Filosofia é provocação

Olavo erroneamente culpa os militares por não deterem culturalmente a ascensão da esquerda e do pensamento de esquerda (que ele chama de "comunistas") dentro dos espaços públicos e principalmente nas universidades. Erroneamente porque este foi um fenômeno mundial. Enquanto a direita planetária imaginou que com o fim do muro de Berlim, teríamos também o fim do pensamento marxista, este na verdade se alastrou nos mais diversos seguimentos da sociedade, seguindo ou não outras formas de pensar, mas sempre dentro e coeso ao mesmo núcleo marxista (luta de classes).

Na França com Sartre e sua amada Simone, sem contar Foucault. Na Inglaterra com a ascensão da Escola de Vienna que acabou (para o bem ou para mal) se transformando na Filosofia Analítica depois de passar pelo positivismo lógico. Na Itália com Gramsci. Todos esses pensadores e pensadoras influenciarem todas as áreas da "liturgia" humana de sobremaneira, e todos com viés à esquerda, que começaram a tomar e moldar o pensamento humano de cima (universidades) para baixo (cultura e filosofia popular, o que chamamos de modo de vida), não só no Brasil, mas no mundo inteiro, ironicamente ganhando mais força pós-queda do Muro.

E os USA? Posso citar o pai intelectual de Obama, Saul Alinsky. Os militares não têm "culpa". A direita mundial literalmente dormiu esses anos inteiros em berço esplêndido. Não porque ela não tenha pensadores, porque nós temos aí Ayan Rand e seu liberalismo bem forte e decidido; Mises, Ortega Y Gasset; mas todos simplesmente não lidos, não estudados, não conhecidos. Tudo porque se pensou, que com o fim do Muro o pensar à esquerda, havia morrido.

Então Olavo, não é culpa dos Militares que hoje o pensamento humano e a filosofia hegemônica mundial é à esquerda. A culpa é da direita mundial como um todo, que dormiu no ponto. Eu mesmo "dormi" com Comte, mesmo com muitos de vocês achando ele à esquerda, à revelia dos Negativistas e Jovens Hegelianos que passaram a vida por combatê-lo. Enfim. O interessante disso tudo é que mesmo no erro houve a provocação. E filosofia é provocação.