Bola da vez
Já passou há muito do tempo de desconectar esquerda/revolução de miséria/trabalhadores, pobres vs. ricos etc. Nunca foi isso e hoje é escancaradamente o oposto. Tudo que hoje chamam de direita, de populismo, fascismo é basicamente a reação dos explorados, roubados, sacaneados. Tudo que passa por esquerda, progresso, justiça social etc. é coisa de bilionários, de altos burocratas que não respondem a ninguém, de bancos que socializam o risco e monopolizam os lucros. A relação da esquerda com os pobres e os trabalhadores sempre foi a mesma que a do proxeneta com suas protegidas. A esquerda não representa os miseráveis: ela é a cafetinagem da miséria. A única revolução de verdade dos dez últimos milênios ocorreu uns 250 anos atrás, quando aprendemos a domar a energia guardada nas entranhas dos combustíveis fósseis e, graças a isso, parcelas cada vez maiores da humanidade foram libertadas, ou seja, em vez de passar a vida usando os músculos puderam dedicar cada vez mais tempo e energia ao uso do cérebro. Foi isso que aboliu a escravidão, não bons sentimentos nem boas intenções. Nem é acidental que as duas maiores contra-revoluções do século passado —comunismo e nazismo— trataram de reimplantar o trabalho escravo. A maneira mais realista de estimar a riqueza individual e coletiva não é em ouro, dólares, PIB per capita, IDH etc., mas pela quantidade de energia de todo tipo (inclusive as calorias contidas nos alimentos) a que os indivíduos têm acesso. Acesso a + energia = + vida/vida melhor. Tudo o que se apresenta hoje como esquerda, justiça social, salvação do mundo etc. é, no fundo, uma reação elitista/niilista contra a revolução industrial, contra (perdão pelo termo) o empoderamento de todos os seres humanos. Mas, lembrem-se: isso de esfregar na cara dos esquerdistas suas supostas contradições em relação a grana etc. não funciona. Nunca funcionou. A esquerda sempre foi caviar e isso nunca a incomodou — e quando direitistas a acusam disso, passam por tolinhos ingênuos, como o sujeito que descobre que a piranha não é mais virgem. (NA)