CÍRCULO DO MAL DE HITLER (15) – A FORÇA DE UM ATOR
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XV
A cena se desloca para Landsberg, Baviera, 26-02-1924
Mas nas dez semanas antes do julgamento, algo notável acontece. Hitler passa por uma transformação.
Quando Hitler se recuperou de seu desânimo, seu senso político entrou em campo, e ele viu, que apesar de ser julgado, isso forneceria uma plataforma para espalhar ideias. Em vez de pedir clemência, Hitler ataca. Ele percebe que ali é o centro do palco. E onde mais Hitler adora estar do que no centro do palco? Então ele vira tudo a seu favor. Ele demonstra uma incrível capacidade de transformar desastre em triunfo. Ele transforma a humilhação nazista em triunfo ao apresentar-se como um mártir e uma salvação. E ele fez discursos em vez de responder às perguntas. Ele fazia discursos políticos... que geravam aplausos de quem estava no tribunal.
“O golpe foi pela Alemanha. Pelo meu povo alemão. Estou sendo julgado, mas o destino não me julgará mal.”
Hitler sempre foi tido como um agitador do sul da Alemanha, mas o tribunal o transformou em uma figura nacional. A audaciosa exibição de Hitler não é aplaudida apenas no tribunal. Vira manchete de primeira página no mundo todo.
Por atos de terrorismo como aquele, Hitler poderia ter pegado uma pena de muitos anos. A sentença dele foi de cinco anos. Ficou claro que as autoridades e figuras judiciais bávaras simpatizavam com a posição de Hitler.
Embora culpado, Hitler recebe uma sentença leve. E, principalmente, sua atuação no tribunal animou a direita. Até conquistou o extremamente cético aspirante a jornalista Joseph Goebbels.
O primeiro envolvimento de Goebbels com Hitler foi por meio das transcrições dos autos do julgamento realizado no começo de 1924, que foram amplamente impressos em jornais alemães.
Um escritor brilhante, Goebbels é um sujeito complexo, um jovem que tem muito a provar.
Alguém disse com crueldade que Joseph Goebbels era um aleijado físico e emocional. E embora seja crueldade, há verdade nisso, porque ele tinha um profundo complexo de inferioridade. E assim como Hitler, ele guarda rancor dos judeus. Acha que sua carreira de escritor foi reprimida por editores judeus.
Embora ainda demore meses para os dois se conhecerem, Goebbels e Hitler estão em rota de colisão que moldará o destino do país deles. Goebbels estava completamente inspirado. As anotações em seu diário em março de 1924 mostram uma fascinação crescente por esse personagem desconhecido, por suas ideias, e, nas semanas seguintes, ele desenvolve um idealismo sonhador quanto a esse homem e suas crenças.
Tudo muito parecido com a trajetória de Lula. Preso no regime militar, começa a criar o mito, baseado em uma realidade, mas com distorções internas que o povão não percebe. Começa a criar a imagem nacional, de uma pessoa que pode corrigir as injustiças sociais existentes no país. Poucas pessoas sabem do mal inerente a essa pessoa, chegam até a publicar livros nesse sentido, mas não alcança o imaginário social. Termina sendo eleito presidente do Brasil, onde tem condições de colocar em prática todas ideias perversas contra o país, deixando-o empobrecido com tanta corrupção, sem trabalho e cheio de divisões entre os mais diversos grupos, carregados de violência. Hoje, preso devidamente pela atuação da justiça que ele não conseguiu cooptar, permanece com milhares de pessoas carregando bandeiras e defendendo bordões, sem saberem o significado disso.