CARTA AO FILÓSOFO OLAVO DE CARVALHO

(por Milton Pires)

Senhor Olavo de Carvalho, por senhor eu pretendo tratá-lo porque não considero que de grande “professor” o senhor mereça o título.

Como professor, espero que o senhor seja lembrado apenas como mediano, para não dizer medíocre. Por Filósofo, eu SEMPRE vou tratá-lo por uma questão de respeito comigo mesmo.

Quem o chama de “astrólogo” ou de “muçulmano” ou “charlatão” só passa um atestado de que não tem nem mesmo ideia do que venha a ser Filosofia e, muito menos, um filósofo de verdade.

Não sou seu aluno, não sou seu amigo, nem discípulo ou seguidor. Não tenho o mínimo interesse em saber se o senhor vai ler, se vai “gostar” ou se vai responder isso que vou deixar registrado aqui. Não me interessa. Azar seu.

Ocorrerá ao senhor neste momento, assim eu o imagino, depois de um início com o “pé na porta” como esse que fiz acima, a curiosidade de saber por que lhe envio uma “carta aberta”.

O meu primeiro problema com o senhor, senhor Olavo, é que o senhor é um filósofo genial. O senhor já entrou para História da Filosofia como um dos maiores expoentes da Teoria do Conhecimento e seu método de crítica cultural não precisa mais ser testado por ninguém.

No mundo atual é, provavelmente, o maior, senão um dos que eu considero entre os maiores filósofos da atualidade – Roger Scruton, Luc Ferry, Mendo Castro Henriques...e alguns outros estão no seu grupo.

Meu segundo problema é que o grupo criminoso representado pela Família Bolsonaro, essa família de milicianos evangélicos que tomou conta do Brasil, costuma ouvir com atenção aquilo que o senhor diz. Suspeito até que alguns deles tenham se alfabetizado e já saibam ler - e que já tenham lido seus livros.

Sobre seus livros, verdadeiras obras-primas, se alguém ainda não lhe disse, cabe lhe esclarecer que de dez brasileiros, nove não conseguem entender mais do que duas páginas daquilo que está escrito neles.

Sobre isso, diga-se em sua defesa, é necessário lembrar que não se trata da dificuldade de sua exposição; é a miséria intelectual dos leitores a responsável pela sua fama de “maluco”.

Portanto, vamos recapitular – não gosto do senhor, não sou seu amigo e, graças a Deus, nem seu aluno. Considero o senhor um gênio da Filosofia. Coisas que o senhor escreve são lidas por pessoas que influenciam a vida do lugar onde eu vivo. Um governo de milicianos evangélicos e corruptos costuma citar o senhor e sua obra como justificativa para o Poder.

Muito bem. Colocados os três motivos acima, vamos agora ao último e mais importante de todos:

Muito pouca gente na História da Humanidade teve a coragem e o bom senso de se dirigir a um gênio (pelo menos no que se refere aos filósofos) para dizer que ele estava correndo o risco de estragar toda sua carreira ao se envolver com Política. Ninguém fez isso com Alexandre e Aristóteles, ou Sêneca e Nero.

Mais recentemente, ninguém teve coragem de se aproximar de Jean-Paul Sartre (que aliás eu acho um anãozinho filosófico perto do senhor) para lhe dizer que ele estava se tornando um cretino, um imbecil, ao apoiar um assassino psicopata como Mao Zedong.

Ninguém escreveu carta alguma para Martin Heiddeger tentando mostrar que Hitler era louco e que ele provocaria uma Guerra que destruiria a Alemanha e uma boa parte do Mundo.

Nessa altura do texto o Sr. já entendeu onde eu quero chegar, não entendeu?

Muito bem, vamos agora mudar o tom do meu discurso:

Tão bem quanto eu, o senhor sabe que aquilo que sustenta qualquer Nação, qualquer Estado de Direito ou Sociedade, é seu amor, sua capacidade de, se não realizar, pelo menos contemplar aquilo que se entende por Verdade e aquilo que se concebe como Justiça.

Essa é a capacidade que atenua aquilo que Eric Voegelin chamou de “tensão existencial” e que alivia o fardo que a “sociedade carrega sobre os ombros” de encontrar um “sentido para sua História”. Os símbolos, o senhor sabe, tem a função de expressar a ideia de Ordem.

O senhor sabe, tão bem ou melhor do que eu, que a única pessoa a “simbolizar” a Justiça no Brasil, no imaginário popular, no tal inconsciente coletivo, chama-se, neste momento, Sérgio Fernando Moro e, se ainda não sabe, digo ao senhor que já escrevi sobre a necessidade dele se afastar do Governo.

Com relação à Verdade, Sr. Olavo de Carvalho, o senhor sabe que a Verdade em relação àquilo que está acontecendo no Brasil é “simbolizada” pelo senhor e pela sua obra! Somente os estúpidos e os fanáticos são incapazes de não compreender e não aceitar a análise que o senhor fez do mais corrupto, vagabundo e nojento Regime Político da história brasileira – o Regime Petista.

O Regime Petista, o senhor lembra bem, foi um regime de putas, ladrões, pederastas, sapatas, assediadores morais, tarados, esquizofrênicos petistas, do PSOL e do PC do B que destruíram tanto a vida do senhor como a MINHA vida e a de qualquer brasileiro decente.

Ora, ocorre que o fato do senhor fazer uma ANÁLISE perfeita não autoriza ninguém a seguir aquilo que o senhor apresenta como SOLUÇÃO PERFEITA.

Não me acuse de niilismo ou derrotismo. Não me venha com a História de que Jair Bolsonaro e seus filhos precisam ser “pragmáticos”. SE o senhor quiser discutir “Pragmatismo” comigo, não há qualquer problema, eu aceito.

SE o senhor quiser discutir “ética da convicção” x “ética da responsabilidade” (enfim: aquele bla-blá-blá de Max Weber), também não vou me negar.

Minha obrigação nestas linhas é comigo mesmo, com a História do Brasil e com os eventuais leitores dela e, portanto, vou lhe pedir claramente, vou lhe solicitar em nome da honestidade intelectual do verdadeiro filósofo que o senhor é: afaste-se do Governo deste cafajeste chamado Jair Bolsonaro e de seus filhos vigaristas.

O senhor tem uma história, o senhor tem uma obra que mudou todo pensamento brasileiro. Não empreste sua autoridade intelectual ao Governo dos Novos Bandidos da nossa História.

Todo aluno seu tem direito à verdade e a verdade é que nós colocamos canalhas no Governo.

Derrubamos os Vagabundos Petistas, sim, mas levamos para o Governo do Brasil uma outra corja. Uma corja que faz acordos com o Centrão, que quer liquidar com a Lava Jato e que, se não quer soltar Lula, não se importa se ele for solto...Tudo isso com a vista grossa de Jair Bolsonaro que só pensa em defender seus filhos.

É muito mais grave para o Brasil viver alienado na MENTIRA contínua, na ilusão de Justiça do Governo Bolsonaro, do que na consciência plena do crime, da corrupção e do horror gerados pela volta de um eventual Governo dos Vagabundos Petistas.

A Venezuela, na sua desgraça comunista, está muito mais perto da libertação do que o Brasil de Bolsonaro, senhor Olavo de Carvalho.

O senhor é um verdadeiro filósofo e sabe disso.

Cordiais Saudações,

Milton Pires

Médico em Porto Alegre.

13 de setembro de 2019.

cardiopires
Enviado por cardiopires em 13/09/2019
Reeditado em 13/09/2019
Código do texto: T6744377
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