Uma questão de coerência – parte 5

Ainda é preciso fazer mais uma observação sobre a refutação ao texto “uma questão de coerência”.

Dentre os inúmeros fatores que influenciam a ação humana, é preciso trazer a esta discussão o meio. Há pessoas que se deixam influenciar pelo meio e o meio determina suas ações. Já há pessoas que reconhecem o meio e procuram em seus princípios meios de fazer o meio melhor.

Tudo é uma questão de como se colocar.

Em uma exposição de ideias, é preciso, antes de tudo, respeitar quem expõe a ideia, quem a coloca, ainda que não concordemos. É preciso respeitar, pois do outro lado há uma pessoa, que, como qualquer outra pessoa, está em busca de conhecer-se, de religar-se a algo transcendental, etéreo, sublime.

Com certeza discordaremos de muitas pessoas na nossa caminhada, em razão das ideias que cada um tem. Mas por certo, temos de respeitá-las e respeitar as ideias. Se houver vontade de questionar, que o faça com respeito à pessoa. Ideias vêm e vão e certamente o debate delas trará oportunidade aos debatedores de se aprofundarem no tema, aprenderem e, se for o caso, mudar de opinião.

Para quem observa, surge a oportunidade de analisar ideias. E o debate pode se tornar ainda mais rico, se mais pessoas participarem e expuserem suas visões sobre o tema debatido. Sempre em busca da essência do tema, aquilo que lhe é intrínseco, natural.

No caso em questão, o debate é sobre se o regime monárquico poderia ou não ser útil ao Brasil atual. Ora, a instabilidade não permite que haja desenvolvimento sólido. Basta, para isso, analisar a engenharia. Um terreno instável não serve para suportar uma construção. É preciso estabilizar o terreno para que se edifique alguma coisa nesse terreno. Na política, a ideia é a mesma. Como construir uma sociedade melhor se há instabilidade constante nos meios governamentais?

A ideia da monarquia é trazer esse conceito, o da estabilidade, o da segurança, sem afrontar a liberdade de escolha, como ocorre em várias repúblicas “democráticas” que vemos hoje em dia.

Essa é a ideia primordial do texto originário. Se quiser debater ideias, que as ideias sejam debatidas. Jamais partir para agressão. Agredir talvez seja a falta de ideia, ou a necessidade de se fazer ouvir, ou seja lá o que for. Partir para agressão no debate de ideias é falta de ideias. É simples assim. É não saber debater e respeitar a pessoa com quem se debate. E mais, é pensar que, através da agressão, mostra-se uma ideia melhor. Mas não é isso que acontece.

Uma pena que ainda se busque esse meio para se expor ideias, a agressão. Acredito que precisamos debater ideias para engrandecê-las, nunca para sobrepormos aos demais. O debate deve ser na busca do bem e não da imposição.