Não podemos mais nos reunir!
Este texto foi escrito nos idos de 2013, e por uma série de razões se mostra absolutamente atual.
Este é um texto que tenta pensar toda essa crise que estamos vivendo. Dizem por aí que a juventude é o futuro da nação. Acho que é por isso que eles têm tanto medo da juventude. Atacam cada dia mais, cerceiam sua liberdade, tiram seus empregos, rebaixam seus salários. Fazem a Universidade torna-se um espaço vazio e oco. Nada de pensar, sonhar, socializar, criar, nada disso, é só reproduzir. Reproduzir um estado que apodrece e que tem medo da juventude, pois ela pode, e tem o poder de mudar o status quo, no entanto, muitas vezes, é como um boi no pasto, de frente para a cerca, não sabe o poder que tem.
Jovens reunidos! Salta um sinal de alerta, o que será que estão fazendo? Será que estão pensando? Pensando sobre a sociedade apodrecida que a cada dia mais mingua, sem perspectivas e sem direção. Será que o jovem está pensando a respeito do pai operário que deu o coro a vida inteira no interior da fábrica e que hoje, velho e cansado, não tem nada a não ser o trauma de ter vivido uma vida, para alimentar a ganância do patrão.
Reproduzir e reproduzir! É somente isso que as escolas ensinam. Temos que nos submeter e nos sujeitar a violência imposta pelo Estado, que, aliás, comanda tudo. Dentro da Universidade estamos presos, submetidos a regras, regulamentos, acordões (códigos disciplinares) -nada de jovens reunidos, nada de jovens pensando, nada de jovens socializando. Somente reproduzir, reproduzir aquilo que está na cabeça da burocracia da Universidade. Estamos sob a égide de uma violência silenciosa, que, a todo o momento, pisa em cima dos nossos sonhos e ataca nossas perspectivas de mudanças.
Fora da Universidade! Ah! Ali a violência é escancarada, como dizem os polidos homens da lei, todos são tratados como iguais (iguais a vagabundos, iguais a baderneiros). Aí é pior, ninguém pode falar, ninguém pode pensar, ninguém pode sonhar e nem suspeitar de nada, nem ao menos olhar pro lado. A polícia, que é a representação do estado, cuida para que tudo continue em ordem, nada de pensar, sonhar e socializar. Nada de futuro! A polícia guarda os portões da fábrica. A lei cuida para que a reprodução do sistema continue acontecendo, sem mudanças e sem interrupções, como quer o capitalista no processo de produção, o valor precisa se valorizar continuamente para alimentar a gula da sociedade da reprodução sem fim.
Dentro da fábrica ninguém sabe, as portas estão fechadas, só se ouve falar, mas dizem que lá é pior ainda. Não se pode nem pensar em pensar, pensar em sonhar, ali sim é só reproduzir. Parece que a violência é maior ainda. Ali a polícia é o próprio patrão, que paga o salário do operário. Não se sabe muito da fábrica, porque para o estado, ela é um lugar sagrado, que não pode ser atormentado, para poder cumprir o seu papel. Esmagar a cada dia os sonhos, as vontades, enfim, a vida do operário. O seu papel é, também, como na universidade, e fora dela, reproduzir uma sociedade sem perspectivas de futuro viável e saudável para os seres humanos. Reproduzir uma sociedade que mostra sinais de um câncer avançado e irreversível, que tende a arrastar junto com ela a juventude.
O patrão paga o salário do estado tirando do lombo do operário. Por sua vez, o estado apenas faz aquilo que lhe pagaram pra fazer, que é reproduzir as relações sociais de produção da sociedade burguesa. O estado cumpre o seu papel, assim como o patrão compre o seu papel e o operário cumpre o seu papel. E a juventude? Qual o papel da juventude? Será que nos contentaremos com o reformismo pequeno burguês, acreditando que a sociedade burguesa ainda pode funcionar? Nos contentaremos com as pseudo-lutas superficiais, que a sociedade burguesa nos impõe, para depois ficarmos nos digladiando, como gatos, correndo atrás do rabo, quando o verdadeiro combate ainda está para ser enfrentado?
Pelas liberdades democráticas dentro e fora Universidade!
Pela auto-organização da Juventude!
Por um futuro viável e possível!