Lente de aumento sobre mídia e mentirosos
Com o descrédito generalizado da mídia velha, grande, "tradicional", mainstream, buscamos sites, Youtubers e perfis da direita que vão atrás das fontes reais para podermos ter informação verdadeira. Tudo o que é dito hoje se espalha como rastilho de pólvora, para o bem ou para o mal e, sem perder tempo, para evitar a perda do domínio da narrativa, foram criadas agências de fact checking, mas seriam elas confiáveis?
Uma das mais recentes, criada em 2015, porém das mais famosas, é a agência Lupa. Em seu corpo diretivo, jornalistas com um grande currículo na mídia que propositalmente comeu estas bolas enormes:
1) escondeu a existência do Foro de São Paulo, atual Grupo de Puebla, desde o seu surgimento em 1990;
2) nunca investigou a existência de compra de votos no congresso nos mandatos petistas, apesar das inúmeras fontes protegidas, pois só soubemos do primeiro caso, o mensalão, porque um dos envolvidos resolveu abrir a boca;
3) nunca investigou o petrolão, do qual soubemos por denúncia à justiça, não por um inexistente jornalismo investigativo;
Todos os jornalistas da referida agência passaram (ou permanecem) em veículos poderosos como OESP, Folha, Globo, GloboNews, CBN etc, lecionam ou lecionaram em famosas escolas de jornalismo, além de receberem contribuições financeiras de órgãos da ONU para pesquisas.
Tudo gente importante e acima de qualquer suspeita, né?
Nem tudo o que reluz é ouro
Há muitos exemplos de checagem de fatos, mas vou ficar em um porque a maioria sabe do que se trata: o Diário do C. do Mundo, blog da ultra esquerda que, como vários outros, recebeu dinheiro do governo petista (dinheiro nosso), publicou uma matéria checada pela tal agência em que verificava se as palavras de Bolsonaro eram verdadeiras quando, em entrevista a vários veículos, afirmou não ter foro privilegiado. A agência disse que ele mentiu pois todos os parlamentares têm foro privilegiado.
Agora atentemos aos fatos: no famoso imbróglio com a deputada petista, defensora do assassino e estuprador Champinha, a deputada, interrompendo a entrevista que o então deputado Jair Bolsonaro concedia a uma emissora de TV, chama-o de estuprador repetidas vezes, ocorre um bate-boca e ele termina dizendo "não te estupro porque você não merece."
O episódio é conhecido de todos, JB não levou a deputada mentirosa e agressiva ao conselho de ética e, pelo contrário, foi ele o denunciado, sem nenhum respeito ao foro privilegiado a que ele teria direito e acabou perdendo a ação e pagando uma indenização. Estes são os fatos, mesmo que, teoricamente, todo deputado e senador usufrua do direito ao tal foro.
Estas são as agências conhecidas por checagem de fatos, mas fazem um grande serviço de desinformação. Como conseguem?
1) Histórico:
Pela internet, pessoas divulgam textos dizendo que tal produto de tal marca, muito comum e consumido por muita gente, tem um componente assim ou assado que é veneno e você não pode deixar seus filhos comerem mais aquilo. Todo mundo já recebeu uma besteira dessas, típico terrorismo psicológico que já pegou muitos tontos há alguns anos. Aí você vai checar no Google e os sites e-farsas e boatos-org confirmam que é mentira, porque obviamente é mentira.
Estes textos imbecis, paranóicos, surreais, adestraram muita gente a tomar por confiáveis estes sites que desmentem a mentira óbvia que os trouxas acreditaram e divulgaram, poluindo o espaço de comunicação.
No entanto, num país de episódios surrealistas como o Brasil, nem sempre conseguimos acreditar de imediato em situações que deveriam estar nos livros de Kafka e, sem ter como esclarecer os fatos, alguém já ameniza a situação dizendo "é fake" e colando o link do desmentido. Mas nem sempre o desmentido é a verdade.
2) Agências reguladoras do pensamento:
As agências de fact checking funcionam como polos de controle do pensamento e são filhas do ódio ao conhecimento e à verdade.
Um exemplo recente foi um post que apareceu como print e foi bem divulgado, afirmando que Maia pediu na Câmara um minuto de silêncio pela morte do terrorista. Obviamente mentira, visto que o congresso está em recesso até fevereiro.
É possível que o tal print seja uma criação em Photoshop de um perfil que nem exista, mas foi feito para a direita, louca por um motivo contra Maia, cair na mentira, divulgar e dar razão à esquerda que afirma sermos divulgadores de fake news, abrindo ainda mais o caminho para a censura nas redes.
Sendo assim, aceitamos a corda que nos jogam para nosso próprio enforcarmento.
3) Como prevenir?
Não é possível termos uma rede de proteção para cada um que acredite em mentiras e divulgue balelas, isto seria o outro lado do controle social que combatemos. Mas é possível verificar sites ou perfis que se pretenda compartilhar. A velha recomendação ajuda: "na dúvida, não ultrapasse."
A busca pelo conhecimento não é feita de notícias do cotidiano imediato, a mania brasileira de ser o primeiro em tudo, mas da procura das raízes, das causas. Em literatura, falamos do "personagem-tipo", aquele que é sempre o mesmo, que comete os mesmos erros, que não aprende nunca. Este personagem é o típico das novelas que adestraram o Brasil a conformar-se sem questionar nada, a ser o bonzinho muito burro nas mãos do malvadinho menos burro.
Muitos, ao longo das últimas décadas de estupidificação em massa, foram contaminados e parecem não ter salvação, mas a salvação existe pela disposição individual e interna de buscar a verdade. E ela não está nos sites das agências reguladoras do pensamento, nem nas notícias imediatas, mas na reflexão, na leitura meditada, na contestação, no questionamento, na oração que pede discernimento.
Da mesma forma que exigimos o fim das agências reguladoras de nossas necessidades cotidianas, também devemos exigir o fim das agências de controle do pensamento, mais conhecidas como fact checking. (LC)