Uma questão de coerência

Há em voga na república um conceito de que todos são iguais perante a lei e que, por isso, não é possível que haja um rei ou um imperador a gerir os negócios da nação. Esse conceito vem desde a revolução francesa.

Façamos uma análise desse conceito.

Inicialmente, se analisarmos sob os olhos da biologia, somos todos indivíduos da espécie humana, a qual requer 23 pares de gens para gerar seres como nós. Apesar disso, somos únicos, se acrescentarmos a questão da personalidade .Mas mesmo únicos, ainda somos iguais naquela referência, eis que o que é necessário para a sobrevivência de um, é para toda a espécie.

Assim, sob a ótica biológica podemos dizer que todos somos iguais.

Quando passamos à análise da personalidade, vemos as diferenças e a necessidade de respeitá-las. Mas não só. É nas diferenças que surge a oportunidade de crescimento, já que, em razão dessas diferenças, cada um se interessa por um determinado tipo de conhecimento. Uns buscam a medicina, outras a engenharia, outros a filosofia, outros...

Ora, para exercer determina profissão, a pessoa deve se preparar, aprender os rudimentos daquele ofício, aperfeiçoar-se, dedicar-se, estudar, tudo para chegar ao ponto de poder exercê-lo com qualidade.

E o que acontece com o exercício da administração pública? Percebemos que não se exige nenhum tipo de formação. Aliás, há casos de que sequer o escolhido seja capaz de ler ou escrever...

Por que para a gerência das coisas públicas não é necessário que o gestor demonstre capacidade ou habilidade? Por que pelo simples fato de falar bem, ter apoio financeiro, contestar sem conteúdo, gritar ou qualquer outra coisa, essa pessoa se torna apta para administrar o que é de todos?

Façamos uma análise, para montar um motor ou um carro, ou construir uma casa é preciso um engenheiro com conhecimento nessas áreas, pois o risco de não dar certo é grande. Se o problema for de saúde, procura-se um médico ou outro profissional dessa área; jamais um engenheiro. Já se são fatos que requerem a análise de uma lei, procura-se um advogado. Nunca um médico.

Mas por que, repita-se, para administrar a coisa pública não se exige nada, nenhum tipo de formação? Não seria um contrassenso da república exigir capacidade para o exercício de uma profissão mas não para o trato da res pública?

E aí, inevitavelmente, temos de olhar para a Monarquia. Se observarmos apenas o caso brasileiro, veremos que os três imperadores que estiveram no Brasil tinham enorme capacidade para administrar a coisa pública. Dom João VI, Dom Pedro I e Dom Pedro II (sem citar Dona Leopoldina ou a Princesa Isabel) tiveram, desde a sua infância instrução para exercer essa função. Não foram alçados a isso por forças do acaso. Foram preparados, instruídos, ensinados por pessoas capacitadas, desde a infância para exercer o munus público. Ora, é só observar a formação de cada um deles, a capacidade de gerir, de entender a geopolítica, a formação humanista, a visão de mundo, para concluir que não é de um dia para outro, como o despertar numa bela manhã que se alguém destinado a gerir o bem público. Requer dedicação, estudo, disciplina, organização para se chegar a isso.

Por isso, voltamos à questão. Apesar de todos serem iguais biologicamente, cada um tem aptidão para algo e há esforço para isso. Não seria o caso de começarmos a pensar nisso também para a administração de um país?

julianopd
Enviado por julianopd em 26/09/2019
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