Aqueles Anos Incríveis

Aqueles foram anos incríveis, e eu já estava lá, tendo a graça de vivê-los.

Ainda recém saído do casulo, confuso admirava o mundo, que me aguardava lá fora.

O Sputnik, a Corrida Espacial e um homem pisoteando a lua.

"Um garoto que como eu, amava os Beatles, e os Rolling Stones..."

Woodstock, San Remo, Festival da MPB, Jovem Guarda, os Hippies e a Guerra do Vietnã.

Num daqueles dias, daqueles anos, que pareciam eternos, alvoroçaram-se os donos da Pátria.

Nada mudou lá no pomar. Mais importante ainda eram as Bergamotas amadurecidas no inverno.

De repente eu comecei a ouvir palavras novas, que ainda desconhecia o sentido:

Comunista, Subversivo. Revolução, Sequestro, Repreensão...

Dentre aquelas palavras, uma parecia chegar gritando:

- Terrorismo!

Vociferava tão forte, que já não se ouvia mais:

Paz e Amor!

Naqueles dias era fantasioso e romântico, ser diferente e rebelde, mesmo que fosse apenas, para contrariar o vento.

Aqueles idealistas, sonhadores, foram atraídos pelos seus ideais, e traídos pelo mesmo motivo.

Fascinados, e fanatizados pelas falsas bandeiras, daqueles que só tem a ambição por ideal.

Quando descobriam que os seus líderes, nada tinham de Marx, nem de Jesus, nem de Comunistas, já era tarde, e não havia caminho de retorno.

Eis a grande diferença entre um soldado, e um terrorista:

Ao contrário do soldado, o terrorista assassina desumanamente os seus companheiros.

Ao contrário do soldado, o terrorista se orgulha da crueldade, e zomba das suas vítimas.

Eu li por ai a frase:

- Alguém pode ser Esquerdista ou Direitista, só não pode ser desumano.

Pois é!

Deveriam ter dito isto aos terroristas, muitos anos antes.

Àqueles que chegaram onde pretendiam, e agora dançam sobre o sangue daqueles que sacrificaram.

Encastelados longe das misérias, debocham de Marx, de Jesus, e do Comunismo.

Vinte anos depois, sem precisar dos terroristas, o povo mudou o governo.

Sem assassinar, sem assaltar bancos, e sem estraçalhar inocentes com bombas.

Nada foi mudado pelos terroristas.

Nada eles fizeram pelo mundo, e menos ainda pela paz.

Por isso, nada eles deveriam receber, pelo que não fizeram, e menos ainda pelo que fizeram.

Se querem denominar "Ditadura", um Governo onde havia partidos políticos...

Um Governo que foi entregue por livre vontade...

Então que tenham decência, para denominar pelo nome correto, os infames da época.

Aqueles que ao contrário, eram odiosos, e sedentos de poder eterno.

Os mesmos que ai estão, num país melhor, que criaram apenas para eles.

Por isso desesperadamente tentam, incutir nas mentes parvas, uma história mentirosa.

Semeando injúrias e invenções bizarras, mantêm-se em soberbos banquetes, discursando sobre a fome do povo.

Acioly Netto - www.guiadiscover.com