O comunismo não existe? Como assim?

O COMUNISMO NÃO EXISTE? COMO ASSIM?
Miguel Carqueija

Faz muitos anos que eu tive o primeiro sintoma desse fenômeno. Um casal de contraparentes nos visitou e, não sei por qual razão, a atriz Shirley Temple, então já dedicada à carreira diplomática (era embaixadora dos Estados Unidos, em algum país) surgiu na conversa. A senhora que nos visitava fez então uma restrição a ela: por ser “a favor da guerra”. Mesmo sendo um adolescente eu vinha acompanhando os fatos sobre a Guerra do Vietnam e contestei: ela não era a favor da guerra mas da posição norte-americana e contra os comunistas do Vietnam do Norte que vinham tentando dominar à força o Vietnam do Sul. A culpa pela guerra era deles. Minha mãe, por pouco que entendesse de política, veio em meu auxílio e disse que Shirley Temple era contra a violência do comunismo. Acho que nossa contraparente não esperava essa reação e se saiu com essa: “Mas hoje em dia quase não se fala em comunismo”.
Vejam só! Era a década de 60, o comunismo estava avassalador, em assustadora expansão pelo mundo, terminaram vencendo a guerra no Vietnam e se expandindo pelo Vietnam do Sul, Camboja e Laos, graças à covardia norte-americana, que abandonou os aliados à própria sorte, tanto que o governo da Tailândia, país arriscado a ser a próxima vítima, declarou que não queria ajuda dos EUA.
De lá para cá eu percebi essa tática desleal da propaganda marxista, que infelizmente desnorteia muito inocente útil. A vida inteira testemunhei esses exemplos: minimizar a influência comunista nos acontecimentos políticos, culturais e sociais. Não tem um ano que uma amiga resolveu fazer campanha pelo Fernando Haddad no segundo turno, ela uma pessoa que dizia não gostar mais do PT, e isso por causa da exorbitante e caluniosa campanha (na verdade um “bullying” político) contra Jair Bolsonaro. Ele realmente estava incomodando a esquerda marxista/socialista/petista brasileira. E nessa campanha ela usou até uma adaptação da Oração de São Francisco de Assis, que não sei quem foi que inventou (evidentemente foi um repasse), exaltando o Sr. Haddad — uma espécie de lobo em pele de ovelha. Lembro que no último debate a digna Marina Silva (que está longe de ser adepta de Bolsonaro) encurralou Haddad, cobrando um “mea culpa” dele e do PT, pois como ela disse, os petistas não reconheciam (e não reconhecem) as suas culpas. Aliás eu apoio muitas posições e atitudes de Bolsonaro, inclusive bater de frente com esse abusado do Macron, que precisa cuidar da Amazônia Francesa (isso nossa mídia não fala).
Cheguei a conversar com essa amiga por telefone e ela também seguiu a linha de minimizar o comunismo, chegando a dizer que o PT era somente um partido “trabalhista” (???) e que em relação a governos estrangeiros comunistas, eles seriam só “simpatizantes” (só que os governos petistas desviaram rios de dinheiro para favorecer os regimes comunistas de Cuba, Nicarágua e outros).
É claro que eu fui firme até o fim e, mesmo anulando meu voto no segundo turno, pois no primeiro votei em Marina Silva (minha consciência não me permitiu votar em Bolsonaro por conta de atitudes pouco confiáveis e o caráter algo obscuro de suas reais intenções), deixei bem claro que seria impossível para mim votar no PT — um partido que inclusive defende ferozmente o aborto. Ela achou que isso não fosse fundamental, mas é — há uma grande diferença entre ser contra pena de morte para bebês e ser a favor.
Nos tempos atuais muita gente, inclusive pessoas que se dizem cristãs, nega a existência do demônio, e dos demônios em geral. No entanto eles existem, pois são anjos caídos, espíritos malignos. E uma das maiores armas de Satanás é fazer-se passar por morto ou inexistente. Quem não acredita na existência de espíritos malignos também não se defende deles. Ora, os comunistas (ideologia que praticou mais violência nesse mundo, pelo menos desde 1917; ainda ontem a televisão andou mostrando a polícia do governo da China Comunista descendo o sarrafo no povo em Hong Kong) parece que aprenderam com seu mestre. Fazem de conta que o comunismo não existe. Eu conheci uma época em que se falava no “Partidão”, isto é o PCB, o Partido Comunista Brasileiro. Ainda existe, mas eclipsado. Fundou-se esse repulsivo PT, que se intitula apenas Partido dos Trabalhadores (podia chamar-se o Partido do Aborto). Assim evitam se declarar comunistas mas o marxismo está em sua postura, em sua doutrina, em suas ligações internacionais, no ódio que espalham pelo país, formando radicais em toda parte. Basta observar como por toda parte, especialmente na mídia virtual, propaga-se um maniqueísmo revoltante, “eles” só enxergam a si mesmos ou quem não é petista (ou das várias linhas auxiliares, como o PC do B). E quem não é por eles é taxado indiscriminadamente de vários epípetos, pela menor de “coxinhas” (eu nem como coxinha) ou “idiotas” ou pela pior de “fascistas”, como se Stalin, Lênin, Fidel Castro, Chávez, Maduro, Mao Tse Tung, Pol Pot, Ceausescu etc não fossem fascistas. Como se não houvesse o fascismo de esquerda.
Ah, não existe comunismo? Só o socialismo? Como se não desse na mesma? Que me perdoem os esquerdistas, mas quem não existe é o Papai Noel. O comunismo existe sim, está muito forte e continua espalhando seu veneno pelo mundo.

Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2019.