A SUPREMA VERGONHA
O mar de lama desce das montanhas mineiras até o litoral. O piche venezuelano invade praias nordestinas e contamina manguezais. O presidente se preocupa mais com o futuro dos filhos do que com o destino do povo que o elegeu. A ministra Rosa Weber, do STF, muda de ideia e vota a favor da impunidade, instalando no país a suprema vergonha. Os corruptos esfregam as mãos de contentamento. Será que é mero acaso ou tudo tem a ver com a lei das coincidências significativas? Essa lei, que foi deduzida por Gustave Flaubert, escritor francês do século XIX, diz que todos os fatos, por mais distanciados e desconexos que sejam, têm uma ligação de causa e consequência, mesmo sem nenhuma conexão aparente entre eles.
Que conexão poderia ter o mar de lama que rolou das Montanhas Alterosas, com o que sai, perenemente, dos altos escalões de Brasília? A primeira é o fato de que nem Brasília, nem Minas têm mar. Será que por ambos não terem mar, forças telúricas de um e outro lugar concorrem para criar os seus? Jânio dizia que Brasília era um mar de “forças ocultas” e Juscelino acreditava nas influências místicas das aprazíveis montanhas mineiras.
Flaubert, ao falar das coincidências que ligam fatos aparentemente desconexos, criou os fundamentos da parapsicologia. Com isso, deu aos amadores dos fatos insólitos uma extraordinária ferramenta de pesquisa. Com ela Jung pesquisou o inconsciente coletivo da humanidade e descobriu que a mente dos homens é um animal único que mantém insuspeitadas relações de parentesco. Isso quer dizer: somos iguais na nossa base espiritual, pois seja qual for o tempo e o lugar em que vivemos, compartilhamos dos mesmos medos, desejos, esperanças, etc.
A coisa pode ser um tanto esotérica, mas é real. Tudo que fazemos e pensamos provoca um movimento no universo; este, por sua vez, causa um desequilíbrio em todo o sistema. O sistema, por seu turno, também se movimenta para recompor o equilíbrio. Porque o mundo é uma rede de relações. O que está em cima é igual ao está em baixo e o que acontece dentro repercute fora. Pensando assim, quem sabe se o mar de lama que rolou de Minas não foi apenas a resposta que a natureza deu ao que rola perenemente de Brasília? Talvez a única diferença entre um e outro seja o fato de que o prejuízo da lama mineira é mais fácil de contabilizar e os culpados mais fáceis de apontar. Já a lama de Brasília, embora cause prejuízo maior e seja mais difícil de limpar, o prejuízo para o país, além de incalculável, é bem mais complicado para apurar. E os culpados, embora todos saibam quem são, com certeza, não serão punidos como se espera.
Talvez nem precisemos de um Jung para estabelecer conexões entre esses fatos. Porque quando a podridão já vem de cima, não podemos evitar que ela contamine todo o ambiente em que vivemos.
O mar de lama desce das montanhas mineiras até o litoral. O piche venezuelano invade praias nordestinas e contamina manguezais. O presidente se preocupa mais com o futuro dos filhos do que com o destino do povo que o elegeu. A ministra Rosa Weber, do STF, muda de ideia e vota a favor da impunidade, instalando no país a suprema vergonha. Os corruptos esfregam as mãos de contentamento. Será que é mero acaso ou tudo tem a ver com a lei das coincidências significativas? Essa lei, que foi deduzida por Gustave Flaubert, escritor francês do século XIX, diz que todos os fatos, por mais distanciados e desconexos que sejam, têm uma ligação de causa e consequência, mesmo sem nenhuma conexão aparente entre eles.
Que conexão poderia ter o mar de lama que rolou das Montanhas Alterosas, com o que sai, perenemente, dos altos escalões de Brasília? A primeira é o fato de que nem Brasília, nem Minas têm mar. Será que por ambos não terem mar, forças telúricas de um e outro lugar concorrem para criar os seus? Jânio dizia que Brasília era um mar de “forças ocultas” e Juscelino acreditava nas influências místicas das aprazíveis montanhas mineiras.
Flaubert, ao falar das coincidências que ligam fatos aparentemente desconexos, criou os fundamentos da parapsicologia. Com isso, deu aos amadores dos fatos insólitos uma extraordinária ferramenta de pesquisa. Com ela Jung pesquisou o inconsciente coletivo da humanidade e descobriu que a mente dos homens é um animal único que mantém insuspeitadas relações de parentesco. Isso quer dizer: somos iguais na nossa base espiritual, pois seja qual for o tempo e o lugar em que vivemos, compartilhamos dos mesmos medos, desejos, esperanças, etc.
A coisa pode ser um tanto esotérica, mas é real. Tudo que fazemos e pensamos provoca um movimento no universo; este, por sua vez, causa um desequilíbrio em todo o sistema. O sistema, por seu turno, também se movimenta para recompor o equilíbrio. Porque o mundo é uma rede de relações. O que está em cima é igual ao está em baixo e o que acontece dentro repercute fora. Pensando assim, quem sabe se o mar de lama que rolou de Minas não foi apenas a resposta que a natureza deu ao que rola perenemente de Brasília? Talvez a única diferença entre um e outro seja o fato de que o prejuízo da lama mineira é mais fácil de contabilizar e os culpados mais fáceis de apontar. Já a lama de Brasília, embora cause prejuízo maior e seja mais difícil de limpar, o prejuízo para o país, além de incalculável, é bem mais complicado para apurar. E os culpados, embora todos saibam quem são, com certeza, não serão punidos como se espera.
Talvez nem precisemos de um Jung para estabelecer conexões entre esses fatos. Porque quando a podridão já vem de cima, não podemos evitar que ela contamine todo o ambiente em que vivemos.