O mea-culpa do PT e o bode expiatório
Impressionante! Até o governador do Maranhão, que é do PCdoB, quando entrevistado foi cobrado pelos jornalistas: - Quando é que o PT vai fazer o necessário mea-culpa?
Com certeza é bom que se faça um mea-culpa, uma autoavaliação para tentar compreender como o Brasil chegou à situação em que se encontra no que diz respeito à economia, ao emprego, à segurança, à educação, aos valores republicanos e humanitários, aos cuidados com o meio ambiente, à imagem internacional, à moral do povo. E ao PT, que governou o país por mais de uma década, cabe uma parcela de responsabilidade nesse necessário mea-culpa. Mas, lembremo-nos, na primeira década de governo do PT o Brasil viveu seus melhores momentos dos últimos tempos. A economia ia bem, o povo tinha trabalho e prosperava, o país crescia, era soberano e respeitado internacionalmente.
O que aconteceu então? Foi a corrupção imputada ao partido que travou e fez retroceder o país? Sem dúvida a corrupção é uma doença crônica que tem debilitado o Brasil, mas ela tem existido desde sempre, não foi criada nem aprofundada nos anos do PT. Já nos esquecemos dos colossais escândalos do Banespa em São Paulo, do Banestado no Paraná, da chamada “privataria tucana” em que bancos estatais foram utilizados e falidos para desviar fortunas descomunais resultantes de fraudes na privatização de empresas igualmente estatais.
Cobrar que o PT faça o mea-culpa pela situação do país é um caso típico do bode expiatório que acaba levando a culpa de todos aqueles que se recusam a reconhecê-la em si mesmos. A começar, qual a culpa dos jornalistas, da mídia, que hoje cobra o PT? O jornalismo brasileiro é comprometido com a verdade, é informativo e isento? Ou é manipulador e partidário? E os legisladores, têm legislado em prol do interesse do país, do benefício coletivo? E o judiciário, tem julgado com firmeza e imparcialidade, sua ação tem coibido abusos e violências? O que foi feito de Eduardo Cunha, de Paulo Preto, do Queiroz, dos mandantes do assassinato de Marielle, dos responsáveis por Mariana, Brumadinho, os incêndios na Amazônia? E o povo, que escolhe pelo voto direto os legisladores e os governantes, quais critérios tem utilizado em suas escolhas? E como tem se engajado para fazer com que os eleitos depois permaneçam fiéis a compromissos assumidos mas esquecidos? E os partidos de oposição ao PT, que têm os mesmos vícios, se não piorados, mas que os imputam ao adversário e que deliberadamente minaram o governo Dilma? E o empresariado, que assustado com a ascensão de parcelas significativas da população antes excluída sabotou os investimentos necessários para o crescimento e o emprego? E a nossa soberania, como anda? Não nos damos conta que, agora que somos autossuficientes e exportadores de petróleo, depois das descobertas do pré-sal, os preços dos derivados oscilam no Brasil à mercê de cotações internacionais ao bel prazer do cartel das gigantes do óleo que não relutam em provocar guerras e destruir países na defesa de seus ganhos?
Sim, o Brasil carece de um urgente mea-culpa. Mas se queremos de fato reconhecer erros para repará-los, não podemos começar cometendo o grave erro de transferir a culpa para o bode expiatório PT. Isso só faria perpetuar os erros. Todos temos que nos repensar, repensar o Brasil. Nosso país é por demais grandioso, que imenso fracasso o nosso se o deixarmos malograr.
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