A catástrofe humana e a omissão da mídia e dos intelectuais.
A catástrofe humana e a omissão da mídia e dos intelectuais.
Publicado no jornal Zero Hora de 21/05/2019
Os cientistas sociais não se pronunciam, a maioria dos políticos muito menos, as Igrejas Cristãs históricas estão silenciosas, a mídia desconhece a gravidade do assunto.
Não haverá empregos para todos, por maiores que sejam os investimentos. No Brasil, com o atual numero de desempregados, desalentados e subempregados, cerca de 27 milhões de pessoas, apenas escassos milhões poderão vir a ser empregados caso tudo o que seja necessário ser feito aconteça – um milagre de bom tamanho...
Por que escondem o óbvio de uma população crédula que espera, um dia, ter seu emprego? Um desrespeito.
É evidente que outra forma de sociedade precisa ser construída com fundamento na solidariedade, virtude que deve presidir as relações livres e justas entre as pessoas e os povos.
Com as progressivas novidades da tecnologia – inteligência artificial, machine learnig e robôs – com o individualismo egoísta e a ganancia pelo poder presidindo a vida das sociedades, não há como gerar os milhões de empregos necessários: - a miséria e os desníveis na distribuição da renda aumentarão, resultando em crescentes níveis de tensão social.
Não estou me referindo à utopia do “pleno emprego”, mas a possibilidade de se propiciar, pelo menos, uma “pobreza digna” para a atual maioria dos pobres e miseráveis.
Com esta nossa displicente maneira de pensar e conviver, somada às consequências da deterioração ambiental, estamos construindo as pré-condições de uma imensa e incontrolável catástrofe humana.
Os homens e mulheres que têm acesso aos meios de comunicação parecem não perceber a realidade e se dedicam a comentar as superficialidades do momento. Beira a irresponsabilidade histórica tal atitude de não informar sobre o fato social mais importante que se desenrola sob nossos olhos. A imprensa e a televisão ainda são mais eficientes, para informar e esclarecer, do que o Facebook. É necessário transmitir um alerta global para o assunto da mais alta relevância e urgência para o futuro do nosso país e da humanidade, alertando a população e convidando para a reflexão e ação.
Eurico de Andrade Neves Borba, 78, aposentado, ex professor da PUC Rio e ex Presidente do IBGE