Nordestino que votou em Bolsonaro faz o que agora?

Nos últimos dias as discussões nas mídias giraram em torno das declarações nada oportunas do presidente Jair Bolsonaro, direcionadas aos governadores da região Nordeste, em especial ao governador do Maranhão. Xenofobia ou clara ojeriza às ideologias por eles defendidas? Os governadores sempre fizeram questão de demostrar seu repúdio pelo presidente e suas metas de governo, mas jamais foram criticados pela grande mídia.

Óbvio que as palavras do maior representante público ressoaram negativamente e essa não fora a única vez que o fez. Bolsonaro precisa agir como o representante de Estado e Governo. Aprender a se portar como tal, deixar seu instinto paterno-protetor para o âmbito familiar e cuidar da nação brasileira como ela merece. Saliento, no entanto, que discordar de certas atitudes de Bolsonaro não implica em tornar-se opositor ao atual governo. Os brasileiros parecem que se adaptaram a era petista na qual ou se concorda com tudo e se fecha os olhos para os pontos negativos ou volve-se oponente cruel. Não! Essa mentalidade precisa mudar. Fui eleitora sim, por isso, estou apta a cobrar o cumprimento de suas promessas de campanha, a criticar o que contemplo como equívocos ou erros crassos.

Um texto, que circula pelas redes sociais, intitulado “O Sincericídio de Bolsonaro” assinado pelo paraibano Renato Cunha Lima, esboça um pouco do sentimento dos eleitores nordestinos do direitista. Bolsonaro parece não conter filtro sobre o que pensa e o que expressa em bom-tom, entretanto, grande parte dos brasileiros parecem ter crises de abstinência de falácias. Preferem uma mentira que os massageiem a uma verdade “nua e crua”. Ou alguém possui bons argumentos para defender estes governadores?

Os gritos de que o nordeste será prejudicado ecoam por todas as partes. A tensão chega até aos apoiadores do governo, mas basta uma rápida análise para perceber que essa xenofobia não caminha para além dos contos de fadas, nos quais as fadas são meras bruxas disfarçadas. Os que pousam de benfeitores são os responsáveis pela lama na qual estamos afundados. E as acusações possuem unicamente a intenção de desgastar a gestão, dificultando avanços e possibilitando a retomada de poder.

Atualmente a região Nordeste tem recebido grandes investimentos do Governo Federal, entre os quais se destacam: o Projeto Nordeste Conectado; a conclusão da primeira fase da segunda etapa da Adutora do Pajeú que atenderá milhares de pessoas em vinte municípios e quatro distritos de Pernambuco, além dos oito municípios da Paraíba; o montante de R$ 28,3 milhões do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais, que atenderá a 17 hospitais, frise-se que o Nordeste é a região mais beneficiada; O Programa de dessalinização de Águas no Semiárido destinou R$ 27,5 bilhões com o intuito de promover segurança hídrica para essa região, além de R$ 290 milhões aplicados em diversas obras hídricas tais como o Projeto de Integração do Rio São Francisco, cuja entrega está prevista para o final de 2019 e o Ramal do Agreste com previsão até fevereiro de 2021; O Fundo Constitucional do Nordeste que investiu, através de operações de crédito mediante o Banco do Nordeste para empreendedores e produtores, a cifra de 13,4 bilhões na economia do semiárido, gerando 590 mil empregos e estimativa de 14 bilhões de injeção na economia a curto prazo.

O Atual governo, diferente de muitos que o antecederam ou do que muitos aguardavam, não ficou indiferente às obras iniciados por governos anteriores, avançou na conclusão de muitas dessas e segue, em meio a um alto índice de desemprego e uma imensa dívida pública, buscando alavancar a economia e para isso, dentre tantas ações, conseguiu firmar acordo histórico entre o Mercosul e a União Europeia. Destaque que a gestão não tem promovido assassinato em massa nem perseguição às minorias, por contrário, tem reconhecido territórios quilombolas e até sancionado lei que inclui Dandara do Quilombo dos Palmares no livro dos Heróis da Nação, manteve a secretaria de combate à violência contra LGBT, não promoveu censura às mídias, nem estabeleceu uma Ditadura.

Ainda há muito a ser feito, o Congresso resiste à nova maneira de buscar alianças para as reformas necessárias ao nosso país, e por falar em reformas, o presidente mostrou-se conivente com as mudanças do texto-base da Reforma da Previdência no que tange os policiais federais. A reforma é dura, mas se assim é necessário, que seja a todos, retire os privilégios de todas as categorias sem exceções.

O Pacote Anticrime, a Reforma Tributária, o foco na Educação Básica, todas essas promessas de campanha foram esperadas por seus eleitores, mas algumas transformações parecem caminhar a passos muito curtos. Mas isso não implica ainda numa revolta ou arrependimento, toda mudança de sistema provoca resistência (que termo infeliz), e ela precisamos perpassar. O modelo antigo desagradou a maior parte da população brasileira que com um espírito anticorrupção o elegeu. Avance Bolsonaro, para que o Brasil avance muito mais. E o nordestino que o ajudou a ser eleito trabalha, critica, aplaude, cobra e permanece torcendo pelo Brasil.