A moeda de troca do bolsonarismo: submissão ou rabo preso?
O caso dos navios iranianos no porto de Paranaguá paralisados por falta de abastecimento de combustível é emblemático. Mostra o que está sendo feito em termos de relações internacionais do Brasil, com efeito sobre as empresas brasileiras, entre elas a outrora gigante Petrobras, e o comércio internacional do país.
Os navios não recebem o combustível pois a Petrobras seria a única fornecedora disponível, e ela se nega a fazê-lo. Razão: “temor” de possíveis retaliações econômicas dos USA, que desde 2018 boicotam o Irã com sanções de todo tipo, acusando o país asiático de quebra de acordo nuclear internacional. Uma acusação muito discutível vinda de um país que há quase um século submete o mundo à força de seu poderio militar.
Os navios trouxeram ureia, uma matéria prima de fertilizantes essenciais para um estado agrícola como o Paraná, e deverão transportar milho, um componente alimentar, de volta ao Irã. Este país é um importante parceiro comercial do Brasil, só no primeiro semestre o superávit comercial brasileiro ultrapassou um bilhão de dólares.
Quantos significados nos traz este episódio! A outrora gigante Petrobras, que tinha uma política independente e alcançava o mundo todo, agora é uma empresa refém dos interesses estrangeiros. A Petrobras foi esfacelada pelas denúncias de corrupção que lhe foram imputadas nos últimos anos, desde a descoberta das reservas do pré-sal. Corrupção que é regra nas grandes transações internacionais, principalmente naquelas envolvendo energia, mas que governos e empresas resolvem com acordos sigilosos que não quebram nem submetem países e companhias. Não foi o caso com a Petrobras e o Brasil: a corrupção quebrou-nos como país e às nossas grandes empresas, e submeteu-nos aos protagonistas da “total dominação” do planeta, os USA.
Acordemos: o Tio Sam não é a democracia protetora da liberdade e dos direitos humanos, mas é o país que desde as bombas de Hiroshima e Nagasaki vem repetindo os maiores atos de terrorismo e de barbárie no mundo com um único objetivo: o poder hegemônico mundial. Hegemonia quer dizer inexistência de outros polos de poder, como o Brasil ameaçava tornar-se, com seu território, seus recursos naturais, solos agricultáveis, água abundante, localização estratégica na América do Sul e no Atlântico Sul, o extenso mar territorial, o tamanho da população e a indústria e infraestrutura já instaladas.
Mas a submissão da Petrobras e do atual desgovernado governo brasileiro à aspiração hegemônica do Tio Sam nos faz perguntar: qual a razão de nos tornarmos reféns de interesses que parecem contrariar nossos interesses? Será que no Brasil não existem mais patriotas, na política, na justiça, no governo, nas forças armadas, nos empreendedores, que acreditem que o país tenha um futuro promissor independente de ter de submeter-se ao grande poder hegemônico do império estadunidense? Ou a razão seria outra?
Não parece improvável que existam outras razões. Se acreditamos que o Brasil seja um país com um futuro promissor viável, o que nos fazem supor os muitos privilegiados atributos com que nosso país é abençoado, porque estariam hoje nossas grandes empresas e nosso governo curvando-se aos mesquinhos interesses e ditames de Tio Sam? Será que nosso desgovernado governo atual teria rabo preso com o tirânico imperador do norte? Quais seriam as razões deste rabo preso? Talvez
a secreta ingerência do império estadunidense nas circunstâncias das eleições que levaram o atual desgoverno ao governo do Brasil? Talvez promessas inconfessáveis para um governo que se mostra igualmente propenso à violência e à dominação?
Está na hora dos brasileiros acordarem, antes que nosso país seja entregue à ganância e à sanha estrangeira de forma irreparável.
Publicado no blog http://perrengasprincesinas.blogspot.com/