Em defesa do Censo de 2020.
O Ministro Paulo Guedes e sua equipe são bons usuários de dados estatísticos - mas não sabem nem entendem como é realizada uma operação censitária, necessariamente dispendiosa. As necessidades de informações diversificadas, num país de contrastes sociais profundos, são evidentes para qualquer cientista social qualificado. Os censos oferecem esta oportunidade única de organizar informações a nível municipal, decenalmente. Não há alternativa - faz ou não faz.
Caso o censo seja reduzido a cidadania ficará prejudicada na sua necessidade de conhecer o Brasil, para bem poder optar politicamente e os técnicos decidirem, com maior probabilidade de acerto, quais medidas devem ser prioritariamente tomadas para resolver os problemas que nos afligem, tais como: transporte, moradia, emprego, educação, saúde, distribuição de renda, composição etária da população,distribuição espacial da população.
O ministro a todo momento diz, como se fosse o mais sábio e experiente pesquisador social: "os países desenvolvidos fazem um censo com 10 ou 15 perguntas, o Brasil tem um questionário com mais de 100 perguntas". Aprenda, Sr. Ministro que os países que o senhor cita são os mais estáveis socialmente e demograficamente. São os desenvolvidos econômica e tecnologicamente, o que ainda não é a situação do Brasil, infelizmente. Garanta os recursos, pare de tumultuar o debate com suas intervenções incompetentes e o IBGE saberá realizar, como nos últimos 40 anos, um confiável censo.
Eurico Borba, ex Diretor Geral (1970/79) e ex Presidente do IBGE (1992/93).