QUANTO PIOR, MELHOR

“Sitting on a sofa (sentado no sofá)
On a Sunday afternoon ( num domingo á tarde)
Going to the candidates' debate (vendo politicos debatendo)
Laugh about it, Shout about it (pode rir e gritar)
When you've got to choose (quando você tem que escolher)
Every way you look at it you lose.”(cada vez que você olha para eles você perde)
                                              Simon & Garfunkel- Ms Robinson
 
Antes de qualquer coisa quero dizer que sou funcionário público aposentado há quase vinte anos. Aposentei aos 55 anos de idade, depois de ter contribuído para a Previdência durante 39 anos, pois tinha carteira assinada desde os 16. Como a lei permite a acumulação do tempo de trabalho na iniciativa privada com o tempo que se trabalha no governo, pude aposentar pelas regras do serviço público, recebendo salário integral. Continuo recebendo hoje o que recebia quando estava na ativa. Só que não preciso fazer nada para isso.  Se alguém me disser que sou um privilegiado do sistema não vou contestar porque é a pura verdade.
Em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso propôs a PEC 94, que instituía uma contribuição de 11% sobre as aposentadorias dos servidores públicos federais, fui convocado pelas lideranças do meu sindicato para votar a realização de uma greve em repúdio a essa medida. Dos mais de duzentos membros presentes naquela assembléia fui um dos cinco que levantaram o braço contra a realização da greve. Quando me perguntaram o porquê da minha opção, respondi que achava profundamente injusto o sistema que privilegiava uns poucos, como nós, em detrimento de tantos. Porque no fundo, quem pagava por isso eram todos. Fui praticamente expulso da assembleia e só não levei umas porradas porque consegui sair do salão antes que alguém me pegasse.
Lembrei-me desse episódio ao ver, ontem, a seção da Câmara dos Deputados, na qual o Ministro Paulo Guedes e sua equipe defendiam a reforma da Previdência. As perguntas e os discursos dos deputados, tanto a favor como contra, mostrou o nível dos parlamentares que nós elegemos. Baixíssimo. Salvo raras exceções, a grande maioria está pouco preocupada com o que pode acontecer ao país. Estão ali apenas para defender interesses corporativos e pessoais. Especialmente os deputados da chamada esquerda, que, ao que parece, não aprenderam nada durante os dezesseis anos que seus partidos governaram o país. O discurso dessa gente é simplesmente asqueroso. É o discurso do quanto pior melhor.  Pouco importa que o país inteiro vá para o brejo, desde que possam botar a culpa nos adversários. Votei no Bolsonaro porque me cansei de ver o PT e seus aliados saqueando o país. Confesso que até o momento, o atual governo tem sido uma decepção, mas sou obrigado a reconhecer que o ministro Paulo Guedes e sua equipe estão fazendo um grande esforço para consertar o que os petistas estragaram. Não sei se as teses ele defende estão corretas ou não. Isso só poderá ser avaliado daqui a algum tempo. Certo é o que dá resultado. O resto é conversa de botequim. No fundo, ideologias são como religião e futebol. Cada um tem a sua e nenhuma é melhor do que a outra. Agora, que dá raiva ouvir o discurso desse pessoal da esquerda, isso dá. Lembra aquela canção da dupla Simon e Garfunkel. Cada vez que a gente olha para eles sente que está perdendo alguma coisa.