O BRASIL ABANDONADO À DITADURA DA CORRUPÇÃO.
(Milton Pires)
Quatro ou cinco anos atrás, o agora ex-filósofo Olavo de Carvalho me ofendeu numa Rede Social quando eu disse, defendendo minha posição CONTRA a realização de eleições, que um dia os brasileiros “implorariam ao Exército” para que ele fechasse o Congresso e o STF.
O dia chegou: youtubers gravam “lives” aos berros falando em “um cabo e um soldado”. Os leitores mais fanáticos da “Revolta de Atlas”, os mais contumazes liberais e libertários (esse liberal imbecil que não dá a mínima para cultura), já falam em atacar fisicamente o STF.
Jornalistas famosos pelo seu antipetismo, gente que fez campanha e votou em Bolsonaro, já percebeu o paradoxo, a diferença entre aquilo que ele é capaz de dizer na ONU e o que faz na “política do mundo real” de Brasília.
Antes daquilo que o STF fez na última quinta-feira, dia 26 de setembro, muita gente que expulsava intervencionistas das grandes marchas de rua e que ajudaram a derrubar Dilma Rousseff, já tinha consciência do fracasso de uma eventual saída democrática para Ditadura da Corrupção que tomou conta da Nação.
A corrupção, uma vez eu já disse, é imanente à condição humana e à toda forma de organização política que o homem busca na representação da ordem.
Sempre houve corrupção orbitando qualquer governo que tenha existido no Brasil. O que jamais houve foi um governo que orbitasse a corrupção.
O que passou a existir a partir do Regime Petista, portanto, foi uma “revolução copernicana” - é a máquina administrativa, é todo Direito Positivo e todo uso legítimo da força girando ao redor de uma Organização Criminosa e a seu serviço.
Agora, o Brasil já sabe que a Organização “manda em tudo” e que a eleição de Bolsonaro “não mudou nada”.
Nas conferências de 1964 que deram origem ao livro “Hitler e os Alemães”, Eric Voegelin chamou atenção para três fatores fundamentais na transformação do Governo de Adolf Hitler num regime totalitário capaz de lançar a Alemanha no horror da Segunda Guerra Mundial - a interpretação positivista fanática e doentia de toda Lei, a omissão da Igreja Católica e a burocracia.
Todos os dias, às 18 horas, um jornalista corrupto envolvido com o lixo do PSDB de São Paulo tem crises histéricas transmitidas numa cadeia nacional de rádio dando razão aos maiores delírios hermenêuticos do STF. Igreja Católica no Brasil já não existe mais; só um puxadinho do PT, PSOL e PC do B e, sobre a burocracia da vida em território brasileiro, nada é necessário dizer.
O Brasil não vai entrar em Guerra Mundial alguma, mas as luzes do que ainda restava da liberdade em terras nacionais vem se apagando uma por uma todos os dias. Como disse Edward Grey em 1914 em Londres - “nós não as veremos acesas outra vez em nossas vidas”.
Muito pouca dúvida resta, entre os verdadeiros brasileiros, de que qualquer solução para o que está acontecendo NÃO pode mais se dar “dentro da Lei e da Ordem” porque são as interpretações, são as manifestações NA vida política da “Lei e a Ordem”, a origem do horror e do descalabro, da insegurança jurídica que fragiliza toda tentativa de ordem na vida cotidiana brasileira.
Quem nega que o Congresso e o STF devam ser fechados alega que tal atitude é “o ódio completo”, é a “negação da Política”. Outros dizem que esta é a manifestação efetiva de um “Golpe de Estado”.
Raciocínio curioso este que mencionei acima. Ele procura ser critico do niilismo e faz a apologia do positivismo histérico, ele parte do pressuposto de que ainda é a política que “manda no Brasil” e de que existe um “Estado” que pode ser “golpeado” pelo fechamento do STF e do Congresso. Mais do que isso – ele acredita num Exército que esteja preocupado com a tragédia brasileira gerada pelo Regime Petista e intocada pelo Governo Bolsonaro.
Este não é um raciocínio diferente daquele que os defensores da Operação Lava Jato fazem dizendo ser ela “a última manifestação”, a “última garantia”, do Estado de Direito no Brasil.
A Operação Lava Jato, eu não canso de repetir, é a manifestação, é a prova suficiente do FIM do Estado de Direito.
A Operação só existe e só tomou tal dimensão porque o Estado de Direito inteiro foi assaltado, foi solapado por criminosos que colocam o interesse próprio acima de qualquer princípio constitucional.
Não existe mais “Estado de Direito” algum no Brasil. Não há que se falar em Golpe de Estado nem mesmo se amanhã os tais “cabo e soldado” fecharem o Congresso e o STF prendendo Maia, Alcolumbre e Toffoli.
Neste final de semana o STF fez algo que só poderia ser imaginado através da literatura de Franz Kafka e de George Orwell – mandou a polícia federal na casa de um sujeito que está escrevendo um livro. Depois de inventar o “delator assistente da acusação”, criou a “Polícia do Pensamento”e já conta até com o apoio de Augusto Aras – o PGR petista que Bolsonaro colocou no cargo com promessa de salvar seu filho.
Mas voltemos ao livro – no tal livro, o sujeito “confessa” que em 2017 ficou com “vontade” de dar um tiro num ministro do Supremo Tribunal Federal e depois se matar. Vejam bem: ele confessa que teve a ideia e (diz ele) que entrou armado no Tribunal.
Tudo isso aconteceu em 2017, não há prova nem testemunha alguma a não ser a palavra do autor do livro e, mesmo assim, o Tribunal instaurou inquérito por conta própria, definiu um relator e mandou a polícia federal na casa do sujeito para pegar tudo: arma, celular, computador, cachorro, escova de dente...
Dia após dia, STF, Congresso e Governo vem dando sinais cada vez mais claros do FIM daquilo que se chama em ciência política de "representação existencial” da sociedade.
Os três poderes e as Forças Armadas, todos eles juntos, não dão uma banana, não dão a mínima, por aquilo que o Brasil pensa – pecando pela corrupção ou pela covardia, dissociaram-se completamente da realidade, vivem em outro mundo, comungam com outros interesses…
O Brasil está sozinho…Um país gigantesco, de dimensões continentais, rico sob todos os aspectos, habitado por duzentos milhões de pessoas abandonadas… completamente sozinho.
29 de setembro de 2019.