilizada não está correta, porque apenas o cerco já obrigaria o capitão a se entregar ou enfrentar o esgotamento de sua condição de sitiado. O próprio Adriano já havia advertido que o único interesse das forças policiais era matá-lo. Conseguiram.
O que pode ser considerado insólito é um governo do PT entregar um cadáver sem voz para as autoridades, o qual não pode mais ser ouvido sobre o que viu, viveu e presenciou. Essa cortesia é de causar espécie, mas não de se fazer estranhar a lógica de que os corruptos se protegem. Até as facções criminosas precisam ter uma política de boa vizinhança para não serem alcançados em suas condutas reprováveis. O PT, que se especializou em produzir cadáveres internos para ocultar suas vilanias, vide Toninho do PT (Campinas) e Celso Daniel (Santo André), agora também está usando sua expertise para ajudar a família corrupta de Jair Bolsonaro. Parece que até Fabrício Queiroz já está se cuidando dos “companheiros”. Jair Bolsonaro, que já fez parte da base aliada de Lula, está muito grato por esse favor que só os verdadeiros “parças” são capazes de prestar. E dê-lhe jogo de cena porque o roteiro, embora pobre, é verossímil para os embaçados de mente.
Bem na região missioneira do RS, que tem São Luiz Gonzaga como um dos seus epicentros, existe um pajador e cantador que ficou famoso não apenas pelo seu talento, mas também pelos regalos que oferecia àqueles que considerava seus amigos verdadeiros. Isso era comum nos aniversários. Se algum desses parceiros completava o ciclo natalício, o vivente oferecia um presente inusitado:
— Meu amigo, tu sabes que eu ando cortado dos pilas e não posso te dar um presente merecido. Mas se tu tiveres alguém que seja teu desafeto, se quiseres dar uma surra nesse sujeito, me fala que eu dou uma paliça nele e te ofereço de presente.
Essa história me veio a propósito do ocorrido na Bahia, onde a polícia estadual fez um cerco e assassinou o ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega, aliado histórico e incômodo da família Bolsonaro. Ele era acusado de ser um chefes das milícias do Rio de Janeiro e já empregara como funcionárias fantasmas sua esposa e mãe no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente, o qual já fora assistir a um júri do miliciano em solidariedade a ele.
O ex-capitão era um arquivo vivo por demais inconveniente para a família Bolsonaro porque repassava parte das verbas recebidas por sua família para o assessor Fabrício Queiroz, o fazia-tudo de Flávio Bolsonaro, por meio de empresas que ele dirigia. Conhecia todas as falcatruas da família organizada, bem como todo o sistema para esquentar o dinheiro das rachadinhas, valores retomados dos destinatários inseridos na folha de pagamento. Diga-se de passagem que muitos partidos usavam esse sistema de “rachid”, inclusive o PT. Deve ser isso que inspirou uma solidariedade capaz de unir os oponentes, que têm mais em comum do que se imagina.
A corrupção não tem partido nem agremiação, mas tem um espírito corporativo muito forte. Essa coisa de ter gente processada, presa, obrigada a devolver o dinheiro arduamente amealhado por meio de ilicitudes, é um abuso de poder e fere as garantias individuais desses sacripantas. Esse elo pode unir petistas e bolsonaristas e é mais natural do que o discurso que ele gostam de disseminar para enganar os incautos.
Essa união está na base da operação feita pela polícia baiana para “prender” o capitão Adriano. Segundo se sabe até agora, com a presença de alguns agentes da Polícia Civil fluminense, mas com a condução dos policiais da terra primeva. Conforme a versão oficial, o “acuado” teria resistido a tiros e então foi morto pelos policiais em “legítima defesa”. Outro daqueles famigerados “autos de resistência”.
Interessante é que, até agora, não há detalhes convincentes sobre essa investida que era para cerca de 70 prender um. Com toda a tecnologia, não há vídeos. A perícia preliminar não corrobora a versão oficial. Os especialistas apontam que a tática que teria sido utilizada não está correta, porque apenas o cerco já obrigaria o capitão a se entregar ou enfrentar o esgotamento de sua condição de sitiado. O próprio Adriano já havia advertido que o único interesse das forças policiais era matá-lo. Conseguiram.
O que pode ser considerado insólito é um governo do PT entregar um cadáver sem voz para as autoridades, o qual não pode mais ser ouvido sobre o que viu, viveu e presenciou. Essa cortesia é de causar espécie, mas não de se fazer estranhar a lógica de que os corruptos se protegem. Até as facções criminosas precisam ter uma política de boa vizinhança para não serem alcançados em suas condutas reprováveis. O PT, que se especializou em produzir cadáveres internos para ocultar suas vilanias, vide Toninho do PT (Campinas) e Celso Daniel (Santo André), agora também está usando sua expertise para ajudar a família corrupta de Jair Bolsonaro. Parece que até Fabrício Queiroz já está se cuidando dos “companheiros”. Jair Bolsonaro, que já fez parte da base aliada de Lula, está muito grato por esse favor que só os verdadeiros “parças” são capazes de prestar. E dê-lhe jogo de cena porque o roteiro, embora pobre, é verossímil para os embaçados de mente.