BOLSONARO E O EFEITO ORLOFF
 
O governo Bolsonaro lembra aquela propaganda de wodka: “eu sou você amanhã. Cada dia que passa ele se parece mais com Collor de Mello. Collor também chegou ao governo cercado de boas expectativas. Derrotou Lula numa briga de foice, que mais pareceu refrega de caatinga do que campanha presidencial. Para derrotar o “sapo barbudo”, (apelido que Brizola deu a Lula) descolou até uma ex-esposa para falar que Lula a havia abandonado com um filho no colo. Deu certo, a estratégia funcionou, o “saco roxo” das Alagoas ganhou. Já Bolsonaro twitou adoidado suas fake news. Collor, da mesma forma que Bolsonaro, julgava suficiente ganhar as eleições e contar com apoio popular. Bolou um ambicioso e rocambolesco programa de mudanças no sistema econômico, trocou a moeda e promoveu uma nova abertura dos portos. Julgava-se uma espécie de super-homem, que tudo pode. Como Bolsonaro, hoje, achava que não precisaria dos políticos, pois com seu carisma de super herói, o Congresso faria tudo que ele quisesse. Crente na sua onipotência colocou nos ministérios uma equipe de “técnicos”, desprezando a experiência da “velha política”, como ele chamava os parlamentares mais rodados. Na economia, para conduzir seu ousado e controverso plano, botou uma noviça recém formada em História, a tal Zélia Cardoso de Mello, que mais que gerir a nossa complicada economia, queria mesmo é namorar. Tanto que logo enrabichou-se com o insosso e canhestro ministro da Justiça, Bernardo Cabral, e foram para Paris curtir o seu affair, enquanto o país pegava fogo. Acabou na sarjeta. Por sorte achou a cama do Chico Anísio para se aquecer. 
Tudo se repete no país da serpentina e do confete. Bolsonaro parece seguir a mesma trilha de Collor. Até seus slogans soam como algo já ouvido antes. “Caçador de Marajás”, “Projeto Brasil Novo”, “Defensor dos descamisados”, eram os motes colloridos. Agora temos “Pátria Amada Brasil”, “Brasil acima de todos, Deus acima de tudo”, “ Política nova”,etc. E projetos ousados e inovadores para serem votados por um Congresso, que se ainda não é hostil, pelo menos já se mostra um tanto ressabiado por conta das ambiguidades do governo do Capitão.
Collor de Mello, o Indiana Jones, tinha um bom plano de governo. Mas escolheu uma equipe imatura e incompetente para executá-lo. Deu com os burros na água em menos de dois anos. Bolsonaro, o Capitão América, também sonha consertar as mazelas do país. Mas, salvo algumas exceções, parece que também não foi feliz na escolhas dos seus ministros. Não temos dois meses de governo e alguns deles já meteram o pé na jaca. Isso sem falar nos seus filhos, que mais parecem os Sobrinhos do Capitão. Só fazem travessuras. Para governar um país como o nosso não basta ter boas intenções. É preciso formar uma boa equipe. A arrogância e falta de experiência política, destruíram o governo Collor. Bolsonaro ainda tem tempo. Que seu ego messiânico não o leve pelo mesmo caminho.[1]
 
[1] Imagem: diáriocentrodo mundo