EMBAIXADA EM WASHINGTON:  
MÉRITO OU "GIFT?"



Em 1905, o presidente Rodrigues Alves nomeou JOAQUIM NABUCO embaixador do Brasil em Washington.  
Uma escolha realmente feita por mérito. Considerou sua atuação como chefe da delegação brasileira, em Londres, quando cuidou, com esmero, da delimitação das Guianas: francesa, inglesa e holandesa (1904).  Uma árdua missão na qual se distinguiu por sua exímia diplomacia, principalmente:
- ao evitar e amenizar conflitos de interesses;
- ao não permitir que o Brasil ficasse em desvantagem nas negociações com os demais países envolvidos;
- ao aproveitar-se do ensejo dessas negociações para, como respeitado tribuno, projetar a melhor imagem possível do seu país, do seu povo e do governo que ali representava.
Em seus discursos, Nabuco abordava temas filosóficos, religiosos e, sobretudo, sociais, demonstrando inconformismo para com a escravidão, cujas raízes pemaneciam fincadas nos latifúndios brasileiros.  Combatia os grandes latifúndios adquiridos na segunda metade do século XIX, não raro, por força das armas ou por compadrio com o coronelismo vigente a partir da Velha República (1889).
Íntegro, fugia das polêmicas individuais, das intrigas da politicagem e das conveniências partidárias. 
Inteligente, bem humorado e sumamente respeitado no mundo literário, tanto por ter sido um baluarte na fundação da Academia Brasileira de Letras (1896) - junto com Artur Azevedo, Graça Aranha, Machado de Assis, Visconde de Taunay, José Veríssimo e outros literatas ilustres -, quanto por suas obras sociais (sociologia pura) até então publicadas:
"O abolicionismo" e "A escravidão".
Já embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nabuco era frequentemente convidado a fazer conferências nas universidades norte-americanas para falar de Camões, ensejo em que enaltecia a cultura e a literatura brasileiras.  Foi quando publicou, em inglês, a obra: "The place of Camoens in life" (1908).
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo - Embaixador Extraordinário e Ministro Plenipotenciário nos Estados Unidos -, de 24/05/1905 a 17/01/1910,  foi considerado o mais renomado diplomata da história brasileira, seguido dos não menos cultos Oswaldo Aranha, Walter Moreira Salles, Ernani do Amaral Peixoto, Rúbens Ricúpero e tantos outros embaixadores que bem representaram e dignificaram a nossa cultura e a história de nossa independência naquele país.
Mérito. Até agora, a história nos mostra, todos os embaixadores brasileiros nos EUA foram  diplomatas que passaram pelo pente fino do Instituto Rio Branco, nomeados digna e exclusivamente por mérito.
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A embaixada brasileira em Washington está vaga desde abril/2019, por "decisão" do chanceler Ernesto Araújo. Quiçá, à espera de um Nabuco!... A demissão de Sérgio Amaral (último titular do cargo) foi sequente à visita do atual presidente brasileiro ao presidente dos Estados Unidos, em 17/03/2019.   No encontro entre os dois presidentes, na Sala Oval da Casa Branca, Eduardo Bolsonaro acompanhou o pai, como formal embaixador (o titular já se encontrava sob aviso-prévio).  E apresentado  como o provável ocupante do cargo (não teria outra razão para ali estar).  Ocorre que, pai e filho, desconheciam a primeira condição para o exercício desse cargo:  idade mínima de 35 anos. 
"Não tem importância" - diz o pai - "A embaixada ficará vaga até o meu filho, Eduardo, completar a idade mínima" - cinco meses depois:
11/julho/2019. 
Aniversário do futuro ministro. Festa na Câmara.
O "gift" do paizão: ...Um brinde ao príncipe herdeiro de estimação e um cargo...
Assim se comemorou, com bolinhos e bexigas infláveis e coloridas, a primeira condição para que o filho do presidente venha a ser o nosso próximo embaixador (apolítico ou apocalíptico?) no Paraíso do Mundo. 
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Nepotismo?!...  Não!... É o rei saudita em ação.
Por que falar em nepotismo se ainda existe um vice?  Para tal engendramento, não faltará Mourão.  Mourão fará a indicação.  Mourão fará a nomeação... Uma compensação por ter tido o filho promovido a assessor do presidente do BB, não?!
Voltemos à embaixada.
O tal aniversário, como vimos, satisfez à primeira condição para se ser embaixador. OK!...
Falta, agora, o segundo "OK", ou melhor:
a segunda condição...
Ora, se a palavra de ordem é "submissão",
pra missão de submissão, não precisa saber nada mais, não:
Trump tem as rédeas do Brasil na mão.
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 08/08/2019
Reeditado em 10/08/2019
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