Taxação de aposentados

NOTA: este texto foi originalmente publicado no jornal comunitário "Metropress", do Rio de Janeiro, em seu número 311, de maio de 2003.

TAXAÇÃO DE APOSENTADOS

Miguel Carqueija

Repetindo o que havia tentado sem sucesso o governo FHC, o governo Lula propõe agora a taxação de aposentados, indevidamente chamados “inativos”. Esta medida é completamente descabida se respeitarmos a lógica, como é fácil demonstrar.

De fato, a lógica da contribuição ao INSS é a aposentadoria. O trabalhador contribui para se aposentar e a aposentadoria não é um benefício, mas um prêmio de seguro. Ao Estado, que a rigor nem deveria ser o dono da Previdência (pois a mesma deveria ser uma cooperativa administrada pelos que a pagam, trabalhadores, aposentados, pensionistas e empresários), mas apenas seu fiscal, resta a obrigação de bem administrar os valores que lhe são confiados, sem desviá-los para outros fins, sem defasá-los. Continuar pagando após a aposentadoria não faz sentido a não ser que o objetivo seja uma segunda reforma, esta no Céu...

Como antes o PT era contra esse descalabro, convém lembar aquelas palavras de Cristo a respeito dos fariseus: “Façam o que eles dizem, mas não o que eles fazem”.

Será justo sacrificar sempre o povo já tão espoliado em seus direitos, para garantir o pagamento interminável e certo ao Mercador de Veneza (perdão, FMI?)? Pois a dívida externa, já se sabe, é também eterna: quanto mais se paga mais se deve. E se usa isso para justificar o arrocho ao povo.

(Metropress 311, maio de 2003)