MUNIÇÃO PARA OS DESARMAMENTISTAS

     Particularmente, em vários registros de escrita, sempre me posicionei contra o Estatuto do Desarmamento, no que fui continuamente secundado pela opinião popular. Acompanhei várias enquetes em portais como os do Senado e da Câmara e a grande maioria dos votantes, algo para mais de 90%, nunca deixou de rechaçar essa invenção petista. Aliás, esse ponto explica grande parte da adesão a Jair Bolsonaro, uma vez que o PT e seus puxadinhos ignoraram solenemente o referendo que disse não ao citado estatuto em 2005. Fizeram para dar sim e receberam uma espetacular rejeição.
     Nesse entremeio, de lá para cá, os cidadãos vivenciaram uma situação em que a Polícia Federal indeferia liminarmente os pedidos para uma simples posse de arma. Vejam bem, estou falando apenas de posse, que é o direito de ter a arma em casa ou no trabalho. Com isso, deixaram implícito em cada casa do país, principalmente em áreas rurais, que os moradores não tinham como esboçar qualquer defesa. Crimes bárbaros foram cometidos, como homicídios, estupros, sequestros, em função da impossibilidade de exercer a legítima defesa. Nunca a bandidagem teve tanta facilidade em conseguir se armar. Enquanto isso, PT e Psol apenas brandiam que era preciso melhorar a segurança pública. Propunham algo cinicamente no longo prazo enquanto os criminosos ceifavam vidas todos os dias. A autodefesa do trabalhador tornou-se apenas uma expressão vazia.
     Mas se os defensores de um estatuto fajuto e permissivo já vinham impondo sua visão paternalista com os criminosos, como se todos os bandidos fossem oriundos das desigualdades sociais, eles agora ganharam um reforço com o decreto enviesado de Jair Bolsonaro, que errou a mão tanto na forma como no conteúdo. Na forma, porque fez um decreto quando deveria ter feito um projeto de lei ou uma medida provisória. No conteúdo, porque deu ênfase indevida para o porte quando nem a posse está garantida e estendeu para categorias que agora aparecem como privilegiadas, além de trazer itens insólitos, como permitir que menores façam aulas de tiro.
     Na prática, o decreto de Jair Bolsonaro é um tiro que saiu pela culatra. Já há vários movimentos no Congresso e no Poder Judiciário para sustá-lo. Este é um caso em que a técnica desgasta o mérito, avilta a proposição, que não tem mais clima para ser levada a sério. Essa proposta teratológica, aliada ao desgaste que já corrói a gestão de Bolsonaro, que só tem a meta da reforma da Previdência como elo com os parlamentares liberais ou ávidos por bons negócios, certamente vai fazer com que o direito de defesa da população em seu lar, doce lar, seja remetido para as calendas gregas. 
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 13/05/2019
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