AS MANIFESTAÇÕES DE ONTEM
As manifestações de ontem podem ser vistas por vários ângulos. O que ninguém pode discordar, porém é que foram manifestações legítimas. Afinal povo na rua é democracia! Assim como foi a penúltima, em 15 de Maio, mesmo que seu propósito de lutar contra o contingenciamento à educação tenha sido usado por propósitos abertamente políticos, que a distorceu e a esvaziou nos seus objetivos, quando os petistas deixaram suas verdadeiras intenções aparecer debaixo do sol, ao pedir a liberdade do ex-presidente Lula, num desrespeito inoportuno às instituições judiciais que o condenaram.
Há muitas interpretações para este movimento, que vai, desde uma jogada do Presidente para desmoralizar e colocar o congresso contra a parede ou que foi orquestrada para salvar o governo Bolsonaro sobre pressão do congresso e da esquerda ou que ainda foi resultado da emulação de grupos pró-Bolsonaro nas redes sociais com adesão de muita gente contrária às artimanhas do centrão, grupo sem face nem ideologia, no seu jogo de confronto em favor da manutenção das velhas políticas do toma-lá-dá-cá. Tudo cabe, nestes tempos digitais, que testam a democracia e os castelos dos poderes constituídos na república.
O movimento teve um “quê” de plebiscito, porém isso não tira a validade da manifestação. O povo tem duas formas de se manifestar na democracia: através de um plebiscito ou nas eleições! O que não sabiam os áulicos da política, é que há uma nova forma de plebiscito, além daquele convocado pelo congresso, onde o povo e instado a votar num determinado assunto, como foi no caso do desarmamento.
Agora temos o plebiscito espontâneo ou não, onde o povo julga a atuação parlamentar ou do executivo e vai às ruas pedir mudanças políticas, aprovação de medidas do interesse da nação ou de atitudes!
Isto é novo e deixa os analistas e as pessoas em geral confusas nas suas avaliações.
O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, classificou a manifestação, como sendo a favor do governo e que era inusitada. Tai um erro comum de pessoas pouco afeitas aos novos tempos da política digital. Em tudo que li, ouvi e vi do movimento, em nenhum momento foi pedido apoio ao governo, mas contrário às ações subterrâneas da câmara dos deputados que publicamente dizem apoiar a reforma da previdência e por debaixo do tapete, tentam conseguir benesses do governo como contra partida para aprova-la e chama a falta de aval do planalto a estas tentativas, de falta de articulação. Falta articulação é? OK, o povo entendeu outra coisa.
Sentem-se os políticos daquela casa, claramente incomodados quando o governo aponta para seu líder e interlucutor na Câmara um ex-major do Exército, Vitor Hugo do PSL de Goiás. Por que será que o Presidente colocou um sujeito cintura dura nesta posição? Burrice política ou para mostrar a que veio seu governo?
-Minha conclusão é que o governo tenta cumprir a pauta de campanha de moralizar o país e lutar para mudar as práticas políticas do seu governo, seja com relação ao congresso, seja com relação ao loteamento de cargos a partidos ou grupos econômicos e principalmente evitar dar ministérios de porteira fechada como fizeram os ex-presidentes de Sarney a Temer. Ou seja, um incesto degenerado dos recursos públicos em prol dos donatários do poder do executivo e legislativo com alguns agrados aos amigos próximos. Esta é a política da permissividade que nos levou ao caos moral e econômico atual.
Se vai conseguir são outros quinhentos, mas acho que ele vai, sim se socorrer do seu aliado mais fiel, a população que o elegeu, com esta nova forma de fazer política plebiscitária pelas redes sociais. Isto pode ganhar corpo e trazer o risco da radicalização! Sim pode mas é uma arma que será usada, enquanto possível.
Se observaram como eu, o judas de ontem, foi o congresso e seu líder maior, o Chileno Rodrigo Maia que tenta se equilibrar entre as tensões vindas dos grupos políticos da câmara que o elegeram e os interesses da nação. Agindo como um malabarista meio sem jeito, até agora suas estratégias foram contestadas e reveladas no movimento.
Os analistas, falam na mídia que isto vai azedar ainda mais o caldo das relações do congresso com o governo, pode ser, mas o rei estará nu.