A LÓGICA DA HIPOCRISIA
O tráfico de drogas tornou-se uma questão de Estado. Os traficantes são o que podemos chamar, hoje, de quinto poder. Esse poder está no fato de eles serem os únicos controladores de uma indústria poderosa, que movimenta bilhões de dólares no mundo todo. Com tanto dinheiro eles compram aliados no executivo, no legislativo e no judiciário. Nos países produtores e distribuidores de drogas, os governos abdicaram do poder de controlar esse mercado, preferindo praticar uma pífia repressão, assemelhada à uma guerrilha urbana, que aliás, estão perdendo de goleada.
Em tudo isso há uma lógica absurda que nossos governantes teimam em não querer entender. Drogas, assim, como álcool, tabaco, jogo clandestino e outros prazeres socialmente condenáveis, são produtos que a sociedade moderna deseja consumir. Enquanto houver mercado para eles, haverá quem os queira produzir e distribuir. E quanto mais reprimido for, com aquisição dificultada, mais valor esse produto terá no mercado.
A política de repressão ao tráfico de drogas se fundamenta na lógica hipócrita do comportamento politicamente correto. Correto para quem? Não para o povo certamente, mas para velhas oligarquias que ainda pensam estar no século dezenove e acham que proibir é mais eficiente que educar. Essa moral hipócrita também carimbou homossexualismo como doença, fechou cassinos, que geravam renda e emprego para milhares de pessoas, e impede a reforma do nosso esdrúxulo código penal.
Não estamos defendendo a liberação do tráfico de entorpecentes. Mas seria interessante começar a discutir uma opção de controle social e econômico sobre esse mercado, pois ele veio para ficar, e não será a repressão pura e simples, que vai resolver o estrago que ele causa.
Será que os funcionários dos fiscos, federal, estadual e municipal, tão competentes para identificar sonegadores de impostos não seriam mais eficientes para controlar esse mercado do que a nossas mal equipadas forças policiais? Para o governo não seria melhor recolher impostos sobre esse tráfico do que gastar uma imensidade de recursos públicos para reprimi-lo? Um consumidor de drogas, sabendo que pode adquiri-la na farmácia, vai querer se envolver com bandidos, arriscando a vida para obtê-las? Os fornecedores continuariam se matando uns aos outros para controlar esse mercado se ele fosse difuso?
Todo produto está sujeito á lei da oferta e da procura, mas nossa legislação criminaliza a oferta e tolera a procura. Se é o consumidor que justifica a existência do produto, por que quem vende é criminoso e quem compra é tratado como doente?
Talvez seja hora de a nossa sociedade começar a discutir essa questão com um pouco mais de inteligência e menos hipocrisia. O diabo, se ele existe, com certeza será diferente da visão que dele tinham os padres medievais. Foi a luz elétrica, e não a Igreja, que exorcizou os fantasmas que assustavam nossas avós. Quem sabe o foco de uma lanterna sobre essa questão não nos traga melhores resultados do que o clarão das armas e a sombra sinistra das masmorras?
O tráfico de drogas tornou-se uma questão de Estado. Os traficantes são o que podemos chamar, hoje, de quinto poder. Esse poder está no fato de eles serem os únicos controladores de uma indústria poderosa, que movimenta bilhões de dólares no mundo todo. Com tanto dinheiro eles compram aliados no executivo, no legislativo e no judiciário. Nos países produtores e distribuidores de drogas, os governos abdicaram do poder de controlar esse mercado, preferindo praticar uma pífia repressão, assemelhada à uma guerrilha urbana, que aliás, estão perdendo de goleada.
Em tudo isso há uma lógica absurda que nossos governantes teimam em não querer entender. Drogas, assim, como álcool, tabaco, jogo clandestino e outros prazeres socialmente condenáveis, são produtos que a sociedade moderna deseja consumir. Enquanto houver mercado para eles, haverá quem os queira produzir e distribuir. E quanto mais reprimido for, com aquisição dificultada, mais valor esse produto terá no mercado.
A política de repressão ao tráfico de drogas se fundamenta na lógica hipócrita do comportamento politicamente correto. Correto para quem? Não para o povo certamente, mas para velhas oligarquias que ainda pensam estar no século dezenove e acham que proibir é mais eficiente que educar. Essa moral hipócrita também carimbou homossexualismo como doença, fechou cassinos, que geravam renda e emprego para milhares de pessoas, e impede a reforma do nosso esdrúxulo código penal.
Não estamos defendendo a liberação do tráfico de entorpecentes. Mas seria interessante começar a discutir uma opção de controle social e econômico sobre esse mercado, pois ele veio para ficar, e não será a repressão pura e simples, que vai resolver o estrago que ele causa.
Será que os funcionários dos fiscos, federal, estadual e municipal, tão competentes para identificar sonegadores de impostos não seriam mais eficientes para controlar esse mercado do que a nossas mal equipadas forças policiais? Para o governo não seria melhor recolher impostos sobre esse tráfico do que gastar uma imensidade de recursos públicos para reprimi-lo? Um consumidor de drogas, sabendo que pode adquiri-la na farmácia, vai querer se envolver com bandidos, arriscando a vida para obtê-las? Os fornecedores continuariam se matando uns aos outros para controlar esse mercado se ele fosse difuso?
Todo produto está sujeito á lei da oferta e da procura, mas nossa legislação criminaliza a oferta e tolera a procura. Se é o consumidor que justifica a existência do produto, por que quem vende é criminoso e quem compra é tratado como doente?
Talvez seja hora de a nossa sociedade começar a discutir essa questão com um pouco mais de inteligência e menos hipocrisia. O diabo, se ele existe, com certeza será diferente da visão que dele tinham os padres medievais. Foi a luz elétrica, e não a Igreja, que exorcizou os fantasmas que assustavam nossas avós. Quem sabe o foco de uma lanterna sobre essa questão não nos traga melhores resultados do que o clarão das armas e a sombra sinistra das masmorras?