A ação diplomática que a humanidade espera
A ação diplomática que a humanidade espera.
Publicado no Blog Diário do Poder de 01/07/2019, Brasilia/DF
Queiramos ou não o mundo “globalizou-se”.
Caminhamos a passos céleres para novas uniões regionais determinantes de regulamentações administrativas do comércio, do transito de pessoas pelas fronteiras, padrões monetários comuns, organização das forças armadas e policiais, proteção ambiental e uma infinidade de outras medidas que organizam a vida em sociedade. Esses acordos, (a Comunidade Europeia foi a primeira experiência), apontam, para num futuro próximo, tornarem-se os fundamentos legais de um único país – O Planeta Terra.
Devemos começar a debater como isso acontecerá. Será uma complicada e difícil transição para uma nova ordem internacional, num momento em que problemas globais sérios estão aí para serem resolvidos: meio ambiente, desemprego progressivo, escolaridade de baixa qualidade, automação e aumento do desnível de renda entre regiões e pessoas. Que instituições serão construídas para exercerem as necessárias funções do ordenamento democrático do viver coletivo? Como serão escolhidas as pessoas que as conduzirão e representarão as aspirações dos povos? Quais suas atribuições e poderes nas ações que deverão empreender?
Com todos esses problemas e dificuldades o fato é que a união dos vários países vai acontecer, gostemos ou não.
É preciso começar a pensar nas proposições legais a serem feitas nos fóruns internacionais, como é o caso das Nações Unidas, fatos que levarão anos para serem decididos, solidariamente, promovendo a prosperidade, a justiça social, a liberdade e a paz.
As Universidades, os Parlamentos, os sindicatos, as Igrejas, devem começar a discutir este complicado inevitável futuro.
O que não pode acontecer é que as atuais nações sejam atropeladas pelos acontecimentos, estabelecendo-se confrontos e dificuldades de encontrarem pontos de entendimento. Pensar, como será esta inevitável criação do País Planeta Terra, organizar as etapas de sua criação e preparar os povos para esta futura inescapável realidade histórica do viver coletivo é o papel que cabe a nós hoje. Levará tempo para que as pessoas se convençam da realidade e aceitem esta nova ordem política, que ao aproximar, politica e administrativamente, os povos deverá preservar a imensa riqueza das atuais manifestações culturais.
Experientes diplomatas devem liderar o processo do necessário debate – o exercício da diplomacia não pode se esgotar em atividades burocráticas e administrativas de apoio, por exemplo, ao turismo e às praticas do comércio internacional. O futuro da organização e da convivência internacional é o atual grande desafio da diplomacia. Também sábios advogados e cientistas sociais, e certamente as universidades deverão participar do processo complexo e interdisciplinar de organizar os debates e as conclusões que, paulatinamente, estarão sendo construídas. As Nações Unidas será o lugar natural onde, em sucessivas resoluções aproximativas, serão tomadas as decisões de construção e funcionamento da nova ordem internacional.
Não é um assunto para ser tratado com descaso, um debate menor, uma reflexão de ingênuo devaneio, uma ficção. Precisaremos de muito tempo e de muitos estudos e debates, de convencimento dos povos para que o irreversível e natural processo de aproximação seja pacifico, organizado, justo, democrático e solidário.
Eurico de Andrade Neves Borba, 78, escritor, ex professor da PUC Rio e ex Presidente do IBGE